Vinícola Urbana

Resenha por Saulo Yassuda

Quem suporia que, atrás de um portão fechado na Rua Francisco Leitão, existe uma produção de vinhos? Em 2021, o economista e entusiasta da bebida Daniel Colli montou ali a Vinícola Urbana, nos fundos de uma antiga residência. Nesse espaço de Pinheiros, são prensadas e fermentadas uvas recebidas de diferentes regiões do Rio Grande do Sul, principalmente. O mercado consumidor, por enquanto, se situa literalmente em frente: o fundador e os sócios abriram os portões discretamente um ano atrás para receber os clientes em um wine bar. As garrafas ficam expostas no interior da casa, e no pátio o público tem à disposição mesas, bancos de cimento e cadeiras. Não, não são muito confortáveis, mas os pequenos grupos e casais ali parecem não se importar. Os vinhos puxam mais para o frescor, ainda que nem todos sejam superequilibrados — altos e baixos sempre acontecerão ali, já que o local é quase um laboratório. O que se bebe hoje virá diferente na próxima temporada, com outras técnicas e blends. Para começar, tem o Branco (R$ 19,00 a taça e R$ 95,00 a garrafa), de arinto e viogner, e o pét-nat (R$ 19,00 a taça), só de viogner, de perfil frisante. Na ala tinta, podem agradar o Clássico (R$ 22,00 e R$ 110,00), 100% merlot, e o Selvagem (R$ 19,00 e R$ 95,00), de uva arinarnoa (surgida de um possível cruzamento da tannat com a cabernet sauvignon), pelo método de maceração carbônica, muito usado em Beajoulais. São melhores que o Jovem (R$ 19,00 e R$ 95,00), de tannat, duro na acidez. A melhor opção — a pinot noir (R$ 40,00 e R$ 200,00), de bom equilíbrio — faz parte da linha Pilar, mais cara e com uvas de produção própria em Cunha (SP), mas vinificada em Pinheiros. Para petiscar, vale escalar a boa tábua vegana, com caponata, duas variações de homus (feijão de corda e grão-de- -bico com beterraba), maçã verde, nozes e azeitona; R$ 54,00). Antes de ir embora, vale dar uma passada na vinícola em si. Basta pedir aos atendentes e matar a curiosidade.

Informações checadas em abril de 2024.