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OLÁ,

Vose já olvil falr niço?

Calma, a frase acima não está escrita em português, mas sim em tiopês, um “idioma” surgido na internet

Por Catarina Cicarelli
Atualizado em 14 Maio 2024, 12h40 - Publicado em 11 Maio 2011, 19h53

Sim, o título acima parece mesmo o pior pesadelo do professor Pasquale. Mas é assim que se fala tiopês, espécie de “idioma” que consiste exatamente em grafar tudo intencionalmente errado (e morrer de dar risada com isso). Alguns exemplos podem ser vistos o tempo todo no Twitter e no Facebook — o sucesso das redes sociais é a principal razão do crescimento e popularização dessa mania, que na verdade surgiu em 2005. É o caso de “temso” ou “temço” no lugar de “tenso”, e da hashtag #comofas.

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O nome deriva de “tiop”, ou seja, uma versão errada da palavra “tipo”. A inversão de letras, por falar nisso, é um dos pilares da, por assim dizer, língua. “O importante é que o som se assemelhe à pronúncia ou que pareça um erro de digitação”, afirma Augusto Ribeiro, criador da comunidade Tiopês — A Revolução, no Orkut, seis anos atrás. Ele relaciona outras regras básicas:

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— Substituir letras, como em “açim”.

— Não usar pontos finais nem vírgulas.

— Utilizar exageradamente sinais gramaticais e símbolos, intercalados pelos seus números correspondentes no teclado — caso de “!!!11!!!”.

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A origem o tiopês é creditada a um tal Ale, que criou um perfil no Orkut e adicionou várias pessoas, sem nem conhecê-las. Por não ter tanta familiaridade com a internet (e talvez nem com a língua portuguesa) ele escrevia errado — sem perceber mesmo. Sua página de recados acabou virando uma bagunça depois que todos começaram a imitá-lo e ele até ganhou uma comunidade própria, o Alechat, que foi o precursor do tiopês.


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Outra figura que ajudou na disseminação da nova língua foi o designer Rafael Madeira, responsável pelo blog Cersibon, onde postava quadrinhos com desenhos bem toscos (a imagem acima veio de lá). “Fiquei espantado como as tirinhas feitas por aí eram ruins. Então tentei fazer a pior possível, como forma de paródia ou protesto”, afirma. Além dos rabiscos dignos de uma criança de 3 anos, o que marcou o site foi a língua utilizada nos desenhos era o tiopês.

A produção de tirinhas, no entanto, acabou no ano passado e a comunidade hoje tem cerca de 5.500 membros. Os resquícios do tiopês continuam firmes e fortes web afora. Já rola até um site que traduz frases normais, o Tiopês Translator — confeccionamos lá o título desta reportagem. E o Ale, pai do “idioma”? Apagou o perfil no Orkut e nunca mais tivemos notícias dele.

 

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