Você tem feito cinema e TV sem abandonar o teatro. É difícil organizar a agenda?
Participei de três filmes no ano passado e uma hora eles batem na tela. Novela exige uma dedicação longa e não depende tanto de mim. Mas eu me organizei para não me afastar do palco. Montei uma produtora e faço ainda minhas direções ao lado de colegas de que gosto muito. O convite para essa peça me fascinou. Foi um processo longo, dois meses de leituras, amadurecendo aos poucos. Minha personagem é a palhaça de uma família de cinco irmãs, o contraste do drama.
Cinco anos depois de ganhar o prêmio de melhor atriz no Festival de Cannes pelo filme Linha de Passe, o que mudou em sua carreira?
Cannes me deu um selo de qualidade que eu não con-quistaria com o teatro. Fiquei também mais corajosa e confiante. Se esse prêmio não tivesse vindo, eu estaria ainda com minhas peças e aulas de teatro. Eu adorava, porém agora não dá mais tempo. Pouco teria mudado. Mas o cinema faz pontes. Quem trabalha em TV vai ao cinema e quase nunca ao teatro. Então passei a ser lembrada. Foram muitas as portas abertas.
Sua bagagem teatral é valorizada na televisão?
Os diretores reconhecem quem chega ao estúdio com ideias, disposto a enriquecer o papel. Eles têm um olhar atento. Basta o ator saber se colocar. Mas em uma novela o ritmo é incessante. É impossível fazer uma pesquisa extensa. Por isso eu aprendi a respeitar quem grava mais de dez horas por dia e tira de letra um protagonista de folhetim.