O médico hematologista e diretor-geral do Instituto Butantan, Dimas Covas, pediu exoneração após cinco anos no cargo, informou a Secretaria Estadual de Ciência, Pesquisa e Desenvolvimento em Saúde por meio de um comunicado enviado nesta quarta-feira (30). A saída se deu após ele receber um convite para assumir a função de diretor-executivo da Fundação Butantan, mantenedora do instituto.
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Segundo a nota, “a decisão foi alinhada com o Governo do Estado de São Paulo, por meio da Secretaria de Ciência, Pesquisa e Desenvolvimento em Saúde, na medida em que não é possível que um mesmo profissional ocupe esses dois cargos concomitantemente”. Dimas foi afastado do cargo em 17 de outubro.
“Tudo que se falar para além disso é especulação”, acrescenta o texto. A Secretaria rebate uma informação apresentada por uma reportagem da Folha de S. Paulo, que diz que a saída ocorreu em meio a desgastes do médico com a gestão de Rodrigo Garcia (PSDB) e a uma investigação do Tribunal de Contas do Estado de São Paulo sobre possíveis irregularidades em contratos sem licitação.
À Vejinha, Dimas nega a informação. “Os questionamentos do Tribunal são habituais. O Butantan responde. Não tem nada a ver”, afirma. “Não me reuni com o governador hoje, a informação [sobre um suposto desgaste] é falsa”, acrescenta. Ele alega não falar com Garcia há um bom tempo.
Leia a seguir trechos da entrevista com o médico hematologista.
Como ocorreu a sua saída do Instituto Butantan?
O movimento ocorreu no dia 17 de outubro. O antigo diretor da fundação (Rui Curi) pediu sua saída por motivos pessoais. O conselho da fundação achou que eu seria um bom nome para substituí-lo. Eu não poderia acumular os cargos. Consultei o secretário, David Uip, e houve um comum acordo para o afastamento. Aguardei a tramitação, que aconteceu no dia 11 de novembro. Estou exonerado do instituto para assumir como diretor-executivo da fundação.
A saída tem alguma relação política?
A reportagem da Folha é equivocada. Fala sobre uma ligação com procedimentos do Tribunal de Contas, relativos a contratos. Não tem nada a ver. Os questionamentos do Tribunal são habituais. Já temos essa informação do Tribunal, o Butantan responde. Como isso não é verdadeiro, estamos nos contrapondo.
Que legado deixa no Butantan?
A OMS (Organização Mundial de Saúde) publicou o ranking dos produtores de vacina do mundo, o Butantan foi o décimo nessa lista. Ele é um dos produtores de vacina mais importantes do mundo. Entrou nessa direção, de produzir vacinas para o país e para outros países, por meio da OMS ou da OPAS (Organização Pan-Americana da Saúde).
Quais são os desafios que ficam para o próximo diretor-geral?
A manutenção desse programa de vacinas. O exemplo da Covid fala por si só. O Butantan foi atrás, trouxe pela primeira vez ao Brasil e vacinou milhões de brasileiros. A esperança é que esse projeto sempre seja mantido, pois é um projeto de Estado e não de governo.
Quais serão as suas atribuições na fundação?
É uma indústria farmacêutica, com 3 500 funcionários. É ela quem organiza toda a vida produtiva do Butantan, funciona como uma indústria, é uma fundação privada, tem aí a similaridade a grandes multinacionais privadas. Temos a felicidade de ter o apoio do governo nos últimos anos no sentido de permitir o crescimento. Nossa instituição cresceu a chegar à décima posição do mundo. Evoluir nesse ranking, produzir mais vacinas, produtos, tratamentos para o câncer, que é uma área que eu trouxe para cá, são os desafios.
Assume esse cargo na fundação com que meta ou objetivo?
Primeiro, o desafio institucional de melhorar o relacionamento com o governo federal, OPAS e outros países. Isso é fundamental. Precisamos nos aproximar cada vez mais de países como Índia, China e Coreia, que são muito parecidos com o Brasil. Nossa meta é nos aproximar desses exemplos e fazer com que isso aconteça aqui, apoiando por meio da fundação, todas as iniciativas nesse sentido.
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