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Silva: a revelação nacional do Sónar

Músico capixaba lançou seu primeiro EP no fim do ano passado e, sem ter feito nenhum show grande, foi escalado para tocar no segundo dia do festival

Por Catarina Cicarelli
Atualizado em 5 dez 2016, 17h12 - Publicado em 4 Maio 2012, 13h47

Em fevereiro, o nome de Silva estava entre as quinze atrações que o Sónar divulgou para engordar a programação de shows dos dias 11 e 12 de maio, no Anhembi. Batizado de Lúcio da Silva Souza, o músico de 23 anos nasceu em Vitória, no Espírito Santo, e, até outubro do ano passado — quando lançou seu primeiro EP, com cinco músicas —, era um desconhecido no meio musical. No mês em que foi anunciado para o festival, ele nem sequer havia feito um show oficial, apenas apresentações com a orquestra da faculdade de música e eventuais participações em casamentos e bailes de formatura.

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“Eu já sabia que o festival ia rolar, mas só ia para assistir mesmo”, conta Silva. A atração mais aguardada por ele é o inglês James Blake, uma de suas maiores influências. Ao receber o e-mail de Chico Dub, um dos responsáveis pela curadoria do Sónar, ficou ainda mais surpreso do que quem viu seu nome na programação do festival. “Fiquei com medo. Nunca havia tocado em nenhum lugar. É uma responsabilidade grande.”

Assumido o desafio, Silva começou a procura por uma banda para tocar com ele, já que gravou seu EP sozinho, em casa. O escolhido foi o baterista Hugo Coutinho, amigo de infância. Além da bateria, Coutinho também toca ukulelê. Silva assume piano, sintetizador, violino e programações eletrônicas. E sua estreia nos palcos ocorreu em março, em duas apresentações no Rio de Janeiro. A estreia em território paulistano será no Sónar.

Mas por que então escalar um artista tão novo? “Foi bem automático. Ouvimos o EP e resolvemos fazer essa aposta”, afirma Dub, que estava presente em um dos shows que Silva fez no Rio e garante que o garoto também é muito bom ao vivo. “Cada vez mais ele surpreende a gente.” Para Enric Palau, cofundador do Sónar, a apresentação do capixaba é uma das mais esperadas.

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Nos dois primeiros shows, além de tocar as cinco faixas do EP, Silva apresentou três músicas inéditas: “Moletom”, “Posso” e “2012”, seu próximo single. Com contrato recém-fechado com a gravadora Som Livre, o músico deve lançar no segundo semestre outro álbum, com mais faixas, também gravado de forma caseira.

Com formação erudita, Silva fugiu da influência familiar — sua mãe é professora de piano e flauta, e seu tio é pianista — ao se embrenhar na música eletrônica. Tomou contato maior com o gênero em 2009, durante a estada de um ano na Irlanda. “O Brasil tem uma educação musical muito saudosista, retoma apenas compositores antigos como Mozart, Beethoven e Bach”. Na Europa, ele passou a conhecer novos compositores, música minimalista e sua ligação com o estilo eletrônico. Por lá também teve uma experiência inusitada, que o ajudou a ganhar confiança para as futuras apresentações. Sem conseguir arranjar emprego, começou a tocar violino com alguns conhecidos em uma banda de rua. “No começo foi difícil, mas em alguns dias cada músico chegou a ganhar 350 euros.”

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