A versão pediátrica da vacina da Pfizer contra a Covid-19 que foi incluída pelo Ministério da Saúde no PNI (Plano Nacional de Imunizações) apenas na quarta-feira (5), 20 dias após ter sido aprovada pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), guarda diferenças em relação à versão aplicada em pessoas acima de 12 anos de idade.
A primeira diferença da versão destinada às crianças de 5 anos a 11 anos é a visual. Enquanto a cor do frasco de doses aplicadas em pessoas maiores de 12 anos é roxa, no caso das crianças, é da cor laranja.
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Outro aspecto é no tempo de conservação. Os frascos da versão pediátrica podem ficar até 10 semanas (pouco mais de dois meses) armazenados a uma temperatura de 2ºC a 8ºC. A versão adulta pode ficar menos da metade do tempo guardada nessa temperatura: 31 dias.
Segundo explica a enfermeira Mayra Moura, diretora da SBIm (Sociedade Brasileira de Imunizações), a diferença ocorre pelo fato da versão pediátrica ter passado por testes de estabilidade que a versão adulta ainda não foi submetida, por ter sido produzida antes. “Isso é bem comum em várias vacinas. No caso da Pfizer, o laboratório ele realizou testes durante um tempo superior e já consegue licenciar para esse período”, afirma.
Isso explica também o motivo pelo qual os frascos podem ser guardados por até 12 horas após a retirada da primeira dose, o dobro do tempo em relação aos adultos, que é de seis horas.
Além do visual e conservação, outras diferenças estão dentro do frasco. As crianças receberão um terço do imunizante dos adultos (10 microgramas contra 30 microgramas). Além disso, antes de ser administrado, produto precisa ser misturado a um líquido que se chama diluente. Na versão adulta é usado 1,8 ml; já na versão pediátrica, 1,3 ml.
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Preparada a ampola, vem outra distinção entre as duas versões. A quantidade de imunizante para crianças é menor em relação aos adultos. Aqueles com idade igual ou acima 12 anos recebem duas doses de 0,3 ml, já as crianças, duas doses de 0,2m.
É por esse motivo que as ampolas da versão pediátrica rendem mais, 10 doses, quatro a mais daquelas usadas em adultos, de 4 doses.
Atenção
Ao aprovar o imunizante da Pfizer para crianças, ainda em dezembro, a Anvisa elencou 17 recomendações que indicam desde o treinamento destinado aos profissionais de saúde, local onde as crianças devem ser atendidas e como deve ser aplicada a vacina.
“Essas recomendações da Anvisa estão relacionadas à mitigação de erros. A gente tem uma vacina que a chance de erro no profissional de saúde é grande”, afirma Mayra.
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Para evitar eventuais erros, a Anvisa recomendou que as equipes responsáveis pela vacinação nas crianças menores de 11 anos passem por treinamento, inclusive para saber o que fazer ante a eventos adversos, que são raríssimos, conforme registros.
Outra recomendação é para que o ambiente onde ocorrerá a imunização das crianças seja diferente daquele onde a vacinação dos adultos é feita, para propiciar, segundo a Anvisa, um “ambiente acolhedor e seguro”. É por esse motivo que a agência desaconselha a aplicação de vacinas em crianças nos chamados drive-thru.
Além disso, é melhor que a aplicação da vacina seja numa sala específica, onde não seja oferecida outras vacinas, mesmo que pediátricas.
Assim que a criança for vacinada, é recomendado ainda que ela permaneça no local durante 20 minutos. O motivo é para que ela fique em observação e esteja próxima dos profissionais de saúde.
A Anvisa também orienta que sejam feitas campanhas específicas para alertar sobre a diferença de cor dos produtos.
Segundo a diretora do SBIm, esse é o único meio que os pais têm de inspecionar se a vacina que está sendo aplicada em seus filhos é a correta, já que outros parâmetros, como quantidade de diluição e até de dose na seringa é praticamente impossível de distinguir. “Tem que ser da tampa laranja”, afirma.
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