A edição especial VEJA COMER & BEBER São Paulo reúne 400 restaurantes. Abaixo, a seleção de franceses.
Allez, Allez!: o bistrozinho recebe no jantar casais dispostos a saborear clássicos franceses. No almoço, o público é mais descolado, repleto de gente das agências de publicidade do entorno. Agora também sócio, o chef João Eudes supervisiona a execução de pratos como a coxa de pato confitada ao molho de laranja (R$ 78,00). A receita vem com legumes al dente e um bom risoto de grãos. Sempre em mutação, a degustação de sobremesas (R$ 44,00) pode trazer mil‑folhas, creme brûlé e profiteroles. Dá direito a duas xícaras de café ou chá.
Ami Crêperie: depois de abrirem uma concorrida unidade do bistrô Sarrasin no Shopping Vila Olímpia, o chef João Souza e seus sócios decidiram voltar às origens na unidade dos Jardins, novamente transformada em casa de panquecas típicas da região da Bretanha, as galettes. Rebatizada de Ami Crêperie, faz ótimas sugestões na massa de trigo-sarraceno como a ratatouille (R$ 40,50) e matisse (presunto cru, queijo brie e geleia de figo; R$ 45,90). Não por acaso na sobremesa, tem muitos fãs a versão de Nutella (R$ 18,00).
Au Vin: coisa rara era encontrar Patrick Bragato na cozinha envidraçada do bistrozinho acoplado a uma pequena loja de vinho. Em maio, ele deixou o posto, assumido com brilho pelo subchef Cristiano Vieira. O novo titular oferece três menus mutantes com três, cinco e sete pratos (R$ 89,90, R$ 129,90 e R$ 149,90, respectivamente). A maioria das entradas é vegetariana e pode incluir duas variações de um mesmo tema, o tomate confitado com tapenade e a sopa de tomate com pó de azeitona preta. De tempos em tempos, aparece a beterraba crua na forma de tartare crua e cozida com mostarda picante e o atum selado no caldo de vegetais com couve-flor grelhada.
Bistro l’Entrecôte d’Olivier: o chef Olivier Anquier, que abriu em agosto o restaurante Esther Rooftop, na Praça da República, segue com o duo de bons bistrôs dedicados a um prato só, o entrecôte. Invariavelmente, o garçom perguntará o ponto da carne e o anotará no papel que cobre a mesa. Antes, chega uma salada verde e, na sequência, vem o bife banhado em um molho untuoso, cuja fórmula é mantida em segredo. As fritas de acompanhamento, finas e sequinhas, são servidas à vontade. A pedida custa R$ 79,90. Em vez de arrematar com uma sobremesa francesa, peça o dueto de tiramisu, em versão clássica e com frutas vermelhas (R$ 23,90).
Bistrot Bagatelle: à primeira vista, parece uma balada — e, de fato, é. Os brunchs nos domingos com DJs são concorridos (é preciso reservar mesa), e a maior parte do público vai a fim de dançar e beber. Como manda a tradição da matriz, em Nova York, porém, a cozinha do chef Gustavo Young agrada da entrada de coxinhas de galeto e shiitake (R$ 34,00) aos pratos principais clássicos, como o filé alto ao molho bernaise servido no ponto certo com espinafre e batata frita sequinha de acompanhamento (R$ 62,00). Para turbinar as energias para a festança pós-jantar, vá de tarte tatin (R$ 18,00).
Bistrot de Paris: parece detalhe, mas uma gentileza da brigada é capaz de deixar a experiência de sair para comer fora mais agradável. Em dias de chuva, como é simpático alguém com guarda-chuva acompanhá-lo pela galeria ao ar livre que separa a rua do salão, não? Na cozinha do chef francês Alain Poletto, quase tudo se sai bem. A exceção: o clássico moules et frites (R$ 59,00), porção de mexilhões insossos com fritas. Na regra de qualidade exemplar estão as costelinhas de porco confitadas (R$ 54,00), acompanhadas de purê de maçã e chips de batata-doce, e a musse de chocolate com bastante sabor de cacau, servida direto da travessa em porção generosa, por R$ 16,00.
Chef Rouge: com a saída do chef francês Christophe Deparday, a casa deixou o patamar máximo das cinco estrelas — mas continua ótima. Recém-chegado à cozinha, o substituto Antoine Caestecker, de 28 anos, ainda não teve tempo de deixar o cardápio todo com a sua cara. Continua em cartaz um menu degustação em quatro etapas por R$ 190,00. Das criações antigas, ainda saem a ótima e untuosa terrine de foie gras, servida com geleia de abacaxi (R$ 97,00), e as costeletas de cordeiro com batata gratinada e cenourinhas (R$ 128,00).
Eau French Grill: é fácil esquecer que se trata de um restaurante de hotel — a entrada principal é independente do lobby do Hyatt. Mas a pergunta “Está hospedado conosco?” logo situa o visitante. A gentil brigada acerta ao sugerir entre as pedidas rotativas do almoço executivo o salmão com salada e batata frita em palitos grossos. Parece (e é) simples, mas fica uma delícia por causa de um molho béarnaise consistente e ácido na medida. Para terminar, torça para encontrar éclair de creme de goiabada em crosta de açúcar mascavo com sorvete de cream cheese (R$ 95,00). No cardápio regular, há carré de porco com abóbora, rabanete e maçã (R$ 68,00) e bife de chorizo em porção de 250 gramas (R$ 94,00).
Freddy: sabe aquele restaurante tradicional, mas não mais tão na moda, que as pessoas procuram para um almoço de negócios discreto ou um jantar sem surpresas no menu? Eis este francês, inaugurado lááá em 1935. Na hora do almoço executivo (R$ 79,00), dispense o couvert com torradas nem tão crocantes. Do menu rotativo, torça para encontrar a entrada de ovos de codorna abertos sobre um potente molho de manteiga, alho e salsinha e levados ao forno. Sugestões queridinhas do público fiel, como o pato, podem acabar antes do fim do expediente. Nesse caso, vá de galinha- d’angola com arroz de açafrão bem cremoso. No cardápio regular, aparecem suflê de queijo (R$ 65,00) e steak ao poivre com batata gratinada (R$ 91,00).
Ici Bistrô: um dos restaurantes franceses mais charmosos da cidade, o Ici Bistrô passou por revisão total em sua cozinha. Se antes os pratos do chef Benny Novak estavam sendo expedidos de forma meio descuidada, hoje deixam saudade de tão bons. Por isso, o bistrô recupera sua terceira estrela. As coxas de rã à provençal (R$ 47,00) são um primeiro agrado ao apetite. Em estilo asiático, o atum selado com gergelins branco e preto tem a companhia de purê de wassabi (R$ 73,00). Na linha clássica, o delicioso confit de pato é servido com cubos de batata e verdura crespa (R$ 74,00). A torta de chocolate meio amargo vem com creme inglês (R$ 24,00).
Ici Brasserie: pertence à Cia. Tradicional de Comércio, dona também da rede de pizzarias Bráz e de bares como Original, Astor e Pirajá. O bistrô de atmosfera informal, com receitas de Benny Novak, vem ampliando o número de unidades — já são quatro na capital. Em qualquer uma delas, dá para provar a porção de gougère (R$ 32,00), o pão de queijo francês com massa de carolina. Durante a semana no almoço, pratos como o carré suíno com purê de mandioquinha e cebola dourada (R$ 61,00) e o boeuf bourguignon (R$ 65,00) entram em promoção. Sem nenhum acréscimo, dão direito a entrada ou sobremesa, como a musse de chocolate, que, normalmente, custa R$ 24,00.
La Casserole: com tantos endereços franceses que ficaram pelo caminho, como o La Paillote, tristemente fechado em maio aos 63 anos, o Casserole segue inabalável. Contam para essa enorme vitalidade o comando seguro da restauratrice Marie-France Henry e a qualidade da cozinha. A clássicos como o filé au poivre (R$ 69,00) vieram se somar bem-vindas novidades como a deliciosa porção de moules frite (R$ 57,00), mexilhões cozidos num caldo aromático de ervas, vinho e creme de leite para ser saboreados com fritas gordinhas e douradas. Os profiteroles (R$ 28,00) encerram.
L’Amitié: antigo parceiro do empresário Isaac Azar, do Paris 6, o chef Yann Corderon inaugurou seu bistrô com altas ambições — mas estacionou no patamar regular. O excesso de molho compromete duas pedidas: tanto no carpaccio de lagarto com salada de rúcula, tomate e fatias molengas de parmesão (R$ 39,00) quanto no coelho (R$ 64,00), acompanhado de tagliatelle na manteiga, a mostarda esconde completamente o sabor da carne. No almoço executivo, é possível escolher o menu completo (R$ 53,90) ou combinar uma entrada mais um prato ou a sugestão principal com a sobremesa (R$ 42,90). Para ficar na opção mais saborosa, torça para encontrar a generosa posta de salmão tostadinha nas beiradas acompanhada de espaguete ao pesto seguida de uma bola de sorvete.
Lapin Café et Bistrot: localizado em uma esquina, é o cantinho encantador da França em Perdizes. Quem cuida da cozinha é a chef e dona Rubia Coutinho. Uma das sugestões mais atraentes do menu é a terrine de foie gras com compota de maçã e damasco e torrada de campagne (R$ 40,00). O purê de batata sedoso acompanha o clássico steak au poivre (R$ 49,50).
La Tartine: não há frescura neste bistrô. Sempre cabe mais um no sofá de espera, os garçons costumam oferecer na mão as opções de vinho do dia (o italiano Marchese Montefusco Rosato 2014 sai por R$ 17,00 a taça ou R$ 69,00 a garrafa) e o cardápio quase não muda. As torradas de queijo de cabra são bem murchinhas, mas o público pede porção atrás de porção — cada uma custa só R$ 12,00. A salada verde com nozes continua o acompanhamento oficial das quiches baixas e apetitosas, a exemplo da de alho-poró (R$ 36,00) e lorraine (R$ 36,00), com bacon cortado em pedaços desiguais. Um mil-folhas mais crocante do que saboroso, oferecido por R$ 16,00, encerra a refeição.
Le Bilboquet: com algumas trocas de chef no ano passado, teve sua cozinha abalada por essa movimentação nos bastidores. Em consequência, perdeu uma de suas três estrelas. Para recuperar a qualidade, trouxe de volta o francês Julien Mercier, que foi responsável pela inauguração da franquia de origem nova-iorquina. Com o retorno do chef, o padrão de qualidade voltou a subir. Com o toque do estragão, o lagostim grelhado ao molho bisque recebe a companhia de palmito pupunha e acelga chinesa (R$ 94,00). Os legumes grelhados acompanham o carré de cordeiro envolto em tapenade e ervas (R$ 95,00). Conhecido na França como crème caramel (R$ 22,00), o pudim de leite tem uma textura impecável.
L’Entrecôte de Paris: é o lugar certo para quem tem preguiça de escolher o prato. Há uma única sugestão no cardápio, o entrecôte com fritas (R$ 57,80 no almoço de segunda a sexta; e R$ 73,80 nos demais horários). Banhado em um molho secreto de tom meio amarelado, dá para notar a predominância da mostarda. Antes, o cliente é recebido com uma salada de folhas e nozes. Não se intimide em pular o couvert já que nem sempre o pão vem fresquinho como deveria. De sobremesa, a surprise (R$ 27,90) tem a forma de uma esfera de chocolate com sorvete no interior.
Le Jazz Brasserie: a fórmula do bistrô a preços razoáveis deu tão certo que, além das unidades nos Jardins (☎ 3062-9797) e no Shopping Iguatemi (☎ 3097-8331), a matriz, em Pinheiros, ganhou um movimentado bar no imóvel vizinho. Em qualquer um dos endereços, com cozinha do sócio Chico Ferreira, provam-se boas entradas como a terrine de porco (R$ 27,50). Sugestão mais recente, o leitão de pele crocante com purê de batata ao molho de suco de beterraba (R$ 46,00) veio se somar ao filé ao poivre (R$ 62,50). Uma das sobremesas criadas especialmente para o Le Jazz pela premiada confeitaria de Marilia Zylbersztajn é a musse de iogurte com limão-siciliano (R$ 23,00).
Le Vin Bistro: com toalhas de xadrez azul e branco nas mesas, as casas também têm o menu padronizado. Uma sopa para os dias frios, o clássico mix de batata e alho-poró surge cremoso e fumegante (R$ 35,20). O cassoulet nem sempre exala a riqueza de sabor dos cozidos, composto de feijão-branco durinho, lascas de pato e carne de porco (R$ 63,80). É melhor uma inclusão italiana, o risoto de camarão e rúcula (R$ 79,00). Termine com o pain perdu, a rabanada francesa com creme inglês e sorvete (R$ 19,80).
Marcel: de uma maneira mais moderna, o chef Raphael Durand Despirite segue a tradição de cozinha iniciada por seu avô, o chef e confeiteiro Jean Durand (1912-1994), que comprou o Marcel em 1969. Além de fazer suflê de queijo gruyère (R$ 51,00) e da porção de escargot (R$ 49,00), que se eternizaram no cardápio, o titular lançou o ravióli fresco de alho-poró ao molho de cogumelo seco (R$ 58,00) e o cordeiro desfiado e crocante por fora sobre feijão-branco com linguiça (R$ 65,00). Clássicos e ótimos profiteroles (R$ 23,00) arrematam. No jantar, há um menu completo a preço fixo por R$ 85,00.
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Oui: de olho na bistronomia, movimento francês de valorização dos pequenos restaurantes de cozinha caprichada, o chef Caio Guerreiro Ottoboni propõe dois menus, com entrada, prato e sobremesa, cujos itens também podem ser pedidos separadamente. O mais simples, saboreado de terça a sábado no almoço, custa R$ 49,00 e inclui pernil suíno com purê de batata. O outro, um pouco mais sofisticado, o menu inspiração do mercado (R$ 84,00), servido só no jantar e no domingo, traz paleta de cordeiro com guarnições como o ragu de feijões e cogumelo.
Parigi Bistrot: quando abriu o salão envidraçado de pé direito alto na cobertura do Shopping Cidade Jardim, o grupo Fasano tinha muito a provar. Era preciso não só superar os outros restaurantes da categoria, é claro, mas também se diferenciar da casa-mãe, o Parigi antigão. Passado pouco mais de um ano, sob o comando diário de Wagner Resende, a cozinha alcançou seu ápice. Mesmo com ingredientes mais pesados, como creme de leite e manteiga, o chef consegue resultados leves como o da blanquette de veau, feita de vitela com aspargo bem verdinho, cenoura e cogumelo-de-paris (R$ 89,00). Na hora de comer o peito de pato ao molho de laranja (R$ 89,00), nem pense em deixar a gordura de fora da garfada. Ela vem dourada, e os franceses juram que não faz mal — pelo menos ao paladar.
Pimentel: o empresário Antônio Vasconcelos Pimentel reabriu o bistrô que funcionou entre 1981 e 2010 no Itaim Bibi. A casa continua a oferecer clássicos franceses como o filé ao poivre (R$ 57,00), com um toque de creme de leite no molho de pimenta-do-reino. Receita abrasileirada, o filé de saint-peter é banhado em molho de jabuticaba e servido com um compacto purê de banana-da-terra (R$ 42,50).
Rendez-Vous: a proposta dessa casa do empresário parisiense Petrit Spahija é oferecer culinária francesa sem frescura. Das 8h da manhã até o meio-dia, serve combos de café da manhã (R$ 19,00 a R$ 40,00). Depois desse horário, funciona como bar de vinhos e sugere seis clássicos de bistrô, além de um hambúrguer. Uma das boas receitas é o tartare de boi (R$ 35,00) sem ovo cru. De pele dourada, o franguinho assado com limão-siciliano sai a R$32,00. Em vez de fritas no acompanhamento, há batata assada e salada. De sobremesa, vá de creme brûlé (R$ 13,00). A água filtrada é cortesia.
Sarrasin Bistrô: desde o fim de 2015 funciona no térreo do Shopping Vila Olímpia com receitas do chef João Souza executadas por uma equipe orientada por ele. As galletes de trigo- sarraceno, como a cézanne (camarão ao molho de vinho branco; R$ 69,00), dividem o cardápio com clássicos de bistrô. Típico da região da Normandia, o peito de frango ao molho de calvados com maçã salteada e a mescla de arroz e trigo-sarraceno (R$ 51,00) é uma delícia. O crepe de doce de leite chega com o ótimo sorvete de coco de produção própria (R$ 22,00).
Tartar&Co: nasceu como uma casa especializada em steak tartare. Com o passar do tempo, o consultor Erick Jacquin, famoso como jurado do reality culinário MasterChef Brasil, ampliou a oferta de clássicos. Uma pedida quentinha é o entrecôte ao molho béarnaise (R$ 69,00). Para quem não resiste ao picadinho frio, a receita preparada com filé cortado na faca e servida com fritas custa R$ 59,00. Também cai bem a versão de atum com salada (R$ 62,00). O petit gâteau (R$ 21,00) faz as honras na sobremesa.