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OLÁ,

Caçadores de tendências vasculham a cidade em busca de novidades

Conhecidos como cool hunters, eles trabalham para agências de consultoria e têm como missão descobrir o que ainda nem virou moda

Por Giovana Romani
Atualizado em 1 jun 2017, 18h46 - Publicado em 8 jan 2010, 23h22
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Há dois meses, o paulistano Rodrigo Reis, de 28 anos, participou do evento NoCapricho, que reuniu leitoras adolescentes fãs da revista CAPRICHO — da Editora Abril, que publica VEJA SÃO PAULO — para uma série de shows de bandas pop na Barra Funda. Reis, é claro, estava bem acima da média de idade dos frequentadores. Mas foi lá para trabalhar. Sua missão: observar e entrevistar os jovens para identificar como eles se comportam, o que vestem e do que gostam. Coletar e analisar informações como essas faz parte da rotina de um caçador de tendências (ou cool hunter, em inglês, como gostam de ser chamados). Trata-se de um profissional com o olhar treinado para prospectar novidades de moda, artes, design, música… Formado em publicidade e pós-graduado em cool hunting, Reis trabalha no escritório paulistano da consultoria internacional WGSN. Por meio do site da empresa, pode- se acompanhar o estilo de quem passeia pelas ruas de Nova York, os modelos de alta-costura desfilados na última semana de moda de Paris e as vitrines mais bacanas de São Paulo.

Só tem acesso ao conteúdo quem paga uma assinatura anual, cujo valor varia de 18 000 a 25 000 dólares. Em contrapartida, o portal promete mostrar com até dois anos de antecedência as estampas e as modelagens que cairão nas graças dos consumidores. Com a ferramenta, empresários, estilistas e demais interessados conseguem ficar de olho no que rola no universo fashion sem sair de seu ateliê. No Brasil há cinco anos, o site tem entre seus 130 assinantes as marcas de cosméticos Natura e Boticário, a grife Mixed e a Rede Globo. “Além de produzirmos conteúdo, orientamos nossos clientes sobre qual a melhor maneira de usá-lo em seu negócio”, explica Andrea Bisker, diretora da WGSN Brasil. Boa parte de sua equipe está na faixa dos 20 e poucos anos. Formada em moda, a paulistana Martina Pinho, de 22, cuida da divisão infantil. O colaborador Johnny Madruga, de 25, por sua vez, roda a capital paulista em busca de vitrines inspiradoras. A Rua Oscar Freire e os shoppings Morumbi e Iguatemi estão em seu roteiro. “Faço cerca de 5 000 fotos por semestre”, conta ele. Enviadas à sede, em Londres, as imagens passam por uma edi- ção e apenas 1 500 são publicadas no portal. Segundo Andrea, chamam a atenção da matriz grifes de identidade forte, que sejam referência do modo de vida brasileiro. “A Adriana Barra, por exemplo, faz muito sucesso lá fora”, afirma, referindo-se à estilista famosa por suas estampas florais.

 

Mario Rodrigues

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Jorge Grimberg e Camila Toledo, do Stylesight (acima), e Daniela Klaiman (foto abaixo) correspondente de duas empresas estrangeiras: olhar treinado para identificar o que ainda vai virar hit

  

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 Foi a pedido do escritório londrino que Rodrigo Reis começou a pesquisar o comportamento dos adolescentes paulistanos. No relatório enviado aos colegas, detalhou suas impressões. “Os jovens já não pertencem mais a uma ou outra tribo”, diz. “Hoje, percebemos uma sobreposição de estilos.” Assim como ele, a publicitária paulistana Daniela Klaiman, de 27 anos, estudou cool hunting em Barcelona. Voltou ao Brasil há um ano e meio, decidida a não ser mais uma funcionária de agência. Comanda a própria consultoria e atua como correspondente de dois sites especializados, o inglês Trendshop e o americano Look-Look. “É uma maneira de os estrangeiros saberem o que está rolando fora do mundinho deles”, afirma Daniela. Com sua máquina fotográfica a tiracolo, ela anda por lugares badalados como o Baixo Augusta e pelas ruas da Vila Madalena, onde funciona a loja descolada da qual é sócia. “Preciso diferenciar quem se enquadra em alguma tendência e quem é só esquisitão mesmo.” Uma tarefa difícil, convenhamos.

Ao lado de Camila Toledo, Jorge Grimberg comanda a filial brasileira do portal americano Stylesight, criado há seis anos. Eles faziam parte da equipe do WGSN até a empresa aportar por aqui, em janeiro de 2008. Com apenas cinco funcionários, o escritório paulistano atende cerca de 100 clientes — NK Store, Cris Barros, Arezzo e C&A fazem parte da lista. A assinatura anual, que varia de 6 000 a 15 000 dólares, dá acesso a um arquivo de 5 milhões de imagens. Por meio de um eficiente sistema de busca, encontram-se detalhes de produtos à venda nas lojas Le Lis Blanc e D’Arouche, entre outras. Camila e Grimberg não se desligam do trabalho nem nas horas de folga. Seja durante um jantar, seja ao visitar uma exposição, Camila costuma manter os olhos atentos. Em questão de segundos, bate o olho em uma pessoa e grava como ela está vestida, sem precisar medila de cima a baixo. “Também devemos ficar atentos às novas bandas, aos artistas plásticos de destaque e aos livros lançados”, enumera Grimberg. Como fazem praticamente um trabalho de vidente (só falta mesmo a bola de cristal), eles se tornam uma espécie de oráculo dos amigos. Mas há uma coisa que nem adianta perguntar. “Não sei o que é moda agora”, jura Camila. “Estou sempre dois anos à frente.

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