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Notas Etílicas - Por Saulo Yassuda

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O jornalista Saulo Yassuda cobre cultura e gastronomia. Faz críticas de bares na Vejinha há dez anos. Dá pitacos sobre vinhos, destilados e outros assuntos

Café por Elas abastece cafeterias e restaurantes com produção feminina

Mais de sessenta estabelecimentos e empresas da cidade servem xícaras da marca das irmãs Nadia e Julia Nasr

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Atualizado em 17 jan 2025, 12h59 - Publicado em 17 jan 2025, 08h00
Nadia e Julia Nasr são sócias na Café por Elas
Nadia e Julia Nasr: criadoras de empresa (João Fenerich/Divulgação)
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A Rua Barão de Tatuí, em Santa Cecília, tem chamado a atenção dos “loucos” por café. Por lá, encontram-se a loja especializada Coffee Store e cafeterias como Zud, Mug.sp, Kooi Mooa, FFV — Festival de Filmes Vencidos… E tem a sede do Café por Elas.

Ali, não se trata exatamente de um lugar para tomar uma xícara, mas é o ponto da torrefação, escritório e espaço de treinamento da marca, responsável por espalhar grãos produzidos apenas por mulheres por mais de sessenta endereços paulistanos.

Café por Elas é servido nas cinco unidades do Botanikafé
Botanikafé: café fornecido pela Café por Elas (João Fenerich/Divulgação)

Ainda que haja figuras femininas em posição de destaque no mercado do café, como as baristas Silvia Magalhães, experiente em selecionar e torrar boa matéria-prima, e Isabela Raposeiras, à frente do premiadíssimo Coffee Lab, muitas ainda penam para conseguir um lugar de destaque. Daí veio a necessidade de direcionar os holofotes às produtoras.

“A ideia é que elas cresçam junto com a gente. Nós divulgamos seus nomes e a região”, explica Nadia Nasr, 33, que toca a Café com Elas com a irmã, Julia, 29 — ambas largaram o emprego em advocacia para se dedicar integralmente à empreitada.

O trabalho da dupla é fazer uma curadoria de grãos dentro da categoria considerada especial, com cultivo liderado por mais de vinte mulheres em São Paulo, Minas Gerais, Espírito Santo e Bahia. Em seguida, desenvolver um perfil de torra para cada tipo — no ponto em Santa Cecília, chegam a ser torradas até 4 toneladas por mês.

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O passo seguinte é eleger qual opção vai para cada parceiro, que pode ser uma firma, um restaurante ou uma cafeteria — que têm clientes cada vez mais cuidadosos com o que tomam, em tempos de preço do produto nas alturas.

É possível beber uma xícara da marca nas cinco unidades do Botanikafé, rede dedicada ao brunch, ou, desde outubro passado, nos quatro endereços do francês Le Jazz Brasserie, além da Le Jazz Boulangerie. A padaria Martoca, em Pinheiros, o recém-aberto Z Deli Restaurante & Delicatessen, no Jardim Paulista, e o festejado Maní, no Jardim Paulistano, são outros lugares que apostam na etiqueta. O cafezinho de empresas como o Google e o desjejum do recém-chegado hotel W, na Vila Olímpia, também saem do portfólio da companhia.

A padaria Martoca, em Pinheiros, é um dos pontos onde se encontra o Café por Elas
Martoca: café filtrado da Café por Elas (Ricardo Dangelo/Veja SP)

Grãos inteiros ou moídos são vendidos pelo e-commerce, das opções mais simples às mais raras (de 42 a 75 reais o pacote de 250 gramas), e pela Amazon.

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O projeto iniciou de vez em 2018, quando a dupla embalou o primeiro pacotinho que ajudou a cultivar na propriedade da mãe, Abadia Helena. A matriarca planta café desde quando as filhas eram bebês e segue como uma das fornecedoras, não sem a participação ativa das irmãs.

“Minha mãe foi muito desafiada pelos homens em volta: vizinhos, funcionários e autoridades da cidade”, relembra Nadia, que passou a infância e a adolescência entre Higienópolis e Dourado (SP), onde fica a Fazenda São Luiz. “Quando nós começamos a Café por Elas, não imaginávamos que tanto eu como minha irmã fôssemos também ser questionadas por fornecedores de máquinas, de embalagens… Chegaram a dizer até que éramos aventureiras.”

Café sendo coado no coador
Café por Elas: café filtrado (Lais Acsa/Divulgação)

“Elas são jovens conectadas com o nosso tempo e mercado, não são aventureiras, e você percebe isso no produto que entregam”, opina a consultora Giuliana Bastos, do núcleo de projetos especiais em café São Paulo Coffee Hub.

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Nascida em outubro de 2023, a Punga Cafés Especiais é outra empresa — ainda rara — a se dedicar à torrefação e à curadoria de grãos exclusivamente de produção feminina.

Tocada por Keiko Sato, que cuidou por doze anos dos cafés da rede Santo Grão, a marca tem números ainda modestos e divide as energias com cursos que ministra na sede, em Pinheiros.

A Punga fornece café para cerca de vinte endereços da capital, como a confeitaria By Kim, em Santa Cecília. Entre os itens, tem o café Maria Emília, da produtora Alba Tomires, de Campestre (MG). “É ainda um trabalho de formiguinha”, acredita Keiko.

Publicado em VEJA São Paulo de 17 de janeiro de 2025, edição nº 2927.

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