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Blog do Lorençato

Por Arnaldo Lorençato Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
O editor-executivo Arnaldo Lorençato é crítico de restaurantes há mais de 30 anos. De 1992 para cá, fez mais de 16 000 avaliações. Também comanda o Cozinha do Lorençato, um programa de entrevistas e receitas. O jornalista é professor-doutor e leciona na Universidade Presbiteriana Mackenzie

Memória: Ático Alves de Souza (1926-2022), o maître mais antigo da cidade

Durante a carreira, o mestre de serviço que morreu aos 95 anos já serviu presidentes e reis

Por Saulo Yassuda Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO , Arnaldo Lorençato Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 18 jan 2022, 16h04 - Publicado em 18 jan 2022, 14h29
Homem em frente a prato
O profissional no Parigi: o bollito misto era servido por ele (Leo Martins/Veja SP)
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Por Saulo Yassuda

Mestre de serviço por 55 anos, o baiano Ático Alves de Souza morreu na segunda (17). Ele tinha 95 anos e era o maître mais antigo da cidade.

Após uma queda, Ático fraturou o fêmur e passou por uma cirurgia na última sexta (14). Infelizmente, ao voltar para casa, teve uma parada respiratória.

Durante quase 30 anos, trabalhou no Grupo Fasano, a maior parte do tempo no Parigi. Estava afastado do serviço desde 2019.  Costumava servir no almoço, vestido em seu smoking, o bollito misto, o famoso cozido italiano.

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Em 2017, o profissional foi homenageado por VEJA SÃO PAULO COMER & BEBER com o título de Personalidade Gastronômica daquele ano.

Durante a carreira, Ático já serviu reis, como Juan Carlos, da Espanha, e o presidente Getúlio Vargas.

Homem idoso segura placa. À direita dele, homem de grava borboleta. À esquerda dele, mulher e homem.
Ático, na premiação do COMER & BEBER, com a placa (Reinaldo Canato/Veja SP)
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O maître nasceu em Monte Santo, no sertão baiano. Mudou-se para São Paulo em 1949, cidade onde trabalhou como auxiliar de pedreiro e faxineiro, antes de começar a carreira em restaurantes.

Foi mensageiro na antiga Confeitaria e Restaurante Fasano, no centro, e se mudou para o velho Ca’d’Oro, onde virou garçom. Em 1966, tornou-se maître da casa, quando o restaurante se transformou em hotel na Rua Basílio da Gama. Teve longa trajetória ali, antes de se transferir para o Grupo Fasano. No Parigi, trabalhou quase 30 anos.

Confira, abaixo, o texto publicado no guia COMER & BEBER de 2017 sobre Ático Alves de Souza escrito por Arnaldo Lorençato:

Três vezes por semana, ele caminha entre os carros último tipo que costumam congestionar a Rua Amauri e a entrada do Parigi, onde dá expediente no almoço de quartas, sextas e domingos. Isso depois de passar cerca de uma hora e meia em coletivos no trajeto que liga sua casa, em Guarulhos, ao Itaim. Ático Alves de Souza, de 90 anos, é maître desde 1966. “Não conheço ninguém mais antigo do que eu em atividade na mesma função por aqui”, orgu­lha-se. Vindo de Monte Santo, cidade no alto sertão baiano localizada a 365 quilômetros de Salvador, chegou a São Paulo em 1949. Trabalhou como auxiliar de pedreiro e faxineiro de boate antes de entrar no mundo da gastronomia. Por indicação de um conhecido, arrumou emprego na Confeitaria e Restaurante Fasano da Rua Barão de Itapetininga como mensageiro, que equivale a office-boy. Ao migrar três anos depois para o Ca”d”Oro, na mesma via, tornou-se garçom. O título de maître veio quando o restaurante se transformou em hotel na Rua Basílio da Gama, também no centro. Entre seus clientes, estão dois reis. “Servi Juan Carlos, da Espanha, e Carlos XVI Gustavo, da Sué­cia, junto com a rainha Silvia”, recorda. Outro de seus orgulhos é ter levado um prato para Getúlio Vargas, ainda como cumim do Ca”d”Oro, no início dos anos 50. Apesar de mais de cinco décadas de labuta, não planejou quando vai aposentar o impecável smoking. “Penso, sim, em descansar”, jura. “Mas acabo sempre adiando essa decisão.”

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