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Michel Melamed: “O espaço entre arte e o entretenimento é uma falácia”

Diretor estreia a peça “Adeus à Carne ou Go to Brazil” neste sábado (7), no Teatro do Sesc Santana

Por Adriano Conter
Atualizado em 5 dez 2016, 17h03 - Publicado em 5 jul 2012, 18h19
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  • Dramaturgo, ator e diretor, Michel Melamed volta com mais uma de suas provocações, a peça “Adeus à Carne ou Go to Brazil”, com estreia prometida para este sábado (7), no Teatro do Sesc Santana.

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    A comédia dramática explora diversas linguagens como teatro, dança, música, literatura e artes visuais. O desfile de uma escola de samba, com as diversas alas, é usado para encadear cenas que expõem temas do Brasil como violência, comunicação de massa e religião.

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    Abaixo, Melamed fala sobre o espetáculo e comenta o sucesso de sua outra montagem, “Seewatchlook”, uma série de cenas inusitadas realizadas em uma via de Nova York, próxima ao parque High Line, para a surpresa de espectadores desavisados. Uma bailarina na ponta dos pés, um cachorro vestido como prisioneiro de Guantánamo e um paparazzo correndo atrás de uma estrela foram apenas alguns dos personagens que chamaram a atenção não só dos transeuntes, mas de veículos como o “The New York Times”, que dedicou uma capa de seu caderno de cultura à montagem.

    VEJA SÃO PAULO – A falta de diálogos em “Adeus à Carne” serve para valorizar outras linguagens que compõem a peça, como a dança e a música?
    Michel Melamed —
    Sim. É um procedimento, um mecanismo para ser menos persuasivo, estimular a imaginação. Foi algo que descobrimos durante a montagem, que parecia sempre mais rica quando eliminávamos o texto.

    VEJA SÃO PAULO — Dispensar o texto foi algo que ganhou importância após você dirigir “Seewatchlook”, em Nova York?
    Michel Melamed —
    Jamais vou deixar o texto: sempre estive debruçado sobre esta atividade. Mas há relação com “Seewatchlook” quando o observador se torna responsável por criar o conteúdo. “Adeus à Carne” é sobre o Brasil. Um olhar poético a respeito de situações duras. É uma contradição. Quanto mais dura uma situação, mais é preciso um olhar poético para reinventá-la.

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    VEJA SÃO PAULO — Mas existe uma preocupação em não deixar o entretenimento de lado?
    Michel Melamed —
    O ‘gap’ entre o entretenimento e a obra de arte é uma falácia. Claro que existe uma questão educacional. Algumas linguagens são mais hegemônicas. A fragmentada pode ser menos óbvia, mas não por isso é mais difícil.

    VEJA SÃO PAULO — Ainda sobre “Seewatchlook”, você acha que a peça funcionaria em São Paulo?
    Michel Melamed —
    Estive pensando nisso. Foi uma obra específica para aquele local. Nova York é uma cidade mais libertária, transgressora. Lá não existe loucura. Uma de nossas personagens, uma mulher paraquedista, passava pela rua sem ser incomodada, enquanto que um paraquedas que fez um pouso forçado no Rio de Janeiro há algum tempo acabou por parar uma multidão de pessoas. Cada vez que me perguntam isso, no entanto, eu acabo repensando. Já começo a achar que quero encená-la em São Paulo, sim.

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