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Projetos de segurança que aproximam moradores têm bons resultados

Os residentes de um bairro ou de uma região trocam informações entre si com o fim de prevenir assaltos

Por Jéssika Torrezan
Atualizado em 1 jun 2017, 18h12 - Publicado em 7 jul 2012, 00h51
Assalto - Regina Guirelli - Vizinhos - Vizinhança - 2277
Assalto - Regina Guirelli - Vizinhos - Vizinhança - 2277 (Fernando Moraes/)
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Até 2009, a Rua Itacema, no Itaim Bibi, era mais um pedaço na cidade onde os vizinhos mal se cumprimentavam. Foi quando o arrastão em um prédio numa tarde de domingo mostrou a necessidade de mudar esse comportamento. “Tudo aconteceu em plena luz do dia e ninguém aqui por perto viu nada”, lembra uma das vítimas, a advogada Clarissa Bernardo. Assustados com a presença dos bandidos, que roubaram dinheiro, joias e outros pertences na ação ocorrida em agosto daquele ano, moradores da região criaram, semanas depois, o Grupo de Síndicos da Rua Itacema e Entornos. Atualmente a associação é composta de representantes de 26 condomínios.
+ Somos todos reféns em São Paulo
Na sequência, firmaram uma parceria com a Polícia Militar, que implementava na época um programa chamado de Vizinhança Solidária. A ideia era fazer os residentes de um bairro ou de uma região trocarem mais informações entre si, de modo a acionar rapidamente o alerta diante de qualquer sinal estranho.

Fernando Moraes

A empresária Regina Guirelli: olho vivo de um morador evitou assalto a sua escola de ingles

No Itaim, os que aderiram ao projeto passaram a agendar reuniões mensais e criaram uma rede de comunicação por rádio. Além disso, reforçaram a iluminação das calçadas de modo a eliminar trechos de sombra. Resultado: segundo estimativa da PM, a incidência de crimes patrimoniais, como furtos de veículos, diminuiu cerca de 50% e não houve mais arrastões a apartamentos. “Não é a solução, mas uma medida que vem para somar”, diz Antonio Ferreira Pinto, secretário de Segurança Pública do Estado de São Paulo.
Programas semelhantes foram implementados em outras partes da capital e em cidades próximas, todos eles também com bons resultados. Em 2010, foi iniciada outra experiência no município de Santo André. Atualmente, ela abrange dezoito bairros. A polícia diz que, em média, as ocorrências caíram pela metade. Na Rua Dom Silvério Pimenta, por exemplo, foram registrados doze casos em 2010 e quatro no ano passado. A empresária Regina Guirelli está entre as beneficiadas. “No fim de 2010, uma tentativa de invasão à minha escola de inglês chamou a atenção de um vizinho, que acionou um batalhão próximo e evitou o prejuízo”, conta ela.

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Mario Rodrigues

Assalto - Vizinhança Solidária - Vizinhos - 2277
Assalto – Vizinhança Solidária – Vizinhos – 2277 ()

Placa do programa em Santo André: bons resultados

Em São Paulo, no bairro da Vila Romana, Zona Oeste, os moradores implementaram o Meu Vizinho Está de Olho, em 2009, depois de um assalto que aconteceu de dia. “Alguns viram a movimentação, mas acharam que era uma mudança, pois ninguém se conhecia”, lembra Adriano Romão, presidente da associação local. Ali, a vacina contra novos ataques passa por uma espécie de fofoca institucionalizada — nas reuniões, um avisa o outro sobre mudanças de rotina, como a troca de veículos e viagens. Resultado: segundo os próprios envolvidos, a última ocorrência da qual se tem notícia é a tentativa de furto de uma azaleia no canteiro de uma calçada. “Chegaram de Kombi e disseram ser da prefeitura, mas foram embora quando pedimos os documentos”, relata Paschoal Junior, que vive na Rua Manoel Jacinto do Rego, onde o projeto começou.+ Aplicativos ajudam polícia a solucionar furtos de celulares e tablets
Há duas semanas, o Vizinhança Solidária começou a ser ampliado para áreas comerciais, com a missão de ajudar no combate a assaltos que amedrontam donos e frequentadores de bares e restaurantes paulistanos — desde o início do ano, foram registrados quase trinta casos. Mais uma vez, o Itaim está entre os locais pioneiros. Por enquanto, apenas as ruas Amauri, Mário Ferraz, Adolfo Tabacow e Jacurici farão parte da iniciativa, que é dividida em duas frentes. De um lado, há reuniões para que funcionários sejam treinados e empresários conheçam melhor a rotina de seus pares. De outro, são promovidas visitas dos agentes a estabelecimentos comerciais para um diagnóstico das fragilidades e a proposta de soluções. “Não se trata de interferir na vida do outro, mas fazer parte da comunidade”, disse o coronel Marcos Roberto Chaves da Silva, comandante de policiamento da capital, na reunião que marcou o início dos trabalhos, em 26 de junho.
UNIDOS CONTRA O CRIME Como funcionam algumas das iniciativas
Vizinhança Solidária, no Itaim
■ Início: 2009■ Abrangência: 26 condomínios da Rua Itacema e arredores■ Principais medidas: treinamento de funcionários, que agora se comunicam por rádio quando veem algo suspeito, e padronização da iluminação das vias■ Resultado: as ocorrências caíram pela metade, segundo a polícia
 
Vizinhança Solidária, em Santo André
■ Início: 2010■ Abrangência: noventa ruas de dezoito bairros■ Principais medidas: reuniões para aproximação dos moradores de cada bairro e palestras com dicas de segurança■ Resultado: as ocorrências caíram pela metade, segundo a polícia
 
Meu Vizinho Está de Olho, na Vila Romana
■ Início: 2009■ Abrangência: 150 casas e prédios■ Principais medidas: reuniões periódicas para que os vizinhos troquem ideias sobre a movimentação em suas casas — quem está viajando, algum novo frequentador
da residência etc.■ Resultados: nenhum assalto desde então, segundo a associação local

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