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Notas Etílicas - Por Saulo Yassuda

Por Saulo Yassuda Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
O jornalista Saulo Yassuda cobre cultura e gastronomia. Faz críticas de bares na Vejinha há dez anos. Dá pitacos sobre vinhos, destilados e outros assuntos

Serra Gaúcha retoma turismo de vinhos após enchentes de 2024

Com exposição, passeios em vinícolas e outras atividades, a região volta a receber turistas de todo o Brasil

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Atualizado em 28 fev 2025, 09h01 - Publicado em 28 fev 2025, 08h00
Paisagem com vinícola e céu azul
Turismo na Serra Gaúcha: vista do restaurante da Luiz Argenta (Luiz Argenta/Divulgação)
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A Serra Gaúcha tem duas cidades favoritas dos viajantes: Gramado e Canela. Mas, para quem curte vinho, uma ida a outra área daquela região, os municípios do Vale dos Vinhedos e outros no entorno de Bento Gonçalves, se mostra um prato (ou copo) cheio — o estado inteiro responde por 85% da produção de vinhos, espumantes e suco de uva do país, de acordo com a União Brasileira de Vitivinicultura (Uvibra).

Os passeios pelas vinícolas se concentram durante a manhã e a tarde e costumam incluir idas às videiras, às áreas de fermentação e envelhecimento da bebida e à sala de degustação, com a obrigatória “paradinha” na loja no final. Aprendizagem, divertimento e consumo andam de mãos dadas.

Para o paulistano alcançar a região, é possível fazer voos da capital paulista até Caxias do Sul ou, o mais frequente, de São Paulo para Porto Alegre. O trajeto do Aeroporto Salgado Filho para Bento Gonçalves, município que funciona de base para circular no pedaço, leva cerca de 1h45 de automóvel — de ônibus, o percurso pode aumentar em 1 hora.

Ao trafegar pela capital gaúcha, é difícil ver as obras de manutenção no caminho e não lembrar da tragédia que atingiu o estado em maio de 2024, com cheias assoladoras. Os voos só foram retomados em 21 de outubro. Assim como a Grande Porto Alegre, a região dos vinhos também sofreu, a seu modo. Houve deslizamentos de terra e o enoturismo, muito forte ali, viu uma queda brusca no número de visitantes, especialmente com o fechamento do aeroporto da capital.

A notícia boa é que há um processo de retomada. “Tivemos um janeiro superior em público em relação a janeiro de 2024”, comemora Pablo Perini, diretor de marcas e pesquisa e desenvolvimento da Casa Perini. A vinícola de Farroupilha, a cerca de 40 minutos de carro de Bento Gonçalves, é conhecida pelo moscatel, espumante docinho feito com uvas aromáticas da família moscato. Ali, o turista tem de volta programas como o tour de bicicleta pela propriedade unido a piquenique (410 reais, para dois).

Sala com barris de carvalho espalhados
Sala de barricas da Miolo: experiências para diferentes gostos (Saulo Yassuda/Veja SP)
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A Wine Locals, plataforma que vende experiências ao redor da bebida, contabiliza que o fluxo de visitantes já foi retomado. “Nesse primeiro bimestre, cresceu 10% frente ao ano passado”, calcula Diego Fabris, sócio da empresa. “No consolidado do ano passado, considerando os quase seis meses sem aeroporto, a queda de fluxo foi de 60%.”

A estratégia da empresa para retomar o movimento foi lançar a Pipa Parade, uma exposição a céu aberto de barris de vinho — ou pipas — que receberam intervenções de artistas da Região Sul, entre eles Antonio Giacomin, Carla Barth e Tupax — o tema sugerido foi os 150 anos da imigração italiana no estado. Ficam em exibição até 7 de março em dez cidades da serra, de diferentes lados, incluindo Gramado e Canela.

A mostra funciona mais como um pretexto para que o público continue a explorar a região. Espalha-se por vinícolas e outros pontos turísticos, como a estação de Garibaldi, parada da maria-fumaça que vai de Bento Gonçalves a Carlos Barbosa, em Garibaldi. Na Miolo, em Bento, as barricas cobertas de tinta ficam expostas logo na entrada, perto de um vinhedo de diferentes castas para aclimatar o turista ao mundo dos tintos e brancos — corra, que ainda é possível encontrar um ou outro fruto no local, já que a vindima, época da colheita, vai só até março.

A visita mais básica (70 reais) inclui ainda uma andada pela cave com cerca de 1 500 barricas de carvalho, onde os líquidos envelhecem, e a esperada prova da bebida. Vale casar com um pulo à Salton, onde rolam atividades didáticas para saber tudo sobre os espumantes, ou à Casa Valduga, na qual, após a espiada na sala de barricas, escura e embalada por canto gregoriano, se pode comer no restaurante Maria Valduga uma sequência de pratos ítalo-gaúchos com carnes e massas.

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Três barris pintados de vermelho
Barris na Casa Valduga para a Pipa Parade: intervenções de artistas (Rodi Goulart/Divulgação)

Para uma experiência em uma vinícola menor (mas não tão pequenina), a Pizzato possui os vinhedos colados à sede onde rolam degustações, com uma varanda aberta para uma linda paisagem verde. A melhor forma de sair de Bento Gonçalves, onde estão essas atrações e há uma variedade maior de acomodações — de opções de luxo como o Spa do Vinho a locais mais econômicos, como o Dall’Onder —, é com um carro alugado (vale sempre ter o motorista da vez, que não beba, hein?).

Em Flores da Cunha, vizinha a pouco mais de uma hora de Bento, é incontornável passar pela Luiz Argenta, vinícola conhecida pelos bons líquidos envasados em garrafas de design. Logo na entrada, uma deliciosa varanda exibe parte da propriedade de 140 hectares. Boa vista também tem o restaurante Clô, ali mesmo, para comer sugestões como stinco de cordeiro com purê de cebola caramelada, frittelle de batata e demi glace de espumante.

Barris coloridos pintados por artistas
Barris na Família Geisse para a Pipa Parade: intervenções de artistas (Rodi Goulart/Divulgação)
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Outro município do entorno que vale conhecer é Pinto Bandeira, área célebre pelos espumantes feitos pelo método chamado tradicional (igual ao do champanhe), a meia hora de Bento. Lá fica a Família Geisse, onde, depois de conferir a produção elaborada no passeio (189 reais), que dá direito a uma ida às caves subterrâneas escuras e friazinhas, o público pode se sentar no jardim e comprar empanadas deliciosas para comer lá mesmo — acompanhadas de uma taça de borbulhante, é claro.

Uma vez na cidade, a dica é aproveitar e visitar a Don Giovanni, que além dos espumantes produz também outros tipos de vinho. Com um restaurante no local, o Nature, o espaço possui ainda uma pousada de sete apartamentos mais uma cabana com duas suítes. Chance de dormir perto da fonte.

*O repórter Saulo Yassuda viajou a convite da Wine Locals.

Publicado em VEJA São Paulo de 28 de fevereiro de 2025, edição nº 2933.

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