Quando falamos em vinhos sul-americanos, pensamos primeiramente em Chile e Argentina, além de Brasil, esquecendo por vezes do pequeno Uruguai. Nossa antiga província Cisplatina corre por fora produzindo alguns dos melhores vinhos do continente, em estilo próprio.
A presença do Uruguai ainda é pequena em nosso mercado. Ocupa a sétima posição no ranking dos importados, com market share de 2,5%. Para eles, contudo, o Brasil é de extrema importância, já que somos o principal mercado do país, destino de 65% de suas exportações de vinhos.
O diferencial do Uruguai
O estilo dos vinhos uruguaios tem menos afinidade com Chile e Argentina do que com Brasil e algumas regiões europeias. Isso se dá primeiro por seu clima mais úmido — chove cerca mais de 950 mm anualmente em Montevidéu –, e depois por sua proximidade ao oceano Atlântico. O período mais intenso ocorre durante o verão.
A quase totalidade das vinhas uruguaias está a poucos quilômetros das águas frias das correntes das Malvinas. Como resultado, temos vinhos de estrutura de guarda, frescor e elegância.
A domesticação da tannat
Acompanho os vinhos uruguaios com visitas ao país desde o início dos anos 2000. A evolução é notável. Outrora provar tannats uruguaios jovens era tarefa masoquista, como extrair um dente sem anestesia. Esta transformação foi gradual e consequência de vários fatores. A adoção de novas técnicas no trato do vinhedo e na produção dos vinhos, como redução de rendimentos (quantidade de quilos de uva obtida por videira), melhor exposição dos cachos ao sol, colheita mais tardia, macerações mais suaves e a frio, melhor uso das barricas de carvalho e, em alguns casos, o uso de micro-oxigenação, técnica de injetar pequenas quantidades de oxigênio no vinho em seu estágio de amadurecimento, antes do engarrafamento.
Hoje, provar um tannat uruguaio pode ser um deleite. Alguns dos melhores exemplares são finíssimos e soberbamente macios, desde a juventude.
Os melhores vinhos do Uruguai
Em recente viagem ao Uruguai, visitei dezenas de produtores e degustei perto de 200 vinhos, das 24 mais renomadas bodegas, de várias regiões do país. Os tintos dominaram as provas com 68% do total, dos quais 45% eram tannat e 32% blends com tannat.
Veja abaixo os que elegi como melhores e destaques, com notas até 100.
TOP 10 TANNAT
96 – Axis Mundi 2011 – Pisano
96 – Tannat Single Vineyard 2018 – Garzón
95 – Luis A. Giménez Super Premium 2013 – Gimenez Mendez
95 – Tannat Gran Reserva A 2015 – Marichal
95 – Il Nero 2011 – Antigua Bodega Stagnari
95 – Tannat B28 Parcela Unica 2017 – Bouza
94 – Elisa’s Dream Barrica Abierta 2015 – Viña Progresso
94 – Arretxea 2011 – Pisano
94 – Catamayor Single Barrel 2011 – Castillo Viejo
94 – Single Vineyard Tannat 2017 – Garzón
94 – Petit Clos Tannat 2018 – Garzón
TOP 10 BLENDS TINTOS
96 – Monte Vide Eu 2018 – Bouza
96 – Balasto 2016 – Garzón
95 – Balasto 2017 – Garzón
95 – Familia Deicas Preludio 1999 – Juanicó
94 – Familia Deicas Preludio 2015 – Juanicó
94 – Tempranillo Tannat 2018 – Bouza
94 – Monte Vide Eu 2017 – Bouza
94 – Cerro Negro 2017 – Viña Edén
93 – El Preciado 2016 – Castillo Viejo
93 – Primo 1 2015 – Pizzorno
93 – Tonel Diez NV – Spinoglio
DESTAQUES BRANCOS
92 – Petit Clos Albariño 2019 – Garzón
92 – Marsanne 2019 – De Lucca
92 -100 Años Reserva Familiar Sauvignon Blanc 2019 – Gimenez Mendez
DESTAQUES TINTOS DE OUTRAS CASTAS
94 – Cetus Syrah 2013 – Alto de la Ballena
94 – Merlot B9 2017 – Bouza
93 – Petit Clos Cabernet Franc 2017 – Garzón
DESTAQUES ROSADOS
91 – Pinot Noir Blanc de Noir Chardonnay 2018 – Marichal
91 – Pinot Noir Rosé 2019 – Garzón
DESTAQUES ESPUMANTES
92 – Brut Nature 2015 – Varela Zarranz
92 – Brut Nature- Vinã Edén
DESTAQUE VINHO DE SOBREMESA
91 – Licor de Tannat 2019 – Viña Edén
REVELAÇÃO – DESCOBERTA
92 – Tannat Extremo 2018 – Leonardo Falcone
Um ranking com os Top-100 vinhos provados está disponível no www.marcelocopello.com
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