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OLÁ,

“O melhor está no meio do caminho”, diz Angelo Venosa

O escultor de 59 anos, que já participou das bienais de Veneza e de São Paulo, comenta seu processo de trabalho e, claro, a atual mostra em cartaz na Estação Pinacoteca

Por Livia Deodato
Atualizado em 5 dez 2016, 16h04 - Publicado em 26 abr 2013, 20h53

O artista Angelo Venosa se considera meio híbrido, tanto no lado pessoal, quanto profissionalmente. Filho de pais italianos, nasceu em São Paulo, mas desde 1974 mora no Rio de Janeiro. “Eu não me considero mais paulistano, mas nunca serei um carioca”, diz. “Quando era criança, meus pais me matricularam numa escola com projeto pedagógico experimental, que era libertário, de esquerda. Sempre tive a impressão de estar olhando as coisas de fora, não sentindo do lado de dentro.”

Isso, de certa forma, refletiu no conjunto de sua obra, que apresenta em partes na Estação Pinacoteca. As 35 esculturas, realizadas em quase 30 anos de carreira, também apresentam esse aspecto híbrido. “O meu trabalho possui algo que é construído e, ao mesmo tempo, é natureza”, explica. “Há, por exemplo, uma obra que tem um galho que emenda em um pedaço de compensado. A impressão que se tem é de que tudo é um objeto só, mas ao mesmo tempo existe uma incongruência.”

O artista, de 59 anos, que já participou das bienais de Veneza (1993), São Paulo (1987) e do Mercosul (2005), prioriza mais o meio do que o fim. Como professor atualmente da Escola de Artes Visuais do Parque Lage, no Rio de Janeiro, Venosa conta que sempre enfatiza a seus alunos a importância desse “meio do caminho” que leva ao resultado final. “Repito como mantra que o que eu acho legal é encontrar o fluxo que leva até o trabalho”, diz. “Esse processo todo, de descobrir e inventar esse caminho é que é interessante. O melhor está no meio desse caminho.”

Ao lado da curadora Ligia Canongia, Venosa selecionou e organizou a atual mostra de forma a contar uma única história, sem se prender ao detalhe cronológico. A ideia é que as obras fossem aproximadas de acordo com a linguagem, material, tema e questões propostas em cada uma delas. Para isso, Venosa montou uma nova maquete, com as dimensões correlatas à Estação Pinacoteca (a primeira havia sido montada para o MAM, no Rio, por onde a exposição passou antes de chegar a São Paulo). “A maquete serve para saber sobre o que você não vai fazer”, afirma.

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A arquitetura do prédio do antigo Deops interfere consideravelmente no conjunto das obras: as colunas das salas promovem uma percepção diferente da que foi apresentada no MAM do Rio. É como se fosse parte de seu trabalho.

Venosa costuma não dar nome às suas obras: “Não sinto naturalidade em nomeá-las”, afirma. “Parece algo meio farsesco, porque se descolaria do que realmente se trata.”

Ele dispensa etiquetas.

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