Onde “turistar” em Portugal além de Lisboa e Porto
Conheça experiências de comida, bebida e cultura em cidades menos badaladas do país ibérico

Sim, uma passadinha por Lisboa e Porto são inevitáveis para os brasileiros, que no ano passado movimentaram 1,14 bilhão de euros em Portugal. Além de se configurarem como dois medalhões, com atrações turísticas fundamentais, essas metrópoles apresentam os principais aeroportos internacionais do país. A partir delas, entretanto, é possível passar bons momentos em outras cidades menos badaladas, que ficam no meio das duas ou nos arredores delas.
A melhor forma de circular entre esses destinos é com um carro alugado, mas você pode escolher um só para ficar. Confira, a seguir, experiências para ter nesse mergulho por dentro de Portugal, na região do Alentejo, do centro e do norte do país.
Uma cidade ao redor do castelo
Na região de Trás-os-Montes, no norte, Bragança é uma delícia de cidade a ser explorada. Tudo parece girar em torno do Castelo de Bragança, onde um passeio pela área entre as muralhas é obrigatório. Ali ficam lojinhas e restaurantes, como a Tasca do Zé Tuga (Rua da Igreja, 68), que serve pratos com a assinatura do chef Luís Portugal, ex- participante do MasterChef Portugal. Para outra experiência gastronômica, a G Pousada (Estrada do Turismo, s/nº), com quartos voltados para o castelo iluminado, abriga o G Restaurante, uma-estrela Michelin. Os irmãos Óscar e António Geadas tocam, respectivamente, cozinha e salão. Os menus completos (77,50 a 200 euros) trazem a culinária regional filtrada pelo chef e com influências do mundo.

Hotéis que são um destino
A região do Alentejo tem hotéis que se mostram num programa por si só. É o caso do Torre de Palma Wine Hotel, em Monforte. Os dezenove quartos, quase todos térreos, têm designs próprios, são diferentes uns dos outros e exibem uma atmosfera rústico-chique — as diárias custam a partir de 255 euros. A maior atração é a grande torre com uma vista que se perde no horizonte. Sobem-se 68 degraus, com um pit stop no trajeto para tomar uma tacinha de vinho, até chegar ao topo e captar parte dos 7 hectares de vinhas que dão os frutos que produzem vinho no local — vale visitar a adega. Outro hotel-experiência, o Convento do Espinheiro, em Évora, de tão grande, pode fazer você se sentir perdido por alguns momentos. Com uma pegada menos rural que o Torre de Palma, mas ainda assim rodeado por um cenário bucólico, foi um convento de monges da Ordem de São Jerônimo.


Passeio combinado em Estremoz
Cerca de quarenta minutos de carro separam o centrinho de Évora — com os obrigatórios Templo Romano e Capela dos Ossos — de Estremoz. A pequena cidade merece uma parada no meio do caminho. Um dos pontos turísticos mais recentes é o Museu Berardo Estremoz (Largo Dragões de Olivença, 100), surgido em 2020, dedicado ao azulejo. É possível ver a história de 800 anos do aparato em 4 500 peças. A poucos passos, um restaurante que faz sucesso por lá é o Mercearia Gadanha (Largo Dragões de Olivença, 84). Começou como um empório apertadinho, que hoje é a entrada para o salão onde se prova a culinária alentejana com toque da chef e sócia Michele Marques, fluminense de Petrópolis, que abriu a mercearia em 2009. Vale fazer a digestão no Jardim Municipal, lá pertinho também.


Gastronomia nas vinícolas
Marca queridinha de vinho e azeite de muitos brasileiros, a Herdade do Esporão (Apartado 31, Reguengos de Mosaraz) se abre para visitantes que querem conhecer a produção, onde é possível ver talhas (ou ânforas) históricas do século XVII. Ao sul de Portugal, a Esporão consegue se destacar também por seu restaurante homônimo, que carrega uma estrela do guia Michelin. Nada pomposo e com vidraças a exibir a paisagem, o espaço tem cardápio do chef Carlos Teixeira. Chamado de carta branca, o menu degustação pode ter cinco ou sete etapas (105 ou 125 euros) e harmonização de vinhos (de 30 a 85 euros). Na seleção de pratos de linha sazonal, pode aparecer o peixe lucioperca com lardo e pipoquinha de torresmo e migas à alentejana. Outro espaço com ótimos vinhos de pegada mais moderna, a FitaPreta (Paço do Morgado de Oliveira, EM 527, km 10, Graça do Divor), projeto de António Maçanita, ocupa um palácio, o Paço Medieval, que foi recuperado e ainda guarda resquícios do passado. Há diferentes pacotes de experiências e um novo restaurante, o A Cozinha do Paço, que sugere menus como o clássicos (seis etapas e cinco vinhos, a 135 euros).


Arte ao pé da serra
Conhecida pelos deliciosos queijos de leite de ovelha, a Serra da Estrela tem em seu pé uma graciosa cidade. É Covilhã, que, entre o casario espalhado por ladeiras, tem nos muros diversos trabalhos de arte de rua com códigos QR para se obter mais informações sobre eles. Esse cenário se dá graças ao Wool, festival de arte urbana que costuma rolar nessa localidade do centro de Portugal.



Programa cheio de história
No Paço Ducal (Terreiro do Paço, Vila Viçosa, com entrada a 8 euros), é possível conhecer parte da genealogia de nosso antigo imperador. Foi casa da família de nobres Bragança em Vila Viçosa antes de eles terem ascendido ao trono de Portugal, em 1640, com o rei dom João IV — dom Pedro I (ou, para os portugueses, Pedro IV) descende dele. A construção foi iniciada em 1501 e ganhou diferentes tamanhos, até ser fechada em 1910, com o advento da República. Virou museu nos anos 40, após a criação da Fundação da Casa de Bragança. É possível visitar tanto as áreas comuns, com pinturas, mobiliário e tapeçarias de época, além das, mais interessantes, áreas privadas e uma fascinante cozinha com uma infinidade de utensílios de cobre. Há, ainda, outros espaços, como a armaria e a área para carruagens, com ingressos pagos independentes.

Boa mesa além-mar
Para divulgar ainda mais o norte de Portugal, o guia Michelin daquele país foi lançado em um evento em fevereiro, no Porto. Nenhum restaurante entre os 46 estrelados obteve, ainda, a cotação máxima (três-estrelas). Entre os novatos a receberem distinção está o Blind, no Porto, com uma estrela e refeições em que o cliente a certa altura tem os olhos vendados. Desse restaurante, a chef Rita Magro, parceira do chef-empresário Vítor Matos, faz parte de um projeto da companhia aérea TAP, em que, na classe executiva de voos longos a partir de Lisboa, serve menus de chefs portugueses.


Publicado em VEJA São Paulo de 17 de abril de 2025, edição nº 2940.
BAIXE O APP COMER & BEBER E ESCOLHA UM ESTABELECIMENTO:
IOS: https://abr.ai/comerebeber-ios
ANDROID: https://abr.ai/comerebeber-android