Não é só por vaidade que Larissa de Negreiros Teixeira usa batons de cores fortes, como vermelho e roxo. Com os longos cabelos escuros escondidos sob a touca de cozinheira, a única mulher responsável pelas pizzas que saem dos fornos da Bráz quer mostrar que não é só homem que coloca a mão na massa por ali.
“Quando assumi a função de forneira, quase um ano atrás, pensei que sofreria algum tipo de preconceito, mas todos me acolheram muito bem”, garante a piauiense de 19 anos que atualmente dá expediente na unidade Perdizes. Embora muito jovem, a garota acumula experiência no ramo desde os 12 anos, idade na qual passou a ajudar o pai, Antônio Mariano, na pizzaria da família, a Bella Lais, em Barueri. O lugar funcionou até 2014, quando Mariano morreu durante um assalto ao local.
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Foi o tio Rubens, garçom da Bráz, quem a levou para a rede. No início, ela trabalhava no atendimento da unidade de Pinheiros. Mas Larissa sempre dizia que esse setor não era para ela e tinha o objetivo de quebrar uma regra: a de que mulheres não eram contratadas para trabalhar na área do forno. Depois de muita insistência, encarou como prova dois dias abrindo massas no delivery. Conquistou o posto ali e logo foi transferida. “Como precisavam de alguém para completar a equipe de Perdizes, me chamaram.”
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Ainda hoje, Larissa não consegue evitar o rubor quando, eventualmente, a confundem com um homem ou mesmo quando a reconhecem pelo batom. “Fico vermelha de vergonha”, diz ela. A timidez só desaparece na hora de elencar a vantagem de uma mulher no comando do forno. “Somos mais detalhistas. Para a gente, não existe ‘meia-boca’: a pizza tem que ser perfeita.”