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Vacinação contra Covid mudou perfil de pacientes hospitalizados e mortos

Estudo analisou dados de 2 777 pacientes atendidos entre 5 de janeiro e 12 de setembro de 2021 em um dos maiores hospitais do interior do estado

Por Agência FAPESP
10 fev 2022, 12h18
Imagem mostra diversas seringas de vacina amontoadas.
Pesquisadores indicam que avanço da vacinação mudou "drasticamente" o perfil do paciente internado por Covid-19 e também a história natural da doença, ou seja, a forma como ela evolui ( Vesna Harni/Pixabay/Divulgação)
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A vacinação mudou o perfil dos hospitalizados por Covid-19 no Brasil e também das pessoas que morrem em decorrência da doença. Um estudo conduzido em São José do Rio Preto, no interior de São Paulo, registrou o início desse processo.

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A equipe do Laboratório de Pesquisas em Virologia da Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto (Famerp) analisou retrospectivamente dados de 2.777 pacientes atendidos entre 5 de janeiro e 12 de setembro de 2021 no Hospital de Base, que é referência para toda a região. Nessa época, a variante gama (P.1) do SARS-CoV-2 predominava no Estado e os idosos eram maioria no grupo de brasileiros com o esquema vacinal completo (duas doses, até então).

Todos os internados com COVID-19 no período foram divididos entre vacinados e não vacinados. E os pesquisadores compararam as características dos integrantes de cada grupo – desde idade, sexo e presença de comorbidades até os sintomas que apresentaram, as condutas clínicas adotadas durante a internação e os desfechos (recuperação ou óbito). Os dados completos foram divulgados neste mês no Journal of Infection.

“Nosso objetivo era descobrir qual é o melhor preditor de mortalidade entre os vacinados”, conta à Agência FAPESP Maurício Lacerda Nogueira, professor da Famerp e autor correspondente do estudo, que contou com apoio da FAPESP por meio de três projetos.

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Entre os 2.518 participantes não imunizados a idade média era de 51 anos e 71,5% apresentavam uma ou mais comorbidades, sendo as mais comuns cardiopatia, diabetes e obesidade. Já entre os 259 hospitalizados que haviam recebido duas doses de vacina, a idade média era de 73 anos e 95% tinham doenças de base.

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Na análise estatística, os fatores que se correlacionaram com risco aumentado de hospitalização e morte entre os não vacinados foram idade superior a 60 anos e a presença de uma ou mais das seguintes condições: cardiopatia, distúrbios no fígado ou neurológicos, diabetes, comprometimento imunológico e doença renal. Já entre os imunizados somente idade acima de 60 anos e insuficiência renal se configuraram como preditores de mortalidade.

“Essa é uma evidência clara de que a vacina protege muito bem e salva vidas”, afirma Nogueira.

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Na avaliação de Cássia Fernanda Estofolete, primeira autora do estudo e integrante do Laboratório de Pesquisas em Virologia da Famerp, o avanço da vacinação mudou “drasticamente” o perfil do paciente internado por COVID-19 e também a história natural da doença, ou seja, a forma como ela evolui.

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“Hoje, com a volta das cirurgias eletivas, o avanço da vacinação e a emergência da ômicron, temos visto um panorama diferente nos hospitais. Muitos pacientes são internados para fazer uma cirurgia agendada ou por trauma e acabam descobrindo que estão com COVID-19, ou seja, não é o vírus que leva a pessoa ao hospital. E também há muitos idosos com comorbidades que acabam sendo internados porque a COVID-19 exacerba a doença de base – descompensa o diabetes ou a insuficiência renal, por exemplo. A maioria já não é internada por SRAG [síndrome respiratória aguda grave], como era na época em que o estudo foi feito”, conta.

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