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OLÁ,

Nivaldo Rovere é o caçador de água

Radioestesista que usa varinha de madeira ou de metal para achar poços artesianos bate recorde de execução de serviços na capital

Por Fábio Lemos Lopes
Atualizado em 17 Maio 2024, 17h22 - Publicado em 20 fev 2015, 22h00
nivaldo rovere
nivaldo rovere (Adriano Conter/)
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Em tempos de crise hídrica, a sensação de muitas pessoas é que somente algum tipo de mágica pode salvar a cidade de um racionamento severo. Talvez seja por isso que vários paulistanos estão recorrendo aos serviços de Nivaldo Rovere, de 76 anos, especialista que seria capaz de encontrar poços subterrâneos apenas com a ajuda de um pedaço de madeira ou de metal. A técnica é chamada de radioestesia. Quando acionado, o profissional, que diz ter desenvolvido uma sensibilidade especial para fazer esse tipo de achado, sai a campo e faz marcações no chão assim que sente a forquilha vibrar. Isso indicaria a presença de um reservatório escondido debaixo da terra, a até 250 metros de profundidade.

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Com mais de sessenta anos de experiência no negócio, Rovere conta nunca ter trabalhado tanto como nos últimos meses e vem percorrendo com frequência recorde a distância de 88 quilômetros de Valinhos, onde mora, à capital. “Recebo quinze ligações por dia, principalmente de moradores preocupados com a falta de água”, afirma ele, que cobra entre 600 e 1 000 reais para vasculhar um terreno e promete uma margem de acerto de 90%. “Costumava marcar cinco áreas por semana. Agora, são dezoito. Belenzinho, Mooca e centro estão entre as regiões mais ricas em fontes.”

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Existem outros radioestesistas na praça, mas nenhum tão conhecido quanto Rovere. Segundo seus cálculos, ele tem no currículo mais de 18 000 poços encontrados em São Paulo e várias cidades brasileiras. Boa parte de seus clientes é formada por empresas especializadas na perfuração de poços artesianos. Mas a freguesia inclui companhias de outras áreas. Em agosto do ano passado, por exemplo, o profissional seguiu para Linhares, no interior do Espírito Santo, com a missão de vasculhar uma área da Leão Alimentos e Bebidas, uma das fábricas da Coca -Cola.

Marcou alguns pontos no terreno e, em um deles, a companhia conseguiu encontrar um poço com capacidade de produção de 250 000 litros por hora. “Foi o maior reservatório que localizei”, conta o radioestesista. Outro trabalho recente ocorreu durante a construção da Arena Corinthians. Ele esteve em Itaquera em 2012 e achou um ponto que, após perfurado, renderia cerca de 8 000 litros por hora. Devido a questões ambientais, a fonte nunca foi utilizada. A direção do estádio preferiu adotar um sistema de reutilização da água da chuva.

 

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A radioestesia é defendida pelos seus seguidores como uma sensibilidade rara a determinadas radiações emitidas por elementos naturais do solo. A forquilha, no caso, funcionaria como uma antena, que faz a conexão entre o sensitivo e essas energias. O geólogo Álvaro Rodrigues dos Santos, ex-diretor do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), afirma que é preciso ver a prática com ressalvas. “Como isso não tem nenhuma comprovação científica, existem no mercado muitas pessoas que enganam os clientes. O ideal é procurar o suporte de um hidrogeólogo, para evitar que se perfurem poços a esmo.”

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Rovere não se incomoda com esse tipo de crítico. “Muita gente ainda acha que faço bruxaria”, conta. Quando criança, ele sonhava em atuar no meiocampo do Palmeiras. Mas, como precisava ajudar nas despesas da casa, foi trabalhar aos 14 anos na Unilever. Na multinacional, conheceu um radioestesista inglês que, involuntariamente, apresentou a ele o ofício. “Eu observava toda a movimentação e, assim que o sujeito ia embora, seguia as marcações com a varinha para tentar conseguir o mesmo resultado. Essa pessoa foi meu professor, mas nunca soube.”

Com o tempo, o autodidata estudou geologia para aprimorar a técnica. A experiência fez com que aprendesse alguns macetes. De acordo com Rovere, a varinha de metal precisa ser de latão para não interferir no resultado. Já a que é feita de madeira só funciona com gravetos verdes de árvores como goiabeira e pessegueiro. “Quem utiliza um toco seco está enganando o cliente”, alerta.

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Fonte de trabalho

Alguns dados e curiosidades a respeito do profssional

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Nome: Nivaldo Rovere

Idade: 76 anos

Profissão: radioestesista

Quando começou: em 1953, observando um profissional dessa área em ação

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Instrumento de trabalho: varinha de metal ou madeira que vibra indicando o ponto exato para a perfuração do poço artesiano

Margem de acerto: seria de 90%, segundo ele próprio e alguns dos clientes

Preço do serviço: de 600 a 1 000 reais, dependendo da quantidade de marcações e da localidade

Quantos pontos com água calcula ter encontrado: cerca de 18 000 (20% deles na capital)

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Recorde: poço que produz 250 000 litros de água por hora em um terreno da Coca-Cola, em Linhares, no Espírito Santo

 

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