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Notas Etílicas - Por Saulo Yassuda

Por Saulo Yassuda Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
O jornalista Saulo Yassuda cobre cultura e gastronomia. Faz críticas de bares na Vejinha há dez anos. Dá pitacos sobre vinhos, destilados e outros assuntos
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Bolo de cenoura americano, escuro e com cream cheese, vira queridinho

Diferente da versão ‘laranjinha’ brasileira, a receita gringa com sabor de especiarias não leva cobertura de chocolate e se espalha por confeitarias de SP

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9 fev 2024, 06h00
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  • A massa é escura, com gostinho de especiarias e açúcar mascavo, e a cobertura, branca, geralmente feita com queijo cremoso. Isso é um bolo de cenoura, sim, mas trata-se da versão mais difundida nos Estados Unidos e que tem feito a cabeça de muitos confeiteiros da capital paulista.

    Não à toa, para diferenciá-la da receita nacional, muitos lugares o batizam em inglês: carrot cake. “Se usássemos o nome em português, o brasileiro remeteria ao nosso ‘laranjinha’, com chocolate em cima”, explica a confeiteira Marilia Zylbersztajn, que serve o primo gringo em sua doceria na Vila Madalena.

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    Bolo de cenoura à moda americana da By Kim Confeitaria, com ganache de cream cheese (Ricardo Dangelo/Veja SP)

    As diferenças entre o bolo de cenoura americano e o brasileiro

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    (Arte/Veja SP)

    Na receita estrangeira, a cenoura não é batida no liquidificador com outros ingredientes, mas sim ralada e incorporada à massa. “O sabor fica até mais proeminente”, diz Marilia, que adiciona também açúcar mascavo, tradicionalmente usado, assim como especiarias — a doceira opta por noz-moscada, gengibre, canela e uma pitada de cacau em pó. Na cobertura, um ajuste: troca o cream cheese por um do tipo mascarpone. “Dei uma sofisticada.”

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    Muitos profissionais consideram que a variação estrangeira é mais elaborada e com um toque de finesse. “Tem mais cara de sobremesa”, acredita Marilia. “Eu o levaria para uma festa mais adulta, em que todos gostassem de coisas diferentes”, exemplifica Veronica Kim, dona da By Kim Confeitaria, em Santa Cecília. Ali, ela prepara sua variação com camadas de creme com nozes picadas, no recheio e no topo. “Fazemos uma ganache com cream cheese, chocolate branco, creme de leite e um pouco de gelatina.”

    Onde comer bolo de cenoura americano

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    Bolo de cenoura americano da PAC Padaria (Ligia Skowronski/Veja SP)

    Se hoje está menos difícil encontrar a receita na cidade — lugares como o Futuro Refeitório e a Carmella Patisserie, em Pinheiros, e a Kez, em Higienópolis, são outras adeptas da massa escurinha —, ainda é necessário um longo trabalho de divulgação para popularizar a guloseima. “Explicamos o que é o bolo umas vinte vezes por dia”, conta Veronica Kim, meio brincando, meio séria.

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    Mesmo lugares que servem a pedida brasileira têm dividido as atenções da clientela com o bolo gringo. Na PAC — Para Acompanhar o Café, em Perdizes, a confeiteira Maria Carolina Batisteli de Mello faz as duas opções, mas a americana é a que tem mais saída. “Em geral, o pessoal mais jovem conhece mais”, revela.

    No Cenoradas, com quatro unidades na cidade, onde a massa laranjinha faz sucesso em diferentes formatos, como na marmita e em tablete, é vendida, desde julho, a variação americana, que também teve sua adaptação — leva cobertura de doce de leite. “Fizemos uma versão mais abrasileirada”, explica a fundadora Marília Lima, que nunca tinha provado o doce até um cliente perguntar por ele, no ano passado.

    “Hoje, o carrot cake é meu preferido, até porque eu amo especiarias”, confessa ela, que vende o doce estrangeiro por encomenda e apenas na embalagem acrílica. “Fica mais chique”, justifica. “É para uma galera que tem o paladar um pouco mais gourmet.”

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    Apesar do sucesso gringo, ele está longe de tomar o lugar do nosso bolinho de cenoura com cobertura de chocolate. “Tem espaço para o novo”, acredita Veronica. “São coisas totalmente diferentes.”

    Endereços

    Publicado em VEJA São Paulo de 9 de fevereiro de 2024, edição nº 2879

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