Uma das tendências do momento no mercado do vinho no Brasil é a chamada “premiunização”. A expressão se traduz como uma sofisticação dos consumidores, que estão comprando vinhos de uma faixa de preço um pouco mais alta, situada entre o que chamamos de baixo custo e os de luxo.
Esse aparente amadurecimento dos fãs da bebida aponta para um crescimento dos vinhos europeus. É uma tendência que vem de vários anos e aumenta gradualmente. Muitos importadores estão focando, cada vez mais, em atender essa demanda, incrementando seus portfólios com garrafas dessas origens.
O brasileiro está entendendo mais do assunto, viaja mais, em especial no pós-pandemia, e por conta disso começou a conhecer mais a produção do chamado Velho Mundo. Afasta-se assim das etiquetas mais comerciais e conhecidas para explorar rótulos de regiões menos famosas, mas ricas em história e qualidade. Essa busca por novas experiências abre portas para vinhos de pequenas origens europeias.
Até há bem pouco tempo, apenas a uva funcionava como guia. Hoje, mais pessoas estão descobrindo as microrregiões da Europa. Na França, por exemplo, há boas descobertas de subregiões como Faugères, Minervois, saint-Chinian, Corbières ou Fitou (todas do Languedoc); Bandol (Provence); Cahors e Madiran (sudoeste); Chinon, Saumur e Bourgueil (Loire); Gigondas (Rhône).
Na Itália, um universo. Uns poucos exemplos: Etna (Sicília); Gavi (Piemonte); Sagrantino di Montefalco (Umbria); Valtellina (Lombardia); Roso Conero (Marche); Collio (Friuli); Aglianico del Vulture (Basilicata); Vernaccia di San Gimignano (Toscana).
Na Espanha, inúmeras possibilidades, começando pelo nordeste com Bierzo, Ribeira Sacra, Rías Baixas, Valdeorras (Galícia); Montsant, Costers del Segre, Terra Alta (Catalunha); Toro e Cigales (Castilla y León); Campo de Borja (Aragón); Jumilla e Yecla (Murcia); Utiel-Requena (Valencia); além dos vinhos de Madrid.
Portugal, embora geograficamente menor e com vinhos mais conhecidos dos brasileiros, ainda guarda surpresas como Tejo, Península de Setúbal, Lisboa, Bucelas, Beira interior ou Algarve. O mercado nacional está em um momento de descobertas. O interesse pelas pequenas DOCs europeias é um reflexo de um consumidor mais informado e exigente, que busca autenticidade, qualidade e novas experiências sensoriais.
Grosso Agontano Riserva 2016 Do produtor Garofoli, um D.O.C. Rosso Conero, da região do Marche, no centro da Itália, elaborado 100% com a casta montepulciano, com passagem de doze meses por barris de carvalho. Cor rubi bastante escura. Aroma intenso de cereja, madeira, chocolate, tabaco, pimenta. Paladar encorpado, com boa presença de taninos e acidez, elegante e gastronômico. R$ 449,90, na Grand Cru.
Fariña Edicion Limitada Crianza 2020 Da Bodegas Fariña, de Toro, na Espanha. Elaborado com tinta de toro (tempranillo) e garnacha, com oito meses em barrica de carvalho americano. Rubi escuro. Aroma de frutas vermelhas, morango, tabaco, chocolate, baunilha, cravo. Paladar de médio-bom corpo, com taninos doces, 14% de álcool, acidez média. Bom conjunto. R$ 176,35, na Wine.
Viñas de Paniza Gran Reserva 2017 Da Bodegas Paniza, na D.O. Cariñena, no noroeste da Espanha. Elaborado com a casta cariñena (que dá nome a região), com passagem por madeira. Aromas de cereja, framboesa, chocolate, figo, cravo, café. Paladar de médio-bom corpo, com taninos macios, acidez moderada. R$ 119,90, na Evino.
Arcane L’Hermite Gigondas 2016 Do produtor Xavier vignon, elaborado com 80% grenache, 7% mourvèdre e 5% syrah, da excelente safra de 2016, com estágio de doze meses em barricas. Aroma rico, complexo, com muitas especiarias, tabaco, amora, chocolate amargo, defumados, alcaçuz. Paladar encorpado e muito macio, acidez moderada e equilibrada. Delicioso. R$ 609,90, na Grand Cru.
Publicado em VEJA São Paulo de 15 de agosto de 2024, edição nº 2906.
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