A prática de colocar gelo nos vinhos é tradicional em algumas regiões e já ganhou produtos feitos especialmente para isso. Quem nunca pecou que atire (na taça) a primeira pedra (de gelo).
Em uma recente viagem para ser jurado em um concurso internacional de vinhos na Argentina, vivenciei um fato que me fez refletir. Após as provas do concurso pela manhã, fomos a um almoço ao ar livre, em um lindo e quente dia de sol.
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Nos foi servido um branco, torrontés, com uma ponta de doçura, e que não estava resfriado. À mesa estavam grandes degustadores profissionais e, ao meu lado, Claudia Quini, ex-presidente da OIV, entidade mundial máxima do vinho. Ela pediu à garçonete um balde com gelo e dele todos se serviram naturalmente, colocando as pedras em seus copos com vinho.
Eu estranhei e indaguei. De forma serena e elegante, Claudia me disse ser uma simples questão de bom senso, além de ser hábito local, afinal, fazia calor, o vinho estava quente e era despretensioso, com o único intuito de refrescar os paladares com um aperitivo. “Se ela pode, todos podem”, pensei.
De fato, a prática é controversa. De um lado, é hábito em muitos países, de outro, muitos veem como um ato hediondo, merecedor de linchamento em praça pública. nem tanto ao mar, nem tanto à terra, eu diria. Colocar gelo no vinho pede contexto, como o que eu vivi no relato acima.
A novidade, que nem é tão recente, é que a indústria do vinho abraçou esta causa e têm lançado produtos especialmente criados para receber gelo, que normalmente trazem o nome ice (gelo) no rótulo.
Mas quais vinhos se adaptam melhor ao gelo? Brancos, rosés e espumantes, que precisam ser servidos mais resfriados que os tintos, e preferentemente com alguma doçura.
É inevitável que o vinho seja um pouco diluído, à medida que as pedras derretam. Desta forma, a adição de gelo pode ser menos impactante em líquidos mais aromáticos e com um conteúdo maior de açúcar residual. Em última análise, o gosto por vinho com gelo é pessoal. O mais importante é apreciá-lo da maneira que traga satisfação ao consumidor. Valerá sempre o bom senso.
La Crama Feteasca Neagra Rosé 2021 Da Romênia, elaborado pelo produtor Alexandrion, da região de Dealu Mare. É feito com a uva local feteasca neagra. Cor de rosa intenso. Aroma frutado, notas de morango e cereja. Paladar leve, fresco, com acidez bem presente e alguma doçura. Ficará bem com gelo. R$ 59,90, na Evino.
Espumante De Vergy Prestige Premium Ice Edition Blanc Borbulhante criado para ser consumido com gelo ou em coquetéis. Elaborado em tanques de inox com uvas colombard e chardonnay. É leve e frutado, com apenas 11% de álcool, aromas cítricos e florais, com notas de abacaxi. É leve, cremoso e meio doce, de modo a não parecer tão diluído com gelo. R$ 94,00, na Wine.
Espumante Dadá de Finca Las Moras Nº 7 Pink Sweet Da vinícola Finca Las Moras, de San Juan, na Argentina. Elaborado com torrontés (98%) e malbec (2%). Cor de rosa intenso. Aroma frutado e floral, com notas de rosa, morango e cítricos. Paladar com apenas 5,5% de álcool e doçura pronunciada, perfeito para gelo ou para coquetéis. R$ 70,47, na Wine.
Portada Winemaker’s Selection Rosé 2022 Da DFJ vinhos, de região de Lisboa, feito com uvas caladoc, castelão, shiraz e tinta roriz, entre outras. Cor de cereja intensa. Aroma de boa intensidade, com notas de ervas, maçã, geleia de morango, cítricos. Paladar leve e fresco, com 12% de álcool, boa maciez, ponta de doçura. R$ 69,90, na Evino.
Publicado em VEJA São Paulo de 12 de janeiro de 2024, edição nº 2875
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