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OLÁ,

Uma seleção de hotéis que parecem casas de luxo

Conforto de hotel, com o espaço, a privacidade e a liberdade do lar, doce lar — é tendência alugar imóveis para a temporada de férias e se sentir um habitantedo local

Por Denise Bobadilha
Atualizado em 5 dez 2016, 13h46 - Publicado em 28 nov 2014, 23h00

Os primeiros a se instalar no espaço alheio foram os mochileiros, quando, há mais de dez anos, trocaram a hospedagem em albergues pelos sofás e camas extras das casas de desconhecidos. A experiência evoluiu para o intercâmbio de chaves entre viajantes — swapping houses, prática que inspirou a comédia romântica O Amor Não Tira Férias, de 2006, com Cameron Diaz e Kate Winslet trocando Los Angeles por Londres — e culminou com a criação, dois anos depois, do Airbnb, site que localiza casas ou cômodos disponíveis para hóspedes em mais de 34 000 cidades. Entre o chamado couch surfing (surfe de sofá) dos mochileiros e o aluguel de um apartamento com terraço aberto para o Coliseu, em Roma, há, claro, uma diferença de orçamento. Mas a indústria do turismo pescou que o desejo, independentemente do bolso, ainda é desfrutar uma espécie de “lar, doces férias”. Para atender um público que quer ultrapassar a previsível mordomia dos hotéis cinco-estrelas, empresas e consultores especializados passaram a garimpar imóveis ó no mínimo à altura das múltiplas estrelas ó pelo mundo. É num crescente número de sites do gênero Airbnb que se encontram uma mansão nos Hamptons para veranear em família, um bangalô em Phuket para lua de mel sem a menor possibilidade de “velas”, uma casa georgiana em Londres para se sentir Julia Roberts em Um Lugar Chamado Notting Hill. “Somos o ‘un-hotelí”, diz Greg Marsh, fundador do onefinestay.com, em 2009, com ofertas em Londres, Los Angeles, Nova York e Paris. Por “não hotel”, entenda-se, como diz Marsh, “que ninguém vai bater na sua porta às 8h53 para reabastecer o papel higiênico dos toaletes”. “Convidamos a pessoa a agir como dono do imóvel alugado ó de fato, ela o é por um período.”

O conforto doméstico ó leia-se, nas entrelinhas, não só uma excelente cama king-size, mas também privacidade – é uma das razões que movem a executiva paulistana Andréa Kats a manter, por assim dizer, uma segunda casa em Amsterdã. Ano sim, ano não, ela passa um mês do verão europeu com o flho adolescente em um apartamento alugado para a temporada num prédio do século XVII perto da Praça Leidseplein e da sala de concertos Concertgebouw, com vista para um canal. “Decidi pelo aluguel quando meu filho ainda era pequeno, para colocá-lo em contato com suas raízes holandesas”, diz. Por trás da decisão estava a possibilidade de entreter o pequeno em dias de chuva — e sem ter de dividir piscinas internas e áreas de lazer. Com o passar das estadias, Andréa encontrou os supermercados e mercearias favoritos para fazer refeições em casa sempre que quiser e assim receber amigos. “Também gosto de colocar as roupas no armário, de poder estar ‘em casa’ sem nenhuma intromissão.” Hoje, ao chegar, já tem a cozinha abastecida com itens previamente escolhidos. Wi-fi, máquina de café Senseo, lareira e outros mimos também fcam prontos no imóvel, de pé-direito alto e decoração estalando de nova. Por fim, a executiva descobriu o prazer de se sentir uma holandesa que parte em férias. De Amsterdã, ela está a menos de quatro horas de qualquer outra grande cidade europeia. Se vai passar um fim de semana em Londres, pode simplesmente fazer uma mala menor e trancar a porta.

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Achar intermediários locais facilita não só a escolha — é uma espécie de boca a boca institucionalizado dos melhores endereços. Para Andréa, foi um serviço chamado A-partment, de Amsterdã, que providenciou o aluguel. Há quinze anos, a relações-públicas Karmmita Medeiros Rosenthal abriu a InstantParis, empresa especializada em alugar ó e eventualmente intermediar a compra de ó imóveis em Paris e arredores para clientes brasileiros. “Para ficar num imóvel, o público que pode pagar pelos melhores hotéis precisa ter assegurado o espírito do serviço dos melhores hotéis”, diz. No portfólio, há, por exemplo, um loft de três dormitórios na Rue Greneta, entre as boêmias vizinhanças de Marais e Montorgueil, com 300 metros quadrados e capacidade para até oito pessoas. Por 6 990 euros por semana, é possível contar com complementos como arrumação diária, fores e frutas frescas, sala de ginástica, cinema indoor e laptop. Para efeito de comparação, a semana no Le Meurice custa 8 750 euros na suíte (para dois) de 40 metros quadrados.

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O número 1 da lista de pedidos é o cozinheiro privé. A ideia não é substituir o serviço de quarto para pedir um misto-quente às 4 da manhã, mas evitar que a felicidade desse lar provisório seja interrompida por prazeres que, repetidos dia sim, dia também, têm potencial para se tornar um trabalho — caso de cozinhar (lava-louça costuma ser artigo de primeira necessidade nesses endereços). “Começamos a disponibilizar in-house chefs nas nossas vilas”, diz Jenny Cahill-Jones, da canadense Luxury Retreats. O luxuryretreats.com, que começou discretamente em 1999, reúne casas em mais de cinquenta destinos ó os preferidos dos brasileiros, de acordo com a diretora, são a Toscana, na Itália, e as ilhas caribenhas de St. Barths e Turks and Caicos. Para assegurar que os imóveis estejam dentro dos padrões de excelência, cada endereço passa por um check list de 100 pontos e é visitado constantemente por consultores, anônimos e identifcados. Itens como vista, vizinhança, idade dos aparelhos domésticos, condições de cada cômodo e oferta de programas de lazer em locais próximos são averiguados. Isso garante, por exemplo, disponibilizar um apartamento de 213 metros quadrados, com dois dormitórios e janelas de 180 graus para o Central Park, em Nova York, configurado para receber quatro pessoas dispostas a ter um chef e um personal trainer durante as férias — ou na medida para um casal de executivos, graças a um escritório totalmente equipado. O aluguel custa 2 000 dólares por noite, o equivalente a uma diária da Park View Executive Suite do Four Seasons da cidade, com 74 metros quadrados. O imóvel, que conta com concierge exclusivo, fica em um prédio com academia e spa.

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Esse gênero de estrutura seduz, mas é a metragem quadrada que costuma determinar os viajantes de estadias mais longas. “É duro ficar num quarto de hotel por muito tempo, não importa quão chique ele seja”, diz a DJ venezuelana Eugenia Sosa, que passou férias de uma semana em um apartamento em Miami escolhido na Oasis Collections. “Chegar no fm do dia e ter espaços diferentes para se instalar — sala, cozinha, quarto — é repousante.” Eugenia praticou ioga num estúdio top da cidade e contou com dicas de um concierge para fazer compras. Mas sentiu falta de um lobby, um espaço social do hotel. Fundada em Buenos Aires em 2009, com propriedades na América Latina e em Miami, a oasiscollections.com criou um clube para integrar hóspedes e locais. Por enquanto, o espaço existe para os clientes de Buenos Aires, mas um projeto no Rio de Janeiro está em andamento. “Do ponto de vista do locador, o brasileiro demorou um pouco para se adaptar ao mercado de casas de aluguel”, diz o nova-iorquino Parker Stanberry, CEO e fundador da empresa. Do ponto de vista do locatário, não só se sentiu à vontade como se provou mais exigente do que os clientes de outras nacionalidades. Entre os itens apreciados por brasileiros estão camas gigantes, closets idem e equipamentos de última geração na sala de TV. Os estrangeiros costumam vir em grupo de amigos para apartamentos no Rio e em Florianópolis e pedem contratação de passeios e ingressos. “Durante a Copa, tivemos nossa solicitação mais inusitada: abastecer o megabar do apartamento carioca com mais de 30 000 dólares em vinhos, champanhe e destilados”, relata Stanberry.

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Redes hoteleiras estão aproveitando esse novo movimento para seduzir a clientela. Em Vail, estação de esqui no Colorado, nos Estados Unidos, uma casa de quatro dormitórios com ski in/ski out — ou seja, você pode sair esquiando direto de casa,sem precisar se transportar para uma pista — e jacuzzi ao ar livre, com vista para as montanhas nevadas, é ligada ao The Arabelle da Vail Square. Quem fica na casa pode usar os espaços do hotel, como a academia. Na casa, conta com serviço diário de limpeza e pode contratar instrutores privados de esqui e chef para elaborar um jantar com o menu favorito. Na hora de dormir, é aqui que está o encontro dos sonhos entre os dois mundos: o cliente tem a cama arrumada todas as noites, com trufas de chocolate sobre o criado-mudo, como se a própria casa fosse um hotel cinco-estrelas.

A-partments Amsterdam, servicedcorporateapartment.com, ☎ 31 (20) 620-9386

Instant Paris, instantparis.me, ☎ 33 (6) 2053-7974

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Oasis Collections, oasiscollections.com, ☎ 1 (631) 731-1677

Luxury Retreats, luxuryretreats.com, ☎ 1 (514) 393-8844

Vail Resorts, vailresorts.com, ☎ 1 (303) 404-1800

 

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