Apesar do mercado de shows ter esfriado em relação aos anos anteriores, não faltaram boas opções para os fãs de música ao longo do ano. Teve ex-beatle inaugurando estádio novo, banda de stoner rock quebrando tudo na Barra Funda, sanfoneiro honrando o espaço deixado vazio com a morte Dominguinhos e por aí vai. A seguir, a minha lista com os cinco espetáculos que assisti e mais gostei, além de outros quatro que valem a menção.
1. Paul McCartney no Allianz Parque (25 e 26 de novembro)
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Não tem jeito. Paul McCartney fez o show mais importante do ano. O eterno Beatle encantou na estreia do Allianz Parque, nova casa do Palmeiras, que pode se tornar o principal espaço de grandes eventos da cidade. Mas não foi só a relevância da ocasião que o colocou na primeira posição da lista: as duas apresentações foram divertidíssimas e agradaram as mais diversas faixas de idade que foram ao estádio prestigiá-lo.
2. Queens of The Stone Age no Espaço das Américas (25 de setembro)
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Não é a minha banda favorita, longe disso, mas é inegável a qualidade do espetáculo feito pelo canastrão Josh Homme e por seus companheiros de grupo. Eles mostraram aos paulistanos a turnê de … Like Clockwork (2013), o excelente sexto disco de estúdio. Quem esgotou os oito mil ingressos colocados à venda para a apresentação no Espaço das Américas não se arrependeu.
3. Allen Toussaint no Parque do Ibirapuera e no Bourbon Street (16 e 19 de agosto)
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Depois de 21 anos, o Bourbon Street segue como o principal refúgio do jazz na cidade. O já tradicional Bourbon Street Fest, realizado no Parque do Ibirapuera e na casa de shows de Moema, teve neste ano o brilhante Allen Toussaint como atração principal. Nas exibições, o americano de Nova Orleans esbanjou simpatia e destreza no piano em canções como Fortune Teller e Southern Nights.
4. Mestrinho na Choperia do Sesc Pompeia (10 de outubro)
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O sanfoneiro sergipano de 26 anos é um dos músicos mais talentosos de sua geração. Ele foi requisitado por gente como Elza Soares, Elba Ramalho, Mariana Aydar e Gilberto Gil antes de lançar o primeiro disco solo, Opinião, neste ano. O trabalho o levou a se apresentar em lugares bem diferentes entre si, como o Bourbon Street e a Choperia do Sesc Pompeia, além do circuito de forró da cidade – sempre para um público bem numeroso. Faz sentido: o disco é eclético e flerta com a MPB e com o jazz. Há quem diga que o ele seja herdeiro natural de Dominguinhos, morto em 2013, que foi seu amigo.
5. Gilberto Gil no Theatro Net (16 de julho)
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A solução encontrada por Gilberto Gil para driblar a idade e a perda da força da voz foi apostar no banquinho e no violão. Neste ano, lançou Gilbertos Samba (2014), apenas com versões de músicas que ficaram famosas na voz sussurrada e no violão sincopado de João Gilberto. O que poderia ser apenas um truque se tornou uma homenagem sincera e bem interessante. O baiano ousou nos arranjos e deu novo fôlego a composições como Desafinado e Doralice. Para tanto, cercou-se de músicos jovens como o filho Bem Gil (violão, guitarra, percussçai e flauta), Domenico Lancelotti (bateria e percussão) e o já citado Mestrinho para conceber um ótimo espetáculo, no qual é possível até perdoar os devaneios intermináveis do artista principal.
Bônus:
Erasmo Carlos no HSBC Brasil (6 de setembro)
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Gigante Gentil, último disco de Erasmo Carlos, foi lançado neste ano. Era grande a expectativa em torno da apresentação das novas faixas na cidade em maio, mas a morte do filho Alexandre Pessoal, às vésperas da ocasião, fez com que o show fosse cancelado. Como ele mesmo disse, “a vida continua”, e o trabalho só foi lançado por aqui quatro meses depois. Valeu a espera. O guitarrista Luis Sérgio Carlini foi convocado para tocar junto à banda do Tremendão as novidades e os sucessos Festa de Arromba e Mesmo Que Seja Eu. Outra presença ilustre foi a de Marcelo Jeneci, que tocou e cantou Sentado à Beira do Caminho. Agora, a ansiedade é grande em torno do especial no Tom Jazz com os “lados B” lançados por Erasmo nos anos 70 – a melhor fase da carreira do artista.
The Hives na Arena Anhembi e no Cine Joia (14 e 16 de novembro)
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É difícil explicar para quem não viu esses suecos ao vivo como é possível uma banda tão mediana em estúdio realizar um show tão excepcional. Neste ano, eles voltaram à cidade para abrir o show do Arctic Monkeys e se apresentar sozinhos no Cine Joia. Na primeira ocasião, simplesmente ofuscaram os apáticos ingleses. Já na exibição-solo, que encerrou a turnê do quinteto, deixaram ainda menor a já pequena casa de shows da Liberdade. Veja o que fez o vocalista no vídeo acima e tenha uma breve noção do que aconteceu naquele dia. Se eles voltarem para cá, não deixe de assisti-los.
Lollapalooza no Autódromo de Interlagos (5 e 6 de abril)
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A terceira edição brasileira do festival foi a que, até hoje, apresentou o melhor lineup. Ficou difícil para quem foi ao Autódromo de Interlagos decidir entre as diversas atrações que se espalharam pelo local. O primeiro dia foi ótimo, com Nine Inch Nails, Phoenix, Lorde, mas o segundo conseguiu ser melhor. Das novatas do Savages até os veteranos de Pixies, Soundgarden e Arcade Fire, a escalação foi muito acertada. O genial guitarrista Johnny Marr, ex-The Smiths e recém lançado na carreira solo, fez uma das apresentações mais marcantes: ele tocou enquanto ainda se recuperava de uma fratura na mão.
METZ no Audio Club (15 de maio)
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Em maio, São Paulo recebeu o Sub Pop Festival, que relembrava o legado da histórica gravadora de Seattle. Os astros da noite deveriam ser os integrantes do Mudhoney, banda que fez parte da era de ouro do selo, mas quem roubou a cena foram os canadenses do METZ. Com um som brutal, eles mostraram as faixas do primeiro e até agora único disco, homônimo (2012). A surpresa do ano.