Avatar do usuário logado
OLÁ,
Continua após publicidade

Autenticidade de obra de Tarsila do Amaral é questionada por galeristas

Associação das Galerias de Arte do Brasil não reconhece perícia que atribuiu a autoria da obra ‘Paisagem 1925’ à modernista

Por Redação VEJA São Paulo Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
20 ago 2024, 19h15
obra-descoberta-tarsila-do-amaral
'Paisagem 1925', obra cuja autoria foi atribuída a Tarsila do Amaral (Felipe Berndt/Divulgação)
Continua após publicidade

A Associação das Galerias de Arte do Brasil (AGAB) afirmou, nesta terça-feira (20), que não reconhece o laudo que atribuiu a autenticidade da obra Paisagem 1925 à Tarsila do Amaral.

Na segunda-feira (19), foi divulgado o resultado de uma perícia técnica que confirmou a pintora modernista como autora da peça. A autenticidade da obra já havia sido questionada em abril deste ano, quando esteve à venda durante a feira SP-Arte, o que motivou a perícia.

O que dizem os galeristas

A AGAB questiona o processo de certificação comandado pelo perito Douglas Quintale, único autorizado pela associação Tarsila S.A, que cuida do espólio da artista. “[A AGAB] não reconhece e não acata nenhuma conclusão em processos de certificação de autenticidade e autoria de obras atribuídas a Tarsila do Amaral que não tenham participação direta de Aracy Amaral, Vera d’Horta, Regina Teixeira de Barros, Maria Izabel Branco Ribeiro e Tarsilinha do Amaral”, diz a associação, em nota divulgada nesta terça.

A equipe citada foi responsável pelas pesquisas que resultaram na publicação do Catálogo Raisonné da artista, em 2008. Tal publicação foi responsável por catalogar todas as obras de Tarsila que se tem conhecimento.

A associação sem fins lucrativos, formada por galeristas, leiloeiros e marchands do mercado secundário – aquele que envolve a aquisição e venda de obras que já tiveram um proprietário anterior –, explicou que a sua Câmara Técnica, órgão de assessoramento técnico-cultural que visa “auxiliar a solução de controvérsias relativas à autenticidade de obras de arte”, acompanhou o caso de perto.

Continua após a publicidade

“A AGAB vem informar que não reconhece o laudo de autenticidade da obra Paisagem 1925, recentemente divulgado, assim como outros eventuais laudos de obras atualmente desconhecidas que venham a surgir no futuro, se a verificação de autenticidade não contar com a participação das especialistas acima citadas”, finaliza a nota.

O pronunciamento foi assinado pelo diretor executivo da instituição, André Nobrega e outros quinze associados.

Como a nova obra foi reconhecida

A autenticidade de Paisagem 1925 foi confirmada após uma perícia técnica realizada por Douglas Quintale, presidente do Comitê de Autenticação de Obras de Tarsila do Amaral. Isso ocorreu após, em abril deste ano, surgir a acusação do quadro ser falso. Ela estava à venda pela OMA Galeria, do galerista Thomaz Pacheco, durante a SP-Arte, mas foi retirada da feira após a acusação.

Continua após a publicidade

O processo de avaliação e certificação da obra foi, então, encomendado pela família da pintora, segundo pronunciamento divulgado na segunda por OMA Galeria e Tarsila S.A, espólio da artista, comandado por sua sobrinha-bisneta Paola Montenegro. Paola substitui a sobrinha-neta de Tarsila, conhecida como Tarsilinha, desde de 2022.

“O escândalo tomou proporção nacional e internacional, até pelo fato da obra não constar no Catálogo Raisonné de Tarsila. Mas a ausência de determinada pintura no documento não a qualifica como sendo falsa. A tela não estava no Brasil durante a produção de seu catálogo. Coube à ciência dizer se ela é legítima ou não, poupando opiniões sem embasamentos”, diz o pronunciamento.

Qual é a obra em questão

Paisagem 1925 é datada de 1925, considerada parte da fase Pau-Brasil de Tarsila do Amaral, em que predominam o caráter nacionalista e a influência cubista. A tela está sob posse do brasileiro-libanês Moisés Mikhael Abou Jnaid e foi um presente de casamento de seu pai, Mikael Mehlem Abouij Naid para sua mãe, Beatriz Maluf, em 1960, em Piraju, no interior de São Paulo.

Continua após a publicidade

A obra foi para o Líbano, mais especificamente para a cidade de Zahle, junto com a família, em 1976, onde ficou até dezembro de 2023, quando retornou ao Brasil.

A Vejinha entrou em contato com a OMA Galeria e a Tarsila S.A e aguarda retorno.

Compartilhe essa matéria via:
Publicidade