O estudante de relações internacionais da Pontifícia Universidade Católica (PUC-SP), Bruno Pedroso Ribeiro, de 23 anos, baleado na noite de terça-feira (14) nas proximidades da faculdade, participou de um grupo de pesquisas sobre violência e criminalidade. Ele era um dos alunos integrantes do Programa de Educação Tutorial (PET), que tem como tema Violência e Crime nas Relações Internacionais.
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Em 2011, o estudante publicou, inclusive, o artigo “Engessando conceitos: a ascenção do crime e a imobilidade do estado”, no qual discute a legitimidade de facções criminosas dentro de favelas e comunidades brasileiras. No texto ele afirma não acreditar que tais organizações sejam um novo estado, apesar de abalarem o próprio conceito do que é o estado.
Nas discussões que seguem ao texto, Bruno faz o seguinte comentário: “olhando inclusive para os últimos mapas dos crimes em São Paulo, por exemplo, podemos constatar que em muitos casos é mais seguro andar na favela de madrugada do que em áreas nobres das cidades”.
Bruno foi baleado no pescoço por volta de 20h15 de terça-feira (14), depois de entregar o celular a um assaltante. Segundo a assessoria de comunicação do Hospital das Clínicas, ele passou por duas cirurgias e está internado na Unidade de Terapia Intensiva do hospital. Seu estado de saúde não foi confirmado pelos médicos.
Até março deste ano, o 23º Distrito Policial, em Perdizes, registrou no total 359 roubos, 804 furtos e 1 latrocínio.
Em nota, a PUC-SP afirmou que se solidariza e que está em contato com a família do estudante. A reitoria destacou a importância de manter diálogo constante com os órgãos responsáveis pela segurança. “Acreditamos que a participação da nossa universidade (e de toda a população em geral) no debate sobre o espaço público é primordial para que os órgãos competentes possam conhecer as necessidades de cada área e produzir ações específicas para os problemas de cada região.”
Outros casos
Há pouco mais de um mês, no dia 10 de abril, o estudante Vitor Hugo Deppman, de 19 anos, foi morto na porta do prédio onde morava no Tatuapé, na Zona Leste. O jovem levou um tiro na cabeça depois de entregar o celular e a mochila ao assaltante que o abordava. O criminoso tinha 17 anos e se apresentou à polícia três dias antes de seu aniversário. O caso gerou grande comoção e fez com que o governador Geraldo Alckmin (PSDB) levasse à Brasília um projeto para a diminuição da maioridade penal.
Na semana passada, o estudante de Psicologia Renan Ardito Rosa, de 22 anos, morreu após ser esfaqueado quando saía de uma festa do Mackenzie, no bairro do Limão, na Zona Norte. Renan estaria discutindo com um flanelinha quando foi atingido duas vezes por um suposto morador de rua. Ele chegou a ser levado para o hospial, mas não resistiu e morreu.