O Festival Mário de Andrade retorna neste fim de semana para a alegria dos amantes da literatura. Nos dias 13, 14 e 15 de outubro, a terceira edição do evento apresenta uma programação gratuita na Biblioteca Mário de Andrade, na Praça Dom José Gaspar e em outros locais do Centro, como a Praça das Artes. A agenda inclui feira do livro, exposições, palestras e shows, com expectativa de público de 30 000 pessoas.
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“É mais que uma feira do livro, e é diferente da Flip (Festa Literária Internacional de Paraty)”, explica Jurandy Valença, diretor da biblioteca. “É uma celebração em torno do livro”, ele define. O festival integra o calendário oficial da cidade e tem sido comparado à Virada Cultural na Secretaria de Cultura.
O tema deste ano são os “85 Anos da Missão de Pesquisas Folclóricas de Mário de Andrade”, expedição científica idealizada pelo poeta, então chefe do Departamento de Cultura de São Paulo, que percorreu seis estados do Norte e Nordeste com o objetivo de registrar suas manifestações culturais. Celebra-se também o aniversário de 130 anos do poeta, nascido em 9 de outubro. Ambas as efemérides pautam as duas exposições inauguradas nesta sexta-feira (13) na biblioteca, em cartaz até 22 de novembro.
A abertura do festival será feita com a lavagem da escadaria da Mário de Andrade, como parte de um ritual de celebração realizado por um grupo do candomblé. Em seguida, haverá um cortejo até a Praça das Artes, onde será realizada, às 18h30, a mesa Reescrevendo o Brasil: A Missão 85 Anos Depois, com o escritor carioca Geovani Martins, a romancista Ana Maria Gonçalves e o autor, xamã e líder yanomami Davi Kopenawa.
Além das palestras, o evento terá apresentações de Letrux (14/10, às 16h, no Conservatório da Praça das Artes), Francisco, El Hombre canta Novos Baianos (15/10, 18h, Praça Dom José Gaspar) e Metá Metá com Jards Macalé (14/10, 20h30, vão da Praça das Artes).
Nos três dias, das 10h às 19h, a Praça Dom José Gaspar e uma faixa da Avenida São Luís serão ocupadas por bancas de 52 livrarias e editoras participantes. O espaço receberá ainda comerciantes de alimentos, selecionados por um chamamento público. Restaurantes no entorno, como o DaSelva Peixaria Amazônica, na Rua da Consolação, também criaram, de forma espontânea, pratos e drinques temáticos do evento.
Em paralelo, instituições apoiadoras apresentam uma programação em diálogo com o festival. É o caso da exposição Matrizes Afro-Brasileiras, do fotógrafo Lamberto Scipioni, no Centro Cultural São Paulo (que é, também, o responsável por conservar o acervo das exposições na Mário de Andrade), aberta nesta sexta (13) e em cartaz até 5 de novembro. O Sesc 24 de Maio, o Museu da Língua Portuguesa e o Centro Cultural Banco do Brasil também têm agenda complementar.
“A ideia é ir além dos muros da biblioteca”, afirma Jurandy. “É uma oportunidade para ocupar o Centro com literatura e outras linguagens e celebrar Mário de Andrade, que foi um visionário e um dos maiores intelectuais do Brasil.” Sob seu comando desde outubro de 2021, a instituição pública tem passado por mudanças, marcadas principalmente por uma maior movimentação cultural. Segundo a Supervisão de Gestão e Planejamento da Biblioteca, o público cresceu 1 681% de 2021 para 2022, atualmente com quase 20 000 pessoas por mês.
Publicado em VEJA São Paulo de 13 de outubro de 2023, edição nº 2863