A quarentena estabelecida no estado de São Paulo, em função da pandemia do novo coronavírus (Covid-19), provocou a diminuição das atividades econômica e, consequentemente, a circulação de veículos, reduzindo as emissões de substâncias poluentes na atmosfera na Região Metropolitana de São Paulo. Desde o dia 20 de março, a Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb) tem registrado, em todas as 29 estações de monitoramento da região, qualidade do ar boa para os poluentes primários, que são emitidos diretamente pelas fontes poluidoras.
De acordo com a Cetesb, além do menor número de veículos em circulação, as condições mais livres do trânsito e a ausência de engarrafamentos também vêm contribuindo para uma menor emissão de poluentes. A companhia esclarece que a qualidade do ar também é fortemente influenciada pelas condições meteorológicas de dispersão dos poluentes, o que torna complexo quantificar exatamente a contribuição da redução atual das atividades na melhoria da qualidade do ar.
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Os níveis de monóxido de carbono (CO), que é um indicador da emissão poluente de veículos leves em grandes centros urbanos, estão atualmente entre os mais baixos do para meses de março na região. Durante esse período de quarentena, a Cetesb observou, nas 13 estações que medem esse poluente na Região Metropolitana, que a queda dos níveis de CO foi mais acentuada nas estações próximas às grandes vias de tráfego.
“Temos redução bastante significativa nas grandes vias, mas ainda tem movimento. Mas nos bairros, a queda na movimentação caiu e a qualidade do ar melhorou. O movimento caiu muito mais do que na época de férias, apesar do movimento ainda grande nas marginais, é uma queda drástica. Mas estamos com condições meteorológicas muito boas e isso faz também com que a poluição realmente caia bastante”, disse a gerente da Divisão de Qualidade do Ar da Cetesb, Maria Lucia Gonçalves Guardani.
“O CO é evidente quando se tem emissão veicular como principal responsável por emissão, quando ele cai significa que tiramos veículos nas ruas, o maior responsável pela poluição”.
A concentração máxima foi de 1,0 ppm (partes por milhão), em uma média de 8 horas, verificada na estação Marginal Tietê – Ponte dos Remédios, frente a um padrão de 9 ppm. Embora tenha havido uma queda dos níveis deste poluente devido diminuição das atividades, esse padrão não é ultrapassado desde 2008 na região metropolitana, em função de programas de controle desenvolvidos ao longo do tempo.
Por outro lado, destaca a Cetesb, é necessário dispor de um período mais extenso de dias para obter uma análise mais conclusiva dos impactos advindos da redução das atividades econômicas e de circulação na qualidade do ar em todo o Estado, fundamentada em técnicas consolidadas.
Política públicas
Para o gerente de Economia da Biodiversidade da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza e mestre em Ciências Florestais, André Ferretti, a situação deve voltar ao que era antes da pandemia, e isso alerta para a necessidade de pensar em políticas para o meio ambiente.
“Uma vez que a pandemia passe, a situação vai voltar o que era antes. Portanto, é mais do que evidente a necessidade de se investir em políticas públicas ambientais e de mobilidade para controlar essas emissões, como incentivo à combustíveis limpos e motores elétricos, redução de transporte individual por motor a combustão, além de educação para mudar o comportamento das pessoas.”
Ele destaca, ainda, que a melhora na qualidade do ar vai ajudar quem tem doenças respiratórias. “Além disso, a queda nas concentrações de monóxido de carbono, que é um gás extremamente tóxico, vai ajudar na redução da quantidade de pessoas com problemas respiratórios, sobretudo com a proximidade do inverno, época do ano em que esses efeitos se agravam”.
A Cetesb continuará a acompanhar a situação e também permanecerá medindo continuamente a qualidade do ar em tempo real, em toda a sua rede de estações automáticas. O monitoramento pode ser acompanhado na página da Cetesb na internet, assim como nos relógios de rua e no aplicativo para celular.
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