Um endereço emblemático da culinária judaica está prestes a reabrir em São Paulo. Ou melhor, uma versão renovada. Com múltiplos nomes no passado, o Shoshana Delishop vai retornar ao ponto original no Bom Retiro, onde foi inaugurado em 1991 pelo casal Shoshana e Adi Baruch (ele, falecido em 2021). Aliás, o nome rende uma homenagem à ex-proprietária.
Desta vez, a empreitada está nas mãos de Benjamin Seroussi, diretor do Centro Cultural Casa do Povo, na Rua Três Rios e pertinho do restaurante. Ele se juntou aos amigos Arthur Hirsch e Ines Mindlin Lafer e se tornaram os líderes do negócio que reúne ainda outros vinte investidores.
Com previsão de abertura em soft opening em 18 de agosto, o restaurante tem pratos de sua antiga proprietária, Shoshana, que hoje está à frente apenas da Casa Búlgara, fundada por sua mãe, Lina Levi (1927-2018), em 1975, também a poucos passos de lá.
As receitas estão sendo revisadas por Clarice Reichstul, da deli da Paca Polaca (hoje dedicada a eventos) e Graziela Tavares (do extinto Sabiá), a chef que vai tocar a cozinha no dia a dia.
“É o último restaurante judaico do Bom Retiro e talvez da cidade”, acredita Clarice. A cozinheira e pesquisadora conta que entra com a expertise da culinária judaica e Graziela com seu conhecimento de comida de boteco. “Brinco que é um izakaya judaico”, diverte-se Clarice.
A proposta é ter um cardápio que, de alguma forma, vai reinterpretar a mostrar a diáspora judaica. “Não é exclusivamente ashkenazi, nem sefardita, nem israelense. Tem influência de todos os lugares”, adianta Clarice.
Na seção de entradas, haverá itens para compartilhar como arenque, salada de feijões, saladinha de repolho da Shoshana. “Teremos também o corned beef, o primo do pastrimi não defumado, mas curado em salmoura e cozido com especiarias”, conta ela.
Clarice também alerta que se trata de um cardápio bem reduzido. São só cinco pratos principais. “Não pode faltar a língua, uma especialidade da Shoshana. Fizemos vários testes e vamos servir com varenique com salada”, revela. Para quem está com saudade do varenique, aquele ravióli encontrado na Europa Central e de Leste, esse será recheado de batata.
Outra pedida herdada da antiga proprietária é a shpondra, a costela de ponta de agulha na companhia de ferfel, massinha curta refogada com gordura de galinha à qual se acrescenta caldo de galinha e cebola caramelada.
A mamaliga traduz-se como uma polenta com cogumelos confitados no azeite e ricota de produção própria e o schnitzel, a tradicional milanesa, aparece em duas de versões, uma de frango e outra vegana de berinjela. Ambas chegarão à mesa com salada de batata.
Finalizam as escolhas salgadas o filé de peixe do dia com purê de couve-flor e raiz-forte mais cenoura adocicada e uma espécie de vinagreta de radicchio.
Além do pudim de leite do Shoshana, haverá uma sobremesa de laranja-baia sem casca, cortada ao meio e feita brulée (queimada) com cardamomo batido com açúcar mais água de flor de laranjeira e farofinha de biscoito de azeite.
Reforçando, caso não haja mais atrasos, o Shoshana Delishop ergue as portas em soft opening no dia 18 de agosto “No dia 25, abrimos pra valer”, garante Clarice. Na sexta, por enquanto o único dia em que haverá jantar, promete um menu intitulado boteco shabat (o pôr do sol da sexta, quando tem início o dia do descanso judaico). É noite dedicada à petiscagem em estilo judaico. A conferir.
Shoshana Delishop.
Rua Correia de Melo, 206, Bom Retiro. Instagram: shoshana_delishop.
Horário: 11h30/15h (sex. também jantar 17h/23h; sáb. até 17h; dom. 10h/16h; fecha seg.).
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