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Maskne, a acne que pode surgir com o uso de máscara

O uso necessário do acessório abafa o local, aumenta a temperatura e provoca maior sudorese e produção de sebo, entupindo os poros

Por Fernanda Campos Almeida
Atualizado em 27 Maio 2024, 17h45 - Publicado em 31 jul 2020, 06h00
 (Boy_Anupong/Getty Images/Divulgação)
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É normal notar mudanças na pele em tempos de crise como a que se vive numa pandemia. Stress, sono desregulado e alteração de hábitos podem causar inflamações no rosto, mas, na prática, um novo item inserido no cotidiano às vezes traz, por si só, problemas. O uso da máscara facial, obrigatório desde maio no Estado de São Paulo como forma de proteção contra o coronavírus, propicia o aparecimento da acne. “Maskne”, junção das palavras “máscara” e “acne”, pode até parecer só um termo inventado, mas o incômodo criado em muitas pessoas é real. “Não é uma invenção. A máscara abafa o local, aumenta a temperatura e provoca maior sudorese e produção de sebo, entupindo os poros e gerando acne”, explica a médica Denise Steiner, ex-presidente da Sociedade Brasileira de Dermatologia. “Ela também é considerada acne mecânica, ou seja, causada pelo atrito da peça no rosto. No caso de peles secas, o abafamento da máscara pode alterar o microbioma da pele (microrganismos protetores) e provocar dermatite atópica (irritação)”, completa a dermatologista Paola Pomerantzeff.

Como a máscara é a melhor forma de defesa fora de casa, as dermatologistas ressaltam que a condição da pele não pode ser desculpa para deixar de usar o acessório necessário.

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“A proteção contra o coronavírus é mais importante do que a questão estética da pele, e a maskne é mais fácil de ser curada do que a acne comum porque não é determinada por predisposição genética ou fatores hormonais, não sendo necessária medicação”, esclarece Paola. O tratamento da acne mecânica está no cuidado básico da pele: lavar o rosto duas vezes ao dia, de manhã e à noite, usar hidratante e protetor solar específicos para peles acneicas. No mercado, há fotoprotetores com ação hidratante com toque seco, que não melecam a pele. A médica sugere testar na mão e sentir a consistência antes de comprar.

“Pessoas com tendência a espinhas precisam de sabonetes com agentes como ácido salicílico ou alfa-hidroxiácidos, que secam mais a pele e diminuem o sebo. Devem sempre ser recomendados por um especialista”, afirma Denise. Paola também indica a aplicação de um tônico adstringente para peles oleosas ou água micelar para peles mais secas depois da lavagem para remover impurezas, além de evitar maquiagem antes de usar a proteção. “Make estimula a oleosidade, obstrui os poros e mancha a máscara. Como ninguém vê o que está embaixo do pano, use só nos olhos.”

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A maskne não era tão conhecida porque a utilização da proteção era exclusiva de profissionais da saúde e por tempo limitado. “Uso máscara desde o começo da faculdade de odontologia e não tive problemas, mas agora trabalho com ela por até dez horas por dia e também coloco na rua e na academia. Minha pele está mais oleosa e sempre nasce espinha perto da boca”, diz a dentista Thais Galbieri. Mas a condição pode aparecer até para quem não usa o item com frequência. “Duas horas com a máscara já são suficientes para irritar meu nariz e meu lábio superior, além de aparecer acne no queixo, pescoço e bochechas. Uso lenços de papel por baixo para conter o suor”, relata Cristine Lore Cavalheiro, que põe a proteção apenas para ir ao mercado.

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O material da peça também influencia na gravidade da condição. As médicas optam por máscaras feitas de algodão porque permitem que a pele “respire”. Ela deve ser trocada de duas a quatro horas ou quando ficar úmida. “A umidade no tecido faz com que o vírus ‘grude’ e o mantém vivo por mais tempo”, diz Paola, que também explica que o pano deve ser lavado com detergente neutro ou sabão de coco e ser bem enxuto para não dar alergias na pele. As dermatologistas lembram que a proteção não deve ficar apertada a ponto de machucar o rosto, mas deve ficar justa e cobrir queixo, boca e nariz por completo.

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Há outras condições na pele produzidas pelo contato de tecidos com o rosto que são confundidas com acne, como a dermatite perioral, pequenas bolinhas inflamadas na face. As máscaras também podem causar rosáceas, equimoses e dermatites de contato em peles sensíveis. Por isso, o diagnóstico médico correto é imprescindível para o tratamento certo.

Publicado em VEJA SÃO PAULO de 5 de agosto de 2020, edição nº 2698. 

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