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OLÁ,

Chef do Kinoshita é tema de livro de viagem e gastronomia

Publicação narra trajetória do chef Tsuyoshi Murakami, eleito número 1 de sua categoria por VEJA SÃO PAULO COMER & BEBER

Por Da Redação
Atualizado em 1 jun 2017, 18h14 - Publicado em 26 Maio 2012, 00h50
Murakami conversa com agricultor - 2271
Murakami conversa com agricultor - 2271 (Masaharu Hatta/)
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Na infância e na adolescência, passadas no Rio de Janeiro, o garoto japonês Tsuyoshi Murakami era avesso aos estudos. Aluno do tradicional Colégio Pedro II, no bairro de São Cristóvão, ele repetiu a 5ª, a 7ª e, por duas vezes consecutivas, a 8ª série. Essa sequência de reprovações funcionou como um passaporte para ele ganhar uma profissão. “Por ter sido expulso da escola, meu pai me mandou para o Japão, onde fui ser aprendiz de cozinheiro aos 19 anos. Ele achava que essa seria uma boa carreira para mim”, recorda-se Murakami, que se tornaria um craque na arte culinária e um dos mais premiados cozinheiros da cidade.

+ Confira uma receita e mais fotos publicadas no livro

A trajetória do chef, eleito o número 1 de sua categoria pela edição especial “Comer & Beber” de VEJA SÃO PAULO de 2008, está descrita no livro “Kinoshita e o Jazz de Murakami” (252 páginas; 160 reais), que será lançado na terça (29), a partir das 19 horas na Livraria da Vila dos Jardins. Publicado pela editora BEI, o trabalho conta a história do cozinheiro, com 28 receitas de sua criação registradas pelas lentes de Jonas Chun e fotografias de uma viagem pelo Japão, realizada no outono de 2010. Cada exemplar inclui ainda um DVD com vídeos do cineasta Marco Aslan, apoiados na trilha sonora de Benjamin Taubkin.

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Em formato de uma brochura dividida em duas partes, o livro tem um caderno apenas com fotos captadas por Masaharu Hatta durante as três semanas em que Murakami percorreu uma dezena de cidades do arquipélago japonês junto de seu sócio, o restaurateur Marcelo Fernandes, e do jornalista João Gabriel de Lima, autor do texto. Infelizmente, as imagens, que mostram visitas a mercados, lojas de alimentos, restaurantes, portos e produtores agrícolas, não têm legenda, o que priva o leitor de informações relevantes. Na história, fica-se sabendo que Murakami, três anos depois de seu nascimento, em 30 de outubro de 1968, na pequena Hakodate, na região de Hokkaido, migrou com a família para o Rio. Durante a passagem pela capital fluminense, ele ganhou os “esses” e “erres” que inundam sua voz abaritonada. Assim que o pai o despachou para Tóquio, em 1988, descobriu a paixão pela gastronomia com o mestre Masao Takagi, no Ozushi, endereço especializado em sushis. Da capital japonesa, Murakami rumou para Nova York, a metrópole da gastronomia nos Estados Unidos, e para Barcelona, um dos mais efervescentes polos culinários da Europa. Como uma parabólica, ele absorveu conceitos e tendências de cozinha, reproduzidos mais tarde no primeiro Kinoshita, na Liberdade, casa simples que pertencia ao sogro dele, Toshio Kinoshita.

+ Liberdade: maior reduto japonês fora do Japão

Murakami - Macarrão de trigo-sarraceno - 2271
Murakami – Macarrão de trigo-sarraceno – 2271 ()
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De auxiliar no restaurante, ele rapidamente chegou a titular do balcão de sushis. Além de montar combinados tradicionais, começou a afagar o paladar do público ao oferecer o omakassê, um banquete elaborado com os melhores ingredientes do mercado. Não se fala aqui de receitas convencionais. A seleção de pratos incluía limões recheados de microcogumelos temperados pela doçura do mirin (saquê para culinária) e costelinhas de cordeiro ao foie gras em estilo oriental. Embora fosse um sucesso, o restaurante fechou em dezembro de 2006, após o ponto ter sido pedido pelo dono do imóvel. Da Liberdade, o chef migrou para a casa homônima e cheia de glamour na Vila Nova Conceição, que costuma ficar lotada à noite desde a abertura, em 2008 (os almoços são mais tranquilos e têm preços menores).

+ Receita de Sunomono de Lichia do Kinoshita

O livro aposta em uma comparação entre Murakami e os grandes jazzistas. Como esses artistas, ele tem uma grande capacidade de improvisação e cria receitas diferentes o tempo todo. Por isso, uma das melhores maneiras de conhecer seu estilo é ocupar uma das cadeiras junto ao balcão. São os melhores lugares, mas também os mais caros. Uma refeição na mesa, que no jantar, em média, custa 300 reais, pode atingir facilmente quase o dobro quando se está nas mãos do chef, que defende o estilo kappo cuisine, ou alta gastronomia japonesa. Enquanto desfruta esses prazeres, o cliente pode ser surpreendido também pela cantoria do falante e extrovertido Murakami, que gosta de soltar a voz em sucessos como “My Way”, “What a Wonderful World” e até no “Hino Nacional” brasileiro, vertido para o japonês.

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