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Regina Duarte: “gosto de Jogos Vorazes e Ninfomaníaca”

Se eu disser desde quando eu vejo Regina Duarte na TV, vou entregar a minha idade. Mas faz muito tempo, garanto. Cresci com a “Namoradinha do Brasil”, que virou Malu Mulher, a viúva Porcina (de Roque Santeiro), a Raquel Accioly (de Vale Tudo), a Maria do Carmo (de Rainha da Sucata)… Quer ter informações diárias […]

Por Miguel Barbieri Jr.
Atualizado em 26 fev 2017, 21h55 - Publicado em 22 Maio 2014, 19h58
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Se eu disser desde quando eu vejo Regina Duarte na TV, vou entregar a minha idade. Mas faz muito tempo, garanto. Cresci com a “Namoradinha do Brasil”, que virou Malu Mulher, a viúva Porcina (de Roque Santeiro), a Raquel Accioly (de Vale Tudo), a Maria do Carmo (de Rainha da Sucata)

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Regina é pioneira em tipos marcantes, além de batalhadora e guerreira. Digo isso por causa de sua personagem em Gata Velha Ainda Mia, em cartaz na cidade. Vá ver o filme. É obrigatório conferir a atuação sensacional desta estrela de 67 anos, que tem fôlego de sete gatas e uma disposição invejável para sair da mesmice. Regina estava afastada do cinema desde 1986, quando protagonizou Além da Paixão.

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Por que ficou tantos anos afastada do cinema? Os convites foram escasseando nos últimos dez anos e não consigo detectar as razões. Em cinquenta anos de carreira, já vi muita gente de valor ser deixada de lado e engrossando a lista dos “esquecidos”. Eu achava que não aconteceria comigo porque tive muita sorte de participar de uma grande parte da nossa teledramaturgia “icônica”.

Mas chegam convites para fazer cinema? Não posso me queixar porque continuo recebendo propostas frequentemente. Aceitar ou não, depende da minha fé na proposta e na personagem. Depende do tesão de participar de uma obra. Fazer cinema me tensiona até hoje. Não sinto isso em relação ao teatro e à TV.

Por quais motivos? Estar na telona é uma opção “de responsa”. Já o palco, é um espaço de investigação e reabastecimento. Me sinto mais solta e livre pra arriscar, tropeçar, errar… A TV é a vitrine do ator, a minha casa, enfim…

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Você não para nem no teatro nem na TV, confere? De 2000 para cá, produzi e atuei em Honra, Coração Bazar, Raimunda, Raimunda e Bem-Vindo Estranho. Na TV, fiz Desejos de Mulher, Três Irmãs, Araguaia (2 capítulos) e O Astro. Agora, aceitei fazer uma participação afetiva em quatro capítulos da próxima novela do Aguinaldo Silva, Falso Brilhante. É pouco. As pessoas nas ruas me cobram a volta à TV. Depois, elas elas me entendem e concordam que só devo voltar pra fazer coisas no mínimo tão boas quanto às que fiz no passado.

Você tem admiração pelo humor irônico de Gloria Polk, sua personagem em Gata Velha Ainda Mia? Sim. Ela tem um rosnar que eu gostaria de ter. Além disso, acho engraçado o mau humor dela e já notei que, nos cinemas, as pessoas também se divertem.

Regina Duarte e Bárbara Paz em cena de Gata Velha Ainda Mia
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Regina Duarte e Bárbara Paz em cena de Gata Velha Ainda Mia

A personagem é fumante. Como foi lidar com o cigarro em cena? Fui fumante “light” (nunca mais do que dez cigarros por dia) até uns anos atrás. Já tinha parado nas filmagens de Gata Velha. Sabendo disso, a produção me ofereceu cigarros de alface. Havia a preocupação de que fumar tanto em cena me levasse a uma recaída. Não aconteceu. Depois de dois dias, o cigarro “natureba” fazia tanta fumaça que optamos pelos tradicionais mesmo.

Como o papel chegou até você? Através do (diretor) Rafael Primot. Nós trabalhamos juntos em O Astro e eu já o admirava como ator, desde que assisti (duas vezes!) à peça Inverno da Luz Vermelha, sob a direção da Monique Gardenberg.

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O que te entusiasmou no filme foi o fato de a personagem em nada lembrar seus trabalhos na TV? A primeira coisa que mexeu comigo foi a qualidade do texto do Rafael e a proposta inusitada do roteiro. Ele me ofereceu a oportunidade de participar de um filme, carregado de citações cinéfilas, com uma história nova e um estilo formal que eu nunca tinha visto. Era como se eu estivesse sendo convidada para fazer Persona, do Bergman. Uhúúú!!!

Já ouvi reclamações suas da falta de criatividade nas telenovelas. O que seria preciso para mudar este panorama? Começaria desconstruindo o esquema estético/formal e de conteúdo da teledramaturgia. Isso exige distanciamento do que está sendo feito. Faria uma peneira rigorosa do que pode ser mantido e do que deve ser dispensado. Obter criatividade em novas fontes e ter muita coragem. Sinto que estamos caminhando e podemos chegar lá. A vontade da mudança já existe.

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Regina interpreta a escritora rancorosa Gloria Polk em Gata Velha Ainda Mia

O que você costuma assistir na TV? Vejo um pouco de tudo e em todos os canais. Nas noites de insônia, procuro jogo de futebol para dormir. O esporte é genial porque não me pede para pensar. Percebo que uma partida se assemelha à minha profissão: há um bando de gente com estratégia de equipe e gol.

Quais novelas ou programas te agradaram mais? As novelas A Vida da Gente, Cordel Encantado, A Favorita e Amores Roubados. Tenho visto e gostado muito do programa Tá no Ar, um patchwork criativo de humor.

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E no cinema e teatro? Jogos Vorazes 1 e 2, Ninfomaníaca 1 e 2 e Cesar Deve Morrer, dos irmãos Tavianni. No teatro, O Jardim das Cerejeiras e Ricardo III, ambos da Cia. Elevador.

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