Folhear o cardápio de um restaurante espanhol e não encontrar a tradicional paella entre as sugestões pode causar tanto estranhamento quanto ir a um italiano e não ter como opção uma massa ao molho de tomate. À medida que a gastronomia da terra do superchef Ferran Adrià se expande pela cidade, porém, os paulistanos vão conhecendo as vantagens de fugir do óbvio e experimentar as tradições e inovações culinárias da Espanha. Hoje, a capital soma quinze estabelecimentos dessa especialidade, oito deles inaugurados a partir de 2009, que cobrem desde o mundo de receitas catalãs até preparações da cozinha basca.
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Esse universo está ganhando mais dois endereços. Com inauguração prevista para o sábado (10), o Alma María ocupa o número 439 da disputada Rua Oscar Freire, num espaço de 395 metros quadrados que comporta 120 pessoas. O menu fica a cargo do experiente cozinheiro Tony Botella, vindo de Barcelona, e oferece cerca de quarenta sugestões. “Nossa grande atração é o balcão com bar de tapas”, afirma o sócio Juan Escudero, referindo-se às saborosas porções típicas do país. Ele conta que se estabeleceu por aqui para fugir da crise econômica europeia. No cardápio, a ausência de clássicos como a paella é compensada por opções de pescados à moda mediterrânea, como o polvo a la gallega, com páprica e batatas, e a esqueixada (uma espécie de salada) de bacalhau.
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Outra novidade do circuito é a rede carioca Venga!, que já conta com duas unidades no Rio de Janeiro e se instalou na Vila Madalena no fim de novembro, com foco nesses petiscos e um jeitão de taberna. “Tapear tem tudo a ver com botecar, está na alma do brasileiro”, compara Ricardo Garrido, um dos sócios da Companhia Tradicional de Comércio, dona de casas como a pizzaria Bráz e o bar Astor.
A observação de Garrido tem eco entre os donos das outras casas do gênero. Mais que novas opções de menu para a cidade já repleta de japoneses, árabes e italianos, essa cultura estimula outro tipo de comportamento à mesa. “O modelo quebra um pouco a monotonia de sair para jantar, as pessoas se divertem repartindo as sugestões”, diz Christian Angel, sócio do Donostia, especializado na culinária basca. “Quando inauguramos, a maioria dos clientes pedia as porções como entrada, mas hoje 60% deles já dispensa o prato principal e ‘tapeia’ durante toda a refeição”, conta Chico Farah, chef do Eñe, inaugurado em 2007.
Essa descontração não significa que o ambiente tenha de ser menos refinado. No Arola Vintetres, eleito o melhor em sua categoria pela edição especial “Comer & Beber”, a carta de vinhos com 600 rótulos é um dos pontos de sofisticação. O toque paulistano fica por conta da bela vista oferecida pelo salão, na cobertura do Hotel Tivoli, na Alameda Santos.
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