Kotchi

Resenha por Saulo Yassuda

O Kotchi reúne, nos Jardins, nomes de luz própria no universo etílico-gastronômico do exterior. A argentina Inés de Los santos, à frente de hits portenhos como o Cochinchina Bar (22º na lista The World’s 50 Best Bars de 2024), é a responsável pela coquetelaria. E o chef japonês radicado nos Estados Unidos Makoto Okuwa, da rede Makoto, criou o cardápio. “São (nossos) sócios”, assegura o restaurateur Luigi Cardoso, que conduz o bar de influência japonesa junto a dois empresários (ele cuida também da operação brasileira do Makoto). Aberto em outubro, o Kotchi se situa no imóvel onde funcionou o extinto Brasserie des Arts (2011-2019), outro negócio de Luigi. Tem ambiente escurinho e com pé-direito alto, que chama a atenção pelo “paredão” de discos atrás do balcão principal — num dos cantos, DJs mandam gêneros como rock, jazz e MPB. A música é um elemento sempre presente, diferente da bartender-principal e do chef-mor, que não aparecem no dia a dia. A equipe foi bem treinada para manter tudo em ordem. Os drinques autorais são pré-preparados, o que ajuda a conservar o padrão. Vale bebericar o hay frevinho (saquê aromatizado com casca de jabuticaba, destilado awamori e vermutes seco e branco com alga kombu; R$ 48,00) e o martíni de caju e tomate (gim, águas de caju e de tomate e vermute seco; R$ 48,00), bom para os fãs de dry martini, com um uso menos óbvio do caju. O samba reggae (misto clarificado e gaseificado de cachaça, cordial de capim-santo e leite de coco; R$ 58,00), porém, decepciona pela falta de sutileza na doçura. Fora da carta, vale aceitar a sugestão do bartender Leandro Fontebasso e bebericar seu ótimo rabo de galo (R$ 43,00). Não espere sushis — a marca de Makoto. Há sim um bom crudo de peixes (atum bluefin, salmão e yellowtail; R$ 97,00) e fios de pepino, palmito e salsão (um pouco fibroso, é verdade). E que tal o mochi potato (R$ 47,00), massinha de batata com farinha de arroz glutinoso, levemente pegajosa e frita como um grande churro? É cortada à mesa com tesoura pelo garçom e vem com creme de queijo azul misturado a salsa trufada (será que precisava deste último “aditivo”?). Antes de entrar, tome nota: o imóvel está escondido por um tapume na fachada, que deve ser retirado após o Carnaval, quando os bambus da entrada estiverem maiores. Tudo pela discrição. 

Informações checadas em fevereiro de 2025.