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Vinho e Algo Mais

Por Por Marcelo Copello Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Especialista na bebida, Marcelo Copello foi colunista de Veja Rio. Sua longa trajetória como escritor do tema inclui publicações como a extinta Gazeta Mercantil e livros, entre eles "Vinho e Algo Mais" e "Os Sabores do Douro e do Minho", pelo qual concorreu ao prêmio Jabuti
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Perfumes de rosa, frutas cítricas e lichia: conheça os vinhos de torrontés

A única uva original da Argentina surgiu do cruzamento de outras duas variedades. Veja dicas do que beber

Por Marcelo Copello
1 dez 2023, 06h00
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  • Em recente visita a Argentina, tive a honra de ser jurado no IV Concurso Nacional del Torrontés Riojano e de degustar e aprender muito sobre esta que é a única uva/casta original da terra do tango.

    Enquanto a malbec, cepa mais famosa por lá, é de origem francesa, a torrontés nasceu no país vizinho, fruto de um cruzamento natural entre a muscat de alexandria com a criolla chica (também chamada de mission, na Califórnia).

    Esta uva branca tem algumas variantes: a torrontés riojano (original da província argentina de La Rioja), a mendocino (original de Mendoza) e a sanjuanino (de San Juan).

    Embora os rótulos normalmente tragam apenas o nome “torrontés”, na maioria das vezes trata-se de torrontés riojano, que responde por 80% da área plantada, e quase toda uva se destina a produção de vinho, enquanto as variações sanjuanino (15%) e mendocino (5%) são mais utilizadas para consumo in natura.

    Confusão se faz, pois os vinhos da variante riojano não são elaborados apenas em La Rioja, sua província de origem, mas em todo o país. Os brasileiros amam torrontés. Nosso país é o principal destino das exportações dos vinhos argentinos dessa cepa, com 15% do total, seguido por Suécia (12%) e EUA e Canadá (8% cada um).

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    O que encanta nesta casta é seu perfil perfumado, fresco e alegre, com notas típicas de rosa, cítricos e lichia. Normalmente, falamos de bebidas leves, os varietais brancos secos principalmente, mas também blends com outras castas brancas, os rosados (com pequena adição de tintos), os espumantes brancos ou rosados, os meio-doces e as opções de sobremesa.

    Poucos sabem que o torrontés deu uma guinada a partir do início dos anos 2000. Até então, a qualidade, e, sobretudo, o estilo do torrontés riojano, feito em todo o país, era altamente irregular.

    Quem virou este jogo foi Rodolfo Griguol, enólogo da cooperativa La Riojana e primeiro argentino a ter o título de PhD em enologia. Ele liderou um profundo trabalho de pesquisa das leveduras nativas encontradas nas uvas torrontés, realizado no Brasil, na Universidade de Caxias do Sul, selecionando e testando mais de 23 000 clones, até conseguir a levedura ideal, que gerava vinhos de qualidade consistente e com um estilo único, sem amargores, aromático e com a tipicidade que se espera de um bom torrontés riojano. Esta levedura, batizada de LRV 945 (o LR se refere a La Riojana), foi patenteada e é utilizada em todo o país, dando identidade e estilo ao vinho.

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    CAVA NEGRA TORRONTÉS 2023 Da Bodega Barberis, de Mendoza. Feito com 100% torrontés, sem madeira. Cor amarelo palha, com aroma fresco, floral, cítricos, com notas de rosas e maçã verde. Paladar leve, fresco, macio, com 13,4% de álcool e acidez moderada. R$ 45,77, na Wine.

    ESPUMANTE DADÁ DE Nº 7 PINK SWEET 2020 Da bodega Finca Las Moras. Elaborado com torrontés e pequeno percentual de malbec, com uvas da região de San Juan, na Argentina. Cor de rosa “pink”. Aroma floral de rosas. Paladar adocicado, com apenas 5% de álcool, para aperitivo, piscina ou sobremesa. R$ 50,47, na Wine.

    VILLA DEL NEVADO TORRONTÉS 2023 Feito com 100% torrontés da região de Mendoza. Amarelo palha na cor. No nariz tem bom ataque, com as típicas notas de flores (rosas) e de frutas como limão, abacaxi e maçã verde. Paladar leve, com textura macia, 13% de álcool e bom frescor. R$ 59,90, na Evino.

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    Publicado em VEJA São Paulo de 1 de dezembro de 2023, edição nº 2870

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