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OLÁ,

Já ouviu o pagonejo?

Bandas fazem sucesso com mistura improvável de pagode e sertanejo

Por Nathalia Zaccaro
Atualizado em 14 Maio 2024, 11h25 - Publicado em 4 nov 2011, 23h50
Bar Brahma Aeroclube: noites cheias com os novos grupos
Bar Brahma Aeroclube: noites cheias com os novos grupos (Raul Zito/)
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Imagine se uma dupla caipira como Chitãozinho e Xororó atravessasse o sambódromo cantando dores de amores sobre uma base formada por cavaquinho, cuíca e pandeiro. Para muitos, seria o próprio armagedon musical. O cruzamento, porém, virou realidade em alguns bares e casas de shows da cidade, atraindo fãs dos dois ritmos e mais um bando de neófitos que não se importam com a mistura insólita, batizada de pagonejo. Por trás da onda estão pessoas como o cantor Levy Lopes, atração principal das noites de sexta do Bar Brahma Aeroclube, em Santana. “Testei tocar canções sertanejas com mais balanço e deu muito certo”, afirma

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Os músicos do Samprazer também embarcaram no movimento. Formada por cinco integrantes, a banda chega a cobrar 10.000 reais de cachê por apresentação. “A fusão agitou nossa carreira”, comemora o vocalista Billy SP. Recentemente, um hit de sua autoria, “Chora”, um pagonejo de raiz, foi regravado por João Neto & Frederico, dupla emergente do sertanejo universitário (o refrão traz os seguintes versos: “Chora, perdeu o meu amor / agora, chora / também, não deu valor”). “Eles usaram minha canção como single do disco”, comemora o compositor, que sonha agora em fazer parcerias com astros consolidados, como Jorge e Mateus.

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A chama do pagonejo é carregada por um circuito de endereços espalhados por diversas regiões da cidade. O Samprazer já tocou em locais como o Citibank Hall, em Moema, e o Santa Aldeia, na Vila Olímpia. Clubes especializados em música sertaneja como o gigante Villa Country, na Zona Oeste, também perceberam o potencial do negócio. “As músicas mescladas são um enorme sucesso”, diz Júnior Tobal, sócio da casa. “Vamos investir agora para abrir o local a novas bandas do gênero.” Algumas rádios apostam que o pagonejo tem fôlego para se transformar no fenômeno do próximo verão. “O público quer sempre novidades, e esse gênero está conquistando muita gente”, diz Ênio Roberto Silvério, diretor artístico da Tupi FM, especializada em música caipira.

Apesar da empolgação dos fãs, os ouvidos da crítica têm recebido a invenção com muito menos entusiasmo, para dizer o mínimo. “O nome correto para esse tipo de som é ‘sertanojo’ ”, diz o maestro Júlio Medaglia, apresentador do programa “Fim de Tarde”, na Cultura FM. “Os discos de todos eles juntos não valem uma pausa da música de Cartola.”

Quem experimenta dar um giro musical no roteiro de bares da cidade nota rapidamente que essa não é a única mistura que vem ganhando espaço por aqui (veja informações abaixo). Reduto do pop rock, o Na Mata Café, no Itaim, abriu as portas para o grupo Sambô, que entoa em ritmo de pagode clássicos roqueiros como “Satisfaction”, dos Rolling Stones, e “Sunday Bloody Sunday”, do U2. No repertório do Balaio de Gato, que se apresenta em bares na Vila Madalena, estão composições que vão de Lobão a Fábio Júnior, sempre com a batucada puxada para o pagode. Apesar das variações, nada supera o pagonejo em termos de sucesso entre as heterodoxias rítmicas. “Incluímos essa novidade na programação há cerca de dois meses e a aceitação entre os frequentadores tem sido ótima”, diz Álvaro Aoás, sócio do Bar Brahma Aeroclube.

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Artistas consagrados com seu público, como a turma do pandeiro do Exaltasamba e os irmãos Chitãozinho e Xororó, por exemplo, têm unido forças e instrumentos para ampliar a plateia. Outro exemplo claro da moda é o fenômeno sertanejo Michel Teló, que misturou sanfona e percussão e explodiu com o hit “Fugidinha”, a mais tocada no país no ano passado. Para quem acredita que o pagonejo é a novidade mais bizarra da temporada, Teló avisa (ou ameaça?): “Já tenho canções com forró, samba-rock e até eletrônico. Vou dar uma fugidinha do sertanejo clássico”, brinca.  

Michel Teló
Michel Teló ()

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