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OLÁ,

Em Guarulhos, idosos vivem angústia de não saber quando serão vacinados

Com escassez de imunizantes e canais de atendimento que não funcionam como deveriam, campanha na segunda maior cidade do estado anda a passos lentos

Por César Costa
Atualizado em 27 Maio 2024, 20h33 - Publicado em 17 mar 2021, 12h27
Imagem de uma profissional da saúde aplicando a vacina no braço de uma pessoa
 (Tânia Rego/Agência Brasil/Reprodução)
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O cirurgião-dentista Fernando Augusto dos Santos, 44, tenta levar sua mãe, Aparecida Uzan dos Santos, 76, para ser vacinada contra Covid-19 no município onde moram, Guarulhos. Desde o dia 10 de março, ele busca, sem sucesso, fazer um agendamento e não encontra esclarecimentos por parte da gestão municipal. 

A vacinação por meio de drive thru e Unidades Básicas de Saúde, que recebiam os cidadãos de Guarulhos sem agendamento, foi suspensa após os pontos registrarem aglomerações de pessoas e não haver vacinas para todos. A alternativa da prefeitura foi criar uma central de atendimento telefônica, o que também não foi suficiente.

Devido ao grande volume de telefonemas, o sistema não conseguia atender à população, o que causou revolta. Fernando está entre os que não conseguiram atendimento. “Nós estamos em uma pandemia, todo mundo desesperado e precisando vacinar. Era óbvio que ia congestionar e os telefones não funcionariam”, indigna-se.

No dia 8 de março, questionada por um internauta sobre a situação, a prefeitura de Guarulhos respondeu que criaria um agendamento online “em breve”. O serviço atenderia a todos os idosos acima de 60 anos.  O site passou a ser disponibilizado na segunda (15), mesma data em que começou a vacinação dos idosos de 75 e 76 anos no estado de São Paulo. No mesmo dia, o cirurgião-dentista fez o cadastramento de sua mãe, mas ficou novamente sem respostas: ele não sabia em que momento receberia o retorno da prefeitura.

Até agora não recebi nenhuma informação da prefeitura. Existe um canal via WhatsApp da prefeitura em que mandei uma mensagem no sábado (13) perguntando sobre o calendário, sobre como será a vacinação, mas até agora não tive resposta”, explica. “Então, vou trabalhar e fico em dúvida: e se me ligarem para vacinar a minha mãe? Como eu faço? Não consigo me programar”. A prefeitura do município informa que, após o cadastramento, ela entrará em contato para agendar uma data para a vacinação, mas não dá nenhum prazo máximo para isso acontecer.

Fernando contou também que pensou em levar Aparecida para a capital, mas desistiu da ideia. “Eu acho injusto, porque eu moro em Guarulhos. Minha mãe é de Guarulhos. Mas por outro lado, é minha mãe, é uma vida. Será que eu não devo levar ela para São Paulo? Mas, se eu levar ela para lá, será que eu não vou pegar a vaga de alguém?”, indaga.

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Cadê a vacina?

Ao todo, Guarulhos conta com 140 000 pessoas acima de 60 anos e 33 000 profissionais da saúde entre rede pública e privada aptos a receber a vacina, segundo o Plano Nacional de Imunização, em dados informados pela prefeitura.

Até agora, foram vacinados 21.373 idosos. Destes, 6.906 já receberam a segunda dose. Entre os profissionais de saúde, 29 288 foram vacinados e 18 351 receberam a segunda dose de imunização.

O prefeito Guti anunciou em live nesta terça-feira (16) que mais 19 mil doses de vacinas irão chegar em Guarulhos nesta quarta-feira (17). Ao todo, o município havia recebido, segundo balanço do dia 12 de março, 88.874 doses, sendo que foram aplicadas até agora 74.946. A prefeitura informa que a ‘sobra’ está destinada à segunda dose.

A prefeitura alega que Guarulhos está recebendo menos doses proporcionais que outros municípios. De acordo com a administração, elas não estão sendo suficientes para vacinar todos os públicos. E admite que a vacinação está ocorrendo numa intensidade muito menor do que deveria ser.

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A gestão municipal confirma que o agendamento via telefone não funcionou, porque muitas pessoas tentavam ligar simultaneamente e o sistema não suportava a demanda.

O que diz o governo estadual

A Vejinha questionou a gestão Doria sobre a escassez de vacinas no município. A secretaria estadual de Saúde (SES) afirma que o envio dos imunizantes não é feito com base na população, mas sim no público alvo, ou seja, nas faixas etárias e grupos que devem ser vacinados nesse momento.

O órgão também afirmou que a falta de doses é um problema do Brasil, pois quem tem que enviar as doses é o Ministério da Saúde. Sem mencionar especificamente Guarulhos, a secretaria diz que há municípios que estão aplicando os imunizantes em qualquer profissional da saúde, descumprindo a orientação do Ministério da Saúde, o que pode causar desabastecimento.

Saúde de Guarulhos chegou a colapsar

No último domingo (14), a rede de hospitais de Guarulhos chegou a entrar em colapso. O prefeito da cidade, Guti (PSD), deu a informação por meio de uma live no Facebook, afirmando que a prefeitura trabalhava junto com Consórcio de Desenvolvimento dos Municípios do Alto Tietê (Condemat) com intuito de criar pelo menos mais 60 leitos de UTI. Ao todo, somando leitos de UTI da rede pública e municipal, Guarulhos possuía nesse dia 273 leitos.

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Neste terça-feira (16), o prefeito informou, também por meio de live, que a taxa de ocupação de leitos de UTI caiu para 85%. Ele afirmou que foram obtidos mais 20 leitos de UTI na segunda-feira (15) e que, no dia seguinte, outros 10 passaram a funcionar. Até terça (16), a cidade registrava 49.162 casos confirmados de Covid-19 e 2237 mortes em decorrência da doença. A vacinação, infelizmente, segue a passos lentos.

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