Uma peça em cartaz, outra prestes a reestrear e mais três em fase de montagem para 2013. Essa é a situação atual da agenda do diretor paulista Zé Henrique de Paula, um dos mais prolíficos diretores teatrais em cena, que está à frente do Núcleo Experimental. A peça em cartaz em questão é No Coração do Mundo, a última parte da trilogia da guerra que contou com As Troianas – Vozes da Guerra e Bichado. Mormaço é o espetáculo que está sendo reensaiado para reestrear no dia 23 de novembro. E a próxima trilogia, que será apresentada a partir do dia 22 de fevereiro de 2013, vai falar sobre o lado oposto da guerra: o amor. Abaixo, Zé Henrique dá detalhes sobre os atuais e futuros projetos para VEJASÃOPAULO.COM:
VEJASÃOPAULO.COM – Como você avalia a última parte da trilogia da guerra, No Coração do Mundo, atualmente em cartaz?
ZÉ HENRIQUE DE PAULA – O espetáculo tem um grande atrativo, que é a gratuidade da entrada. Estamos tendo um retorno muito bom do público, que tem se mostrado engajado sensorial e emocionalmente desde a estreia, em outubro. No Coração do Mundo proporciona uma viagem de Londres a Kabul, no Afeganistão, muito próxima do real: a plateia se desloca pelo espaço, experimenta sabores e aromas diferentes, ouve músicas cantadas ao vivo pelos atores. O conflito entre o ocidente e o oriente é tema bastante atual e perturbador.
VEJASÃOPAULO.COM – Quais são os próximos projetos para quando a temporada acabar, em dezembro?
ZÉ HENRIQUE DE PAULA – Estamos ensaiando novamente Mormaço, que volta ao cartaz neste fim de semana, e já preparando grupos de trabalho para uma nova trilogia, que pretendemos estrear no dia 22 de fevereiro do ano que vem. Ela vai tratar sobre o amor e como a passagem do tempo pode modificar a relação entre as pessoas.
VEJASÃOPAULO.COM – Por que essa mudança drástica de tema, da guerra ao amor?
ZÉ HENRIQUE DE PAULA – Viemos trabalhando temas muito pesados nessa trilogia da guerra, que começou com As Troianas – Vozes de Guerra (2009), passou por Bichado (2012) e agora termina com No Coração do Mundo (revisão da peça Casa/Cabul, de 2010). Foram assuntos doídos e queríamos agora falar um pouco sobre o outro lado da moeda, o amor, tema dessas últimas manifestações em São Paulo, como aquela da Praça Roosevelt. É difícil lembrar que o amor ainda existe nessa sociedade tão obstinada em tornar tudo tão duro e difícil, em meio a um cenário que estimula a violência.
VEJASÃOPAULO.COM – De certa forma é um retorno a um tema que já foi abordado por vocês no bem avaliado espetáculo R&J, de 2006. Como o assunto será abordado dessa vez?
ZÉ HENRIQUE DE PAULA – Sim, é de fato um retorno a R&J. Dessa vez, apresentaremos um conto de três peças, que se unem temática e estilisticamente em torno do amor e da morte. A primeira, que vai estrear no dia 22 de fevereiro de 2013, é Universos, do autor inglês Nick Payne. Ele apresenta a história de dois jovens, que acabam de se conhecer, e tudo o que pode acontecer a partir desse primeiro encontro. O espectador é quem vai decidir qual é a história do casal. Já a segunda peça, que pretendemos estrear em maio de 2013, Ou Você Poderia me Beijar, de outro autor inglês, Neil Bartlett, é sobre um casal gay em três fases distintas – aos 19, 40 e 70 anos. Acompanhamos a história a partir do momento em que um deles descobre estar com uma doença terminal e estão assinando seus testamentos. O terceiro e último texto, que devemos estrear no segundo semestre de 2013, é Nossa Música, da também inglesa Abi Morgan. É quase uma versão de Ou Você Poderia me Beijar, só que com um homem e uma mulher, além de um personagem inanimado adicional: a casa, como o ninho que armazena vidas vividas.