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Violoncelista nascido em Perus ganha bolsa para estudar na Áustria

Guilherme Moraes conquistou um prêmio de 60 000 reais

Por Alessandra Freitas
Atualizado em 5 dez 2016, 12h06 - Publicado em 5 set 2015, 00h00
guilherme moraes violoncelo
guilherme moraes violoncelo ( Fernando Moraes/)
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Durante o ensaio da Orquestra Jovem do Estado no auditório do Museu de Arte de São Paulo (Masp) na última terça-feira (1º), o maestro Cláudio Cruz interrompeu a execução da composição Choros Nº 6, de Heitor Villa-Lobos, em diversos momentos para corrigir seus músicos. Um dos poucos que passaram incólumes pelo “pito” foi o violoncelista Guilherme Moraes, ao atravessar os 25 minutos da peça erudita sem errar uma nota.

O desempenho não foi coincidência. Aos 18 anos, ele é considerado o destaque do grupo, principalmente após ter sido agraciado com o Prêmio Ernani de Almeida Machado, concedido em dezembro de 2014. Os 60 000 reais da recompensa serão usados para bancar os quatro anos que Moraes passará na Áustria, terra de Wolfgang Amadeus Mozart, onde cursará a graduação na Universidade Mozarteum de Salzburgo graças a uma bolsa integral conquistada em junho — ele ficou em primeiro lugar entre mais de cinquenta concorrentes do mundo inteiro. “Embarco no dia 23, mas ainda não caiu a ficha”, confessa. No próximo dia 13, ele irá realizar seu último concerto pela Orquestra, que acontecerá no espaço da Sala São Paulo

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Criado em Perus, bairro pobre da Zona Norte, o estudante é o filho mais velho do casal formado por um professor de história e uma psicopedagoga. Apaixonou-se por violoncelo aos 8 anos, quando viu um concerto transmitido pela TV. Devido ao orçamento apertado da família, teve de rodar a cidade em busca de um instrumento com preço acessível (os melhores custam mais de 5 000 reais). “Encontrei um por 1 000 reais em uma loja no centro, que minha mãe parcelou em dez vezes”, conta. Aos 10, aprovado na Escola de Música do Estado de São Paulo, percorria os 30 quilômetros de sua casa até o local, na Luz.

No próximo dia 13, ele irá realizar seu último concerto pela Orquestra Jovem, na Sala São Paulo.Aprovado neste ano em primeiro lugar no curso de músicada Universidade do Estado de São Paulo (Unesp), agora vai trocá-la pelo centro de referência austríaco.

Moraes é o destaque de uma safra de onze alunos debaixa renda da Orquestra Jovem do Estado recentemente aprovados em conservatórios no exterior. Outros exemplos são o também violoncelista Matheus Posso, 19, de Guaianazes, que será seu colega na Mozarteum, e o violinista André Lima, 21, do Butantã, com uma estada programada para Amsterdã, na Holanda.

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As conquistas são fruto de uma reestruturação ocorrida em 2012, que incluiu o reajuste da bolsa auxílio dos alunos, de 500 para 1 500 reais, e o aumento do rigor nos processos seletivos. “Queremos ajudar o Brasil atornar-se referência na música clássica”, diz o diretor artístico e pedagógico Paulo Zuben, da Organização Social Santa Marcelina, responsável pelo projeto.■

 

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