Site ensina passo a passo de como violentar mulheres
Página na internet é atribuída a ex-estudante de química da Unesp. Universidade apura o caso e afirma lamentar mensagens que incitam à violência
Os posts do site “tioastolfo” espantam pela violência. Neles, um passo a passo ensina como os homens devem estuprar mulheres em escolas e baladas. A página, que estava hospedada em Kuala Lampur, foi retirada do ar. Mas, ao digitar “tioastolfo.com” na barra de navegação, o internauta é levado ao blog, com conteúdo igualmente ofensivo.
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O autor se diz estudante de química da Universidade Estadual Paulista (Unesp) e afirma morar em Araraquara, no interior de São Paulo. “Neste blog, a realidade é mostrada e provada de uma maneira que você nunca viu. Todas as mentiras esquerdistas são refutadas, e nada mais sobra além da verdade, esta que faz muitos militantes sangrarem pelo c…”, escreve ele em sua descrição.
Apesar do anunciado tom feroz contra a esquerda, o que se vê nos posts são mensagens de incitação à violência contra as mulheres. Em um dos artigos, intitulado “Mulheres gostam de apanhar, otário, lide com isso”, o autor prega a violência física contra a mulher. “A mulher nasceu com mais gordura justamente por isso, para poder apanhar.”
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Na primeira postagem, em janeiro deste ano, o blogueiro chama as mulheres solteiras que tomam anticoncepcionais de vagabundas. “A utilização de anticoncepcionais por mulheres não casadas é um forte indicador de que esta seja uma vagabunda, tendo em vista que elas fazem uso da medicação pois tem diversos parceiros sexuais, fazem sexo desprotegidas e caso engravidem, não irão saber o nome do pai, o que as impedirá de pedir pensão.”
Em nota, a Unesp informou que o estudante a quem é atribuído o site cancelou a matrícula no curso de química em março deste ano. A universidade também lamentou que “o blog manifeste opiniões preconceituosas e que incitam à discriminação, à violência e a sentimentos de ódio.”
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A Unesp apura o caso para identificar o autor do blog. A instituição afirma que, caso haja envolvimento de professor, funcionário ou aluno, as punições podem variar de advertência ou desligamento. “Não sabemos ainda se foi o próprio ex-aluno ou se é um caso de bulliyng digital”, informou a universidade.
O Ministério Público de São Paulo disse que recebeu a denúncia sobre o site, mas o caso ainda está fase inicial de apuração.
VEJA SÃOPAULO conseguiu contato com a mãe do estudante a quem o site de ódio é atribuído. Ela informou que o filho tem sido vítima de crime cibernético e que o verdadeiro autor já foi alvo de outros processos. O rapaz, segundo ela, desisitiu do curso de química na Unesp e estuda atualmente em Ponta Grossa, no Paraná.
A reportagem teve acesso ao pedido de abertura de inquérito no Ministério Público do Paraná para apurar o caso. O documento foi protocolado em 24 de junho deste ano. Os apontados como os verdadeiros autores das ofensas já foram presos pela Polícia Federal em outros casos envolvendo cibercrimes.
Procurada, a PF se limitou a dizer que sites dessa natureza são monitorados, mas os detalhes não podem ser revelados para não comprometer as investigações.