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OLÁ,

Amigo tentou impedir bombeiro de voltar ao museu em chamas

Segundo relato, Ronaldo Pereira da Cruz era o único bombeiro civil trabalhando no museu no dia do incêndio

Por Larissa Faria
Atualizado em 5 dez 2016, 11h46 - Publicado em 22 dez 2015, 18h50

Antes de morrer asfixiado por fumaça no incêndio que destruiu boa parte do Museu da Língua Portuguesa na segunda (21), o bombeiro civil Ronaldo Pereira da Cruz, de 38 anos, retirou do prédio, com segurança, entre trinta e quarenta funcionários do local. Após a evacuação, o colega Antônio, da equipe de manutenção do centro cultural, tentou impedir que o brigadista voltasse ao prédio, mas ele quis encarar as chamas. Socorrido pelo Corpo de Bombeiros, Cruz morreu horas depois. 

O relato foi feito pelo próprio Antônio, no Cemitério Chora Menino, em Santana, Zona Norte, onde o corpo foi velado.

Cruz tinha 38 anos e era morador da Casa Verde, bairro da Zona Norte da capital. Segundo o amigo, o bombeiro foi um dos primeiros a perceber as chamas no primeiro andar. De imediato, enviou um aviso pelo rádio comunicador para que o prédio fosse evacuado. Todos os funcionários – que realizavam manutenção e limpeza, dia em que o museu é fechado ao público para a realização desses serviços – saíram do prédio. Cruz também deixou o lugar, mas logo falou em voltar para conter as labaredas. Antônio quis impedí-lo. “Quando menos percebi, ele havia entrado.” “Antônio era apaixonado pela profissão, dedicado, sempre se desempenhava para que o museu funcionasse corretamente.”

O bombeiro deixou a viúva Rita de Cássia dos Santos Osório Cruz, de 49 anos. No dia do incêndio, ela havia se deslocado da casa onde morava com ele, na Zona Norte, para entregar o almoço do marido no museu. Por volta das 14h, ela o encontrou e voltou para casa em seguida.

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A enteada Giulia Natany, de 17 anos, conta: “Minha mãe e o Ronaldo se conheceram na festa de uma família, há uns cinco anos. Desde esse dia ele dizia que ela era a mulher da vida dele. Insistiu nisso por uns três meses, mas ela não queria nada. Até que um dia ele foi trabalhar em um evento no Anhembi, mas ficaria longe para voltar para casa, porque ele vivia em Francisco Morato. Como nós moramos mais perto, ele veio dormir aqui em casa, e ficou de vez. No começo, eu não aceitava, mas percebi que minha mãe ia ficar velhinha sem ninguém, então eu aceitei. Depois de levar o almoço dele, voltando pra casa, minha mãe viu o incêndio pela televisão de uma padaria. Sabendo como ela era preocupada, ele teria ligado se estivesse tudo bem. Ela tentou, mas não conseguiu falar com ele. Ele estava sozinho como bombeiro civil no prédio, porque o parceiro estava no hospital com a filha.”

Membros do Corpo de Bombeiros prestaram homenagens a Ronaldo durante o velório.

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