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OLÁ,

Salões de beleza de luxo apostam em mordomias para ganhar clientes

Mimar para fidelizar é o princípio para agradar os frequentadores

Por Fernanda Nascimento
Atualizado em 5 dez 2016, 18h58 - Publicado em 4 fev 2010, 15h18

A estudante Vitória Avesani celebrou seu aniversário de 14 anos num salão. De beleza. Ao lado de cinco amigas, experimentou um dia de princesa em meio aos secadores e apliques do Jacques Janine, na Vila Olímpia, fechado especialmente para a ocasião. “Foi um sucesso”, conta. As meninas tiveram direito a manicure, pedicure, penteado e maquiagem, num pacote que custa 1 200 reais (para dez pessoas). Caso a cliente queira incluir comida e bebida, o preço sobe para cerca de 2 500 reais. “Se pelo menos duas convidadas voltarem, saímos no lucro”, afirma Marcela Modena, coordenadora de marketing do Jacques Janine. Esse é um dos exemplos de uma tendência cada vez mais forte entre os cabeleireiros de luxo paulistanos: mimar para fidelizar.

A regra é fazer de tudo para agradar. Faz sentido — e muito —, considerando que o corte de cabelo nesses endereços estrelados custa, em média, 200 reais. Isso sem contar valores cobrados para lavar, secar, escovar, tingir… Enfim, aqueles extras que pesam no total da conta. “Aqui não existe a palavra ‘não’ ”, diz Marco Antonio de Biaggi, responsável pelas madeixas de uma pá de famosas e dono de um salão chique na Rua Estados Unidos. Vale mandar buscar revistas, roupas de grife ou quitutes preferidos. Um motorista fica à disposição para tais “emergências”. Se necessário, leva a cliente em casa, sobretudo em dias de chuva, a inimiga número 1 de qualquer penteado. O restaurante A Bela Sintra é convidado pelo menos duas vezes por mês para preparar petiscos como o célebre bolinho de bacalhau. Mas o sucesso do cardápio é o ice tea batido com menta, receita guardada a sete chaves por Biaggi. “No verão, as mulheres vêm até aqui só para tomar um copo e acabam fazendo as unhas ou cortando o cabelo”, conta. Seu concorrente Wanderley Nunes também apostou em comida como diferencial. No Studio W, no Shopping Iguatemi, a unidade da rede Wraps inaugurada em dezembro já recebe mais de 300 pedidos por dia, só cinquenta a menos que sua maior loja, no Itaim Bibi. Quatro garçons circulam por ali atendendo quem faz as unhas ou dá um trato nas madeixas. A empresária Maria Fernanda Conte Piedade sempre programa sua ida ao salão no horário do almoço, para economizar o tempo fora do escritório. “É muito prático fazer tudo em um lugar só”, diz. “Se deixei algo para consertar na ala de serviços, aproveito e peço para buscarem para mim.”

Seguindo a tendência de trazer nomes consagrados, o café do salão de Marcos Proença, no Jardim Paulistano, deve ganhar ainda neste mês macarons, folhados e panini da Le Vin Pâtisserie. As delícias poderão ser degustadas no jardim, o espaço mais charmoso da casa, onde os visitantes são atendidos longe do barulho dos secadores. Já o EV Beleza, na Rua Augusta, reserva um ambiente no mezanino para quem deseja privacidade na hora de se arrumar para uma festa ou casamento. Grupos com mais de cinco pessoas ganham uma garrafa de champanhe. Aliás, trocar o cafezinho por uma taça de espumante é comum nesses templos da beleza. Nos fins de semana, a bebida é oferecida aos clientes no Ash Hair, no Jardim América, point de poderosas da família Safra. Há também uma mesa de doces e bolachinhas. “Tudo o que a gente puder fazer ainda é pouco”, rasga seda um dos sócios, o cabeleireiro Beto Silva. “Temos de proporcionar algo novo sempre.”

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