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Blog do Lorençato

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O editor-executivo Arnaldo Lorençato é crítico de restaurantes há mais de 30 anos. De 1992 para cá, fez mais de 16 000 avaliações. Também comanda o Cozinha do Lorençato, um programa de entrevistas e receitas. O jornalista é professor-doutor e leciona na Universidade Presbiteriana Mackenzie

Fabrizio Fasano foi um dos maiores expoentes da gastronomia paulistana

Vencido pelas complicações do alzheimer, o empresário faleceu, aos 83 anos, no último sábado (24)

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Atualizado em 20 jan 2022, 14h26 - Publicado em 30 nov 2018, 06h00
O restaurateur em foto de 2007: teve vários negócios no ramo, como uma importadora de vinhos (Selmy Yassuda/Veja SP)
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Fabrizio Fasano na enoteca que vai inaugurar no Shopping Fashion Mall, em São Co.jpg
O restaurateur em foto de 2007: teve vários negócios no ramo, como uma importadora de vinhos (Selmy Yassuda/Veja SP)

Seria muito simplório definir o italiano Fabrizio Fasano apenas como um grande restaurateur. Vencido pelas complicações do alzheimer, na madrugada de 24 de novembro, o carismático empresário teve uma carreira singular, que não se ligava somente à gastronomia, embora ele tenha dedicado as últimas décadas de sua vida a oferecer o melhor da boa mesa nos restaurantes com a grife familiar.

Fabrizio era o terceiro na linha sucessória de restaurateurs da Lombardia iniciada no despontar do século XX em São Paulo, quando seu avô Vittorio Fasano começou a preparar receitas de alta culinária na Brasserie Paulista, bem no centro da cidade — no mesmo local onde está hoje a Casa Mathilde. Fabrizio seguiu os passos do pai, Ruggero, e teve seu grande aprendizado num estabelecimento que fez história na capital, o Jardim de Inverno Fasano, instalado em uma ampla área do Conjunto Nacional, com um conjugado de bar, restaurante, confeitaria, salão de festas, bufê e boate. Foi ali que o jovem milanês, formado nos Estados Unidos, pôde recepcionar importantes astros internacionais que vinham se apresentar na TV Record. Recebeu Marlene Dietrich e Jane Russell e pôs no palco Nat King Cole, quase apagado por um pileque.

Quando esse empreendimento foi encerrado, no fim da década de 60, Fabrizio teve uma experiência na Editora Abril, que publica VEJA SÃO PAULO na direção comercial de revistas como a CAPRICHO da fase das fotonovelas. Com dois amigos, fundou depois a editora Três, da qual se desligou para se tornar um dos mais bem-sucedidos fabricantes de bebidas do país. Seu maior sucesso foi o uísque nacional Old Eight, que fez dele um milionário. Após vender a marca a uma multinacional, criou o Brazilian Blend, que por causa de um problema na fórmula o levou à falência. A volta por cima foi com o restaurante com o nome da família totalmente devotado à cozinha italiana, hoje em seu terceiro endereço e instalado em um hotel nos Jardins.

Tinha a seu lado o filho Rogério, um jovem que sonhava em ser cineasta mas se transformou em um dos maiores restaurateurs que a cidade conheceu — hoje, ele comanda mais de vinte endereços dedicados à gastronomia. Outra característica marcante de Fabrizio era ter o tom da elegância. “Ele nunca reclamava. Estava sempre impecável às 9 da manhã, de terno e gravata, mesmo após noitadas regadas a muito uísque”, lembra Rogério, com carinho.

Além do filho parceiro nos negócios, Fabrizio deixou o primogênito Fabrizio Jr, que se tornou um rosto conhecido nacionalmente ao participar do reality de gastronomia Bake Off Brasil, levado ao ar pelo SBT, e, no momento, pela competição televisiva 1 por Todos, em cartaz na Band, e a caçula, Andrea, dona de um dos mais refinados bufê da cidade com sede num belo imóvel do Itaim. E ainda a viúva Daisy e os netos Camila, Carolina, Caetano, Anna e Vittorio, além dos gêmeos Antonioni e Lorenzo.

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