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Taxistas de São Paulo cobram taxas de chamada e agendamento

Com reajustes e novas cobranças, serviço da capital lidera com folga o ranking como o mais caro do país

Por Isabella Villalba
Atualizado em 1 jun 2017, 18h34 - Publicado em 16 abr 2011, 00h46
Infográfico página 32 - 2213
Infográfico página 32 - 2213 (Veja São Paulo/)
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Diante dos martírios dos congestionamentos, da falta de vagas para estacionar na rua e dos achaques dos flanelinhas, não faltam motivos para o paulistano deixar o carro em casa. O serviço de táxi representa uma das alternativas mais confortáveis para abandonar o volante. Mas seu custo tem ficado cada vez mais proibitivo. No começo do ano, a corrida já havia sofrido um reajuste de 18%. Agora, duas novas práticas se disseminam pelas cooperativas, com impacto direto no bolso dos passageiros: a cobrança de uma taxa de chamada de 4,10 reais para quem aciona o veículo por telefone e um custo adicional de 8,20 reais quando é feito o agendamento do horário da corrida.
Com isso, muitas cooperativas de São Paulo aumentaram a conta dos taxímetros nas últimas semanas (veja quadro abaixo). A iniciativa, por incrível que pareça, está dentro da lei. Desde 1989 a cobrança da taxa de chamada é autorizada pela prefeitura. A lei, porém, não pegou de imediato. Os profissionais da praça, aparentemente, esperaram um momento melhor para aplicar a facada. “Estamos apenas nos adequando à legislação”, diz Claudio Menegaço, diretor da Coopertax. Outros profissionais do mercado, porém, são bem mais explícitos com relação ao que motivou o início da cobrança. “Foi o caminho que encontramos para controlar tanta procura”, admite Arnaldo Sanches, diretor de operações da Use Táxi, a pioneira na adoção da cobrança.
Nada parece mais favorável a eles do que o cenário atual, em que há muitos clientes para poucos carros. Enquanto a frota se mantém estável em cerca de 30.000 veículos desde 1996, o número de passageiros cresce a cada ano (somente em 2010 o aumento foi de 20%). Com isso, a cidade tem a média de um táxi a cada 344 habitantes (no Rio de Janeiro, a proporção é de um para cada 201 moradores). Uma solução para amenizar o problema seria a prefeitura liberar novas licenças para o serviço. Mas, para o órgão responsável, o Departamento de Transportes Públicos, “o número de carros é suficiente para atender a população”.
Sem contar as novas taxas de chamada e de agendamento, os taxistas cobram há algum tempo, além do valor final marcado no taxímetro, adicionais pelo transporte de bagagem (a partir de 2,50 reais) e pela circulação fora do perímetro da capital (50% a mais no preço da quilometragem). Não é de surpreender, portanto, que o serviço de táxi na capital lidere com folga o ranking como o mais caro do país. O preço também continua salgado quando comparado aos valores praticados em metrópoles com alto custo de vida, como Paris ou Nova York.
O que explica tamanha disparidade? O Sindicato dos Taxistas argumenta que o serviço de São Paulo é mais caro devido ao total de gastos que se tem para trabalhar na cidade. A conta começa a pesar na hora de obter a licença para rodar. Essa concessão é sorteada, mas, como não há novidades nessa área desde 1996, surgiu um mercado negro em que ela acaba sendo negociada por preços que podem chegar a até 350.000 reais, no caso de um ponto no Aeroporto de Congonhas. Os motoristas reclamam ainda dos altos custos impostos a quem deseja se associar às cooperativas. O valor para obter o direito de uso do selo de uma das grandes empresas do mercado varia de 20.000 a 80.000 reais.
Outro fator que onera o bolso dos taxistas é a manutenção dos carros que rodam, por causa de problemas como congestionamentos, que elevam o desgaste dos veículos e o consumo de combustível. Segundo Horácio Augusto Figueira, consultor na área de engenharia de tráfego e transportes, há um exagero em atribuir ao “custo São Paulo” toda a culpa pelo serviço com preço acima da média nacional. “Os gastos com manutenção não mudam tanto de cidade para cidade”, afirma. “Os taxistas de São Paulo estão apostando em uma planilha de custo que é predatória para eles. Esse preço não é bom para o usuário.”
Os profissionais da praça não ficam muito sensibilizados por esse tipo de argumento. Prova disso é que, no momento, as lideranças do setor exercem uma pressão para que toda a categoria adote a cobrança da taxa de chamada. Na próxima terça (19), a associação de cooperativas vai reunir seus representantes para discutir o assunto.
O BALANÇO DA COBRANÇA
Entre as maiores cooperativas, metade já aderiu à taxa de chamada de 4,10 reais. Outra parcela cobra também 8,20 reais para agendar o horário da corrida

Custo do trajeto de 10 quilômetros de táxi em São Paulo comparado ao valor em outras metrópoles*:
NO BRASIL
São Paulo: 29 reais
Campinas: 26 reais
ABC**: 25 reais
Belo Horizonte: 24 reais
Porto Alegre: 21 reais
Brasília: 21 reais
Salvador: 21 reais
Rio de Janeiro: 20 reais

Mario Rodrigues

Taxis de Nova York - 2213
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São Paulo: 29 reais
Cidade do México: 24 reais
Nova York: 24 reais
Paris: 23 reais
Buenos Aires: 14 reais
*Simulação de um percurso de 10 quilômetros realizado às 11h de uma segunda-feira em táxi comum, sem contabilizar a cobrança por hora parada
**Santo André, São Bernardo do Campo e São Caetano do Sul

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