Botequim Mula Manca

Resenha por Saulo Yassuda

Os botecos chiques ou, em carioquês, pés-limpos são o tipo de bar que tende para o genérico, o mais do mesmo. Em outro espectro, podemos vê-los como endereços “de conforto”, onde não são necessárias grandes considerações para decidir o que pedir. Faz parte desse universo o Botequim Mula Manca, inaugurado em dezembro nos Jardins. A casa não traz surpresas ou novidades no menu ou no ambiente, mas tem garantido a qualidade do que entrega. O público com lá seus 40 anos (ou mais) toma chope (R$ 11,90) ou long neck (a partir de R$ 18,00) no salão avarandado do térreo — o chão, de padrão geométrico, você já deve ter visto parecido, assim como os quadrinhos com figuras que parecem extraídas de bancos de imagens — e no arejado andar de cima, mais amplo. O veterano bartender Clébio Mendes executa bem clássicos, caso do negroni (R$ 38,00). Também prepara as misturas com pegada de brasilidade da carta do consultor Dennis Oliveira. O mula brava (Aperol, rum, cachaça com mel e limão, suco de tangerina e toque de espumante; R$ 40,00) chega pomposamente no copo bojudo com gelão e minirosa. Os petiscos, ainda que com leves mexidas que tentam ir além do beabá, seguem a tradição. O bolinho de linguiça toscana, erva-doce e mix de cogumelos (R$ 34,00, cinco unidades) parece um croquete carnudo sob uma capa crocante de farinha panko (podia ser a tradicional de rosca, mas essa de flocos mais grossos virou mania no mercado). O camarão no catupiry (R$ 16,20 a unidade) traz o crustáceo meio ressecado coberto pelo queijo cremoso num invólucro grossinho da mesma farinha. Há ainda pratos maiores, como o bom picadinho de filé (R$ 56,00) com ovo no ponto desejado, arroz e pastel recheado de farofa, de deixar a boca árida — sinal de que você precisa regá-lo com o molho da carne. A casa é tocada pelo empresário Fellipe Melo Correa Barbosa e o advogado Nerivaldo Lira Alves, dupla que estreia no ramo gastronômico pisando em terreno plano. 

Informações checadas em fevereiro de 2025.