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Vinho e Algo Mais

Por Por Marcelo Copello Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Especialista na bebida, Marcelo Copello foi colunista de Veja Rio. Sua longa trajetória como escritor do tema inclui publicações como a extinta Gazeta Mercantil e livros, entre eles "Vinho e Algo Mais" e "Os Sabores do Douro e do Minho", pelo qual concorreu ao prêmio Jabuti

A conexão de Van Gogh com o vinho

O pintor, que morou na região vinícola de Arles, na França, refletiu a vivência em telas de paisagens

Por Marcelo Copello
28 mar 2025, 06h00
'A Vinha Vermelha': a relação do pintor Van Gogh com a uva
'A Vinha Vermelha': a relação do pintor Van Gogh com a uva (Wikimedia Commons/Reprodução)
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A paixão intensa de Vincent Van Gogh, explícita em cada forte pincelada, também abraçou o vinho. O artista viveu uma parte importante de sua vida na região vinícola de Arles, na Provence, no sul da França. Nos quinze meses em que lá permaneceu (entre 1888 e 1889) produziu cerca de 200 quadros, 100 desenhos e escreveu 200 cartas. Em uma destas missivas, o mestre confessa beber muito vinho: “todos os dias, tomo o remédio prescrito por Dickens contra o suicídio: vinho, pão, queijo e tabaco”. 

A única tela deste gênio da pintura vendida em vida chama-se A Vinha Vermelha (pintada em 1888 em Arles) e sela sua relação com a bebida. O próprio autor descreve a obra como “um vinhedo vermelho, todo vermelho como vinho tinto. Ao fundo, no céu com sol, o vermelho se transforma em amarelo e depois em verde. Na terra depois da chuva os tons são de violeta com reflexos dourados do sol”. 

Essa tela foi comprada por míseros 400 francos. A Vinha Vermelha foi pintada em novembro, o que indica que 1888 teve uma colheita retardada (e chuvosa), e sugere que as uvas retratadas sejam grenache e/ou carignan, castas tardias típicas da região. 

Este, entretanto, não foi o primeiro nem o último vinhedo de Van Gogh. No mesmo ano, dois meses antes (portanto, na mesma e longa colheita), ele pintou A Vinha Verde. As cores nesta obra sugerem a presença da filoxera, praga que atingiu gravemente a Europa exatamente no final dos anos 1890.

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Na véspera do Natal de 1888, Van Gogh cortou a orelha esquerda e entregou-a a uma prostituta chamada Raquel. Há várias teorias que tentam explicar o fato. Fala-se que sua inspiração foi uma tourada em que o matador arrancou a orelha do touro, oferecendo-a, como troféu, a uma dama.  

Outra possível inspiração poderia ter vindo da série de artigos do jornal de Arles um mês antes sobre “Jack, o estripador”, que mutilava o corpo de prostitutas, algumas vezes cortando as orelhas delas. Seja como for o estado de saúde física e mental do pintor piorou e o levou a se mudar para Auvers-sur-Oise, perto de Paris. Uma das últimas pinturas feitas por ele é mais serena, Vinhedos com Vista de Auvers, de junho de 1890. Esta plácida obra mostra um vinhedo verde em uma colina cercado de casinhas brancas com chaminés. 

Vincent Van Gogh cometeu suicídio em 29 de julho, apenas um mês depois de pintar seu último vinhedo e apenas cinco meses após a venda da Vinha Vermelha. Pelo visto em Auvers o grande artista careceu de algo que era abundante em Arles, o “remédio de Dickens”.

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> Domaine De L’ostal Estibals 2020. Da Domaines Cazes, da A.O.C. Minervois, no sul da França, feito com syrah (60%), grenache (20%) e carignan (20%), e parcial estágio em barricas. 15% de álcool. Granada claro. Aroma de framboesa, violeta, pimenta. Paladar de médio corpo, macio, acidez equilibrada. R$ 164,90, na Wine.

> Reyna Gran Reserva 2023. Das Bodegas Tagua Tagua, com carignan, garnacha e syrah, do vale de Maule, no Chile, amadurece de doze a catorze meses em barricas de carvalho. De cor rubi escura. Aromas de frutas vermelhas, especiarias doces. Paladar de médio corpo, macio e alcoólico. R$ 129,90, na Evino.

Publicado em VEJA São Paulo de 28 de março de 2025, edição nº 2937.

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