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Temporada de dança reúne dezenas de espetáculos até o fim do ano em SP

Com obras inéditas e reestreias até dezembro, Teatro Alfa e Masp recebem companhias de dança nacionais e estrangeiras

Por Humberto Abdo
Atualizado em 27 Maio 2024, 21h40 - Publicado em 19 ago 2022, 06h00
Dançarina branca, magra, de cabelos escuros, curtos e cacheados, dá um rodopio no palco. Ela é vista de costas e usa um vestido amarelo esvoaçante
"Primavera", do Grupo Corpo: companhia se apresenta no Teatro Alfa (: José Luiz Pederneiras/Divulgação)
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Dezenas de espetáculos de dança movimentam a programação da capital até o fim de 2022. São obras reunidas em dois grandes eventos: a Semana Paulista de Dança, promovida pelo Masp com entrada gratuita e espetáculos no vão livre (uma novidade deste ano); e a Temporada Alfa de Dança, que desde 2004 organiza apresentações de diversos grupos nacionais e estrangeiros. “Quando criamos o festival, optamos pela dança por ser a categoria menos privilegiada da época, quando muitas instituições já trabalhavam com música clássica e teatro”, relembra o diretor de programação Fernando Guimarães. “Após esses 21 anos, a temporada já está bem mais consolidada e faz parte do nosso calendário cultural”, acredita a coordenadora de marketing Sandra Aoki.

Dançarinos vistos de cima, em ensaio. Um homem negro aparece abaixado, com uma das mãos no chão, e uma mulher branca aparece se alongando acima, de forma que não dá para ser seu rosto
Ensaio de “Lampejos”, produção inédita da Cisne Negro (Alexandre Battibugli/Veja SP)

+Cassio Scapin é Odorico Paraguaçu em versão musicada de ‘O Bem Amado’

Além de remontagens clássicas, como o tradicional Quebra-Nozes (exibido por mais de uma companhia no Natal), algumas das produções apostam em recursos em vídeo e trilhas sonoras marcantes — assinadas por nomes como Gilberto Gil e BaianaSystem, banda que estourou ao estrear no Carnaval de Salvador e tem arrastado multidões nos festivais nacionais. Confira a seguir todos os destaques desta temporada na cidade.

Temporada no Alfa

Com nove grupos participantes na 19ª edição, a Temporada Alfa de Dança reúne, todo ano, as principais produções nacionais e estrangeiras de dança clássica e contemporânea em São Paulo. De agosto a dezembro, a seleção inclui espetáculos de companhias como Balé da Cidade, Grupo Corpo e São Paulo Cia. de Dança (confira a programação completa de cada uma delas nas próximas páginas).

Dois dançarinos seguram uma dançarina no alto no palco
“Esperar o Inesperado”: estreia mundial na temporada do Teatro Alfa (Jerônimo Gomes/Divulgação)

Além dos nomes que sempre marcam presença no evento, a curadoria inclui novidades como os espetáculos Giselle (em 10 e 11/9), remontagem da Bolshoi Brasil, de Joinville, e o internacional Kosa — Between Two Mirrors (em 12 e 13/11), composta de excertos de peçsas do repertório de Sankai Juku com coreografias de Ushio Amagatsu, ambos do Japão. “Escolhemos as obras com o objetivo de trazer sempre várias vertentes da dança e as companhias mais em evidência, tanto as brasileiras como as internacionais”, explica o diretor de programação Fernando Guimarães. “Dessa vez, após dois anos complicados, decidimos fazer uma temporada bastante voltada aos nomes nacionais.”

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Diretores da temporada de dança no Teatro Alfa, um homem branco e uma senhora japonesa
Curadoria: Fernando e Sandra conduzem evento anual (Wanezza Soares/Veja SP)

Teatro Alfa. Rua Bento Branco de Andrade Filho, 722, Santo Amaro, ☎ 5693-4000. Até 18/12. Programação completa: teatroalfa.com.br/temporada2022.

Semana Paulista

Cinco dias de apresentações gratuitas nos auditórios do Masp (e, pela primeira vez, no vão livre) farão parte da 4ª Semana Paulista de Dança, com curadoria de Anselmo Zolla. Dez companhias participam do evento, criado em 2018, entre elas Studio3 Cia. de Dança, Corpo de Dança do Amazonas e o Balé da Cidade de São Paulo, que estreia o espetáculo Kadá, de Alessandro Sousa Pereira, e reapresenta Muyrakytã, concebido por Allan Falieri e repleto de saltos e saudações (ambos em 27/8, 20h).

Dançarinos se apresentam no palco com figurino em tons terrosos
“Muyrakytã”: dezesseis dançarinos integram o espetáculo (STIG/Divulgação)

O público infantil não fica de fora da programação com Presente! Feito da Gente (28/8, 11h), do grupo Balangandança. No vão livre, alguns dos destaques são para obras como De Pés Descalços (27/8, 16h), homenagem à artista Marilena Ansaldi, e Carmen (27/8, 14h30), feita pelo coreógrafo Luiz Fernando Bongionvanni. Livre

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Avenida Paulista, 1578, Bela Vista, ☎ 3149-5959. Qua. (24) a 28/8. Grátis (ingressos distribuídos por ordem de chegada). masp.org.br.

Grupo Corpo

Com 47 anos de trajetória, o grupo mineiro marca presença em todas as edições da temporada Alfa desde o início do evento. “Começamos a companhia em 1975 com um grupo de amigos”, relembra o fundador Rodrigo Pederneiras. “Eu sonhava em fazer música e estudava violão clássico, mas me conectei com a dança por acaso após assistir a um espetáculo amador. Saí completamente alucinado.”

Dançarina branca e magra faz movimentos em pé no palco. Usa um maiô e uma camiseta por cima larga, ambos em tons de bege
Caetano e Gil: homenagens na dança (José Luiz Pederneiras/Divulgação)

Neste ano, eles abrem a programação com os balés Onqotô, de 2005, e Gil Refazendo (foto), uma releitura de Gil, criado em 2019, feita para esta temporada. Ambas as montagens são homenagens a dois ídolos da MPB que completaram 80 anos em 2022: Caetano Veloso e Gilberto Gil, que também assinam as trilhas sonoras. Livre.

Teatro Alfa. Rua Bento Branco de Andrade Filho, 722, Santo Amaro, ☎ 5693-4000. Sex. (19), 20h30. Sáb. (20), 20h. Dom. (21), 18h. R$ 50,00 a R$ 200,00. sympla.com.br.

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+Grupo Corpo abre a Temporada de Dança do Teatro Alfa com homenagens a Gil e Caetano

São Paulo Cia. de Dança

Entre obras clássicas e contemporâneas, o repertório da companhia já foi visto por mais de 900 000 espectadores desde sua criação, em 2008. “Hoje temos 32 bailarinos, além da equipe técnica, e já pudemos visitar dezoito países em turnês internacionais”, relembra a diretora Inês Bogéa. Três obras, duas delas inéditas, estreiam na Temporada Alfa de Dança e serão apresentadas em sequência, em todas as sessões: Partita, terceira criação de Stephen Shopshire feita para a companhia; Ibi — da Natureza ao Caos, montagem inédita de Gal Martins; e Odisseia, de 2018, coreografada por Jöelle Bouvier.

Dançarina no meio do palco, em movimento com os braços para cima. Usa vestido vinho reto e comprido e está rodeada por outros dançarinos que elevam panos brancos
“Odisseia”: coreografia de Jöelle Bouvier (Rodolfo Dias Paes/Divulgação)

Em setembro, o grupo ainda estreia duas produções na Sala São Paulo com participação da Orquestra Sinfônica de São Paulo: Di, de Miriam Druwe, e a primeira montagem de Juliano Nunes, ainda sem título (15 a 18/9). “Para os próximos anos, quero continuar trazendo uma nova geração de coreógrafos para colaborarem conosco e cada vez mais revelar no palco o mundo em que vivemos”, completa Inês. Livre.

Teatro Alfa. Rua Bento Branco de Andrade Filho, 722, Santo Amaro, ☎ 5693-4000. 27/8, 20h. 28/8, 18h. R$ 50,00 a R$ 120,00. sympla.com.br.

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Cisne Negro Cia. de Dança

O grupo liderado por Dany Bittencourt participa da temporada no Teatro Alfa com duas produções novas, apresentadas em sequência: a estreia mundial de Esperar o Inesperado, da dançarina americana Maria Caruso, e Lampejos, da bailarina brasileira Andressa Myasato, cuja estreia nacional acontece primeiro no Sesc Santo Amaro, em setembro. “Andressa é ex-bailarina da companhia e entrou sem muita base, mas meu pai, que administrava o espaço, percebeu seu talento na época”, conta Dany. “Quando chegamos a este ano, coloquei na cabeça que ela precisava coreografar para nós.”

Para o fim do ano, a Cisne Negro mantém a tradição de apresentar o Quebra-Nozes, dessa vez com solistas do Royal Ballet (também no Teatro Alfa, de 9 a 18/12) e com Ana Botafogo acompanhada por solistas convidados (Teatro Santander, 21 a 23/12). Livre.

Lampejos: Sesc Santo Amaro. Rua Amador Bueno, 505, Santo Amaro, ☎ 5541-4000. De 24/9 a 1º/10. Sex., 21h. Sáb., 20h. Dom., 18h. R$ 30,00. sescsp.org.br. Lampejos + Esperar: Teatro Alfa. Rua Bento Branco de Andrade Filho, 722, Santo Amaro, ☎ 5693-4000. 29 e 30/10. Sáb., 20h. Dom., 18h . R$ 50,00 a R$ 120,00. sympla.com.br.

Balé da Cidade

Além de Adastra, criação de 2015 do catalão Cayetano Soto (que também assina os figurinos e o desenho de luz), o Balé da Cidade participa da temporada no Teatro Alfa com um projeto inédito encabeçado pela diretora Cassi Abranches e pela banda soteropolitana BaianaSystem. “Para mim, dança é como ‘música vista’”, descreve Cassi, que ainda faz mistério sobre os detalhes do espetáculo, previsto para novembro. “Quando disse isso para o Russo (Passapusso, membro da banda), ele ficou doido com a proposta e concordou.”

Dois dançarinos no palco. Um suspense o outro pelas costas
“Adastra”: produção assinada pelo catalão Cayetano Soto (Clarissa Lambert/Divulgação)
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Cassi assumiu a direção do grupo em setembro do ano passado e comanda os 34 bailarinos do time, que hoje ensaiam em uma escola de Moema. “Já ensaiamos em vários lugares e estamos tentando equilibrar os pratos porque nossa sede está fechada enquanto esperamos respostas que dependem de outras instâncias”, diz. No próprio Teatro Municipal, o grupo ainda apresenta as obras Sixty-Eight e Inacabada, com as coreografias de Alejandro Ahmed e Ihsan Rustem, respectivamente.

Sixty-Eight e Inacabada (18 anos): Teatro Municipal. Praça Ramos de Azevedo, s/nº, Centro, ☎ 3053- 2100. De 2 a 11/9. Diversos horários. R$ 10,00 a R$ 80,00. theatromunicipal.org.br.

Adastra (Livre): Teatro Alfa. Rua Bento Branco de Andrade Filho, 722, Santo Amaro, ☎ 5693-4000. De 18 a 20/11. Sex., 20h30. Sáb., 20h. Dom., 18h. R$ 50,00 a R$ 120,00. sympla.com.br.

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Ballet Paraisópolis

Ao completar dez anos, a companhia, formada por dezoito bailarinos, ensaia para estrear obras na capital e no estado de São Paulo neste semestre. “Por sermos um grupo jovem, acho que aos poucos vamos conseguir entrar cada vez mais no circuito das companhias profissionais, mas sempre fui recebida por todos com muito carinho”, conta a diretora Monica Tarragó.

Dançarinos jovens em fila, uns atrás dos outros, com a cabeça e os braços voltados para trás. Cada um usa uma roupa de uma cor diferente
Cena de “Bando”, espetáculo apresentado pelo Ballet Paraisópolis em julho deste ano (Marcos Alonso/Divulgação)

Com ensaios e aulas de ioga, balé, pilates e danças populares, os integrantes também aguardam ansiosos pela inauguração de um 3º andar construído na sede. “No começo do projeto, os pais dos bailarinos não acreditavam que essa poderia ser uma carreira, mas hoje já entendem porque a maioria chega em casa com um salário razoável para alguém de 18 anos, por exemplo.” A programação na capital inclui o espetáculo La Fille, em dezembro, com todos os membros do balé no CEU Paraisópolis. Livre.

Rua Doutor José Augusto de Souza e Silva, s/nº, Jardim Parque Morumbi, ☎ 3747-1950. 10/12, 16h. Grátis.

Companhia de Dança Deborah Colker

Direto do Rio de Janeiro, Deborah Colker reencena em São Paulo o espetáculo Cão sem Plumas, adaptado a partir de um poema escrito em 1950 por João Cabral de Melo Neto e vencedor do Prix Benois de la Danse, considerado o “Oscar da Dança”. “O contexto é extremamente atual, pois fala sobre o descaso com os rios e ribeirinhos no Brasil”, resume a dançarina e fundadora da companhia que leva seu nome. “É um espetáculo indignado sobre o inadmissível, o que não deveria existir.”

Dançarinos se apresentam no palco. Usam figurino que parece roupa colocada à pele, em tons de marrom e preto. O cenário é composto por linhas de tecido no mesmo tom, que atravessam o palco do chão ao teto
“Cão sem Plumas”: adaptação de poema dos anos 1950 (CAFI/Divulgação)

Com cenas filmadas pelo cineasta pernambucano Cláudio Assis, a apresentação inclui projeções no fundo do palco que dialogam com os bailarinos a cada movimento. “Eu brinco que é um 4D porque tem poema, cinema, música e dança.” A próxima empreitada, prevista para 2023 ou 2024, deve destoar dos seus últimos trabalhos. “Vou dirigir minha primeira ópera e pretendo passar dois meses na Escócia para prepará-la.” Livre.

Teatro Alfa. Rua Bento Branco de Andrade Filho, 722, Santo Amaro, ☎ 5693-4000. De 28/9 a 2/10. Qua. a sex., 20h30. Sáb., 20h. Dom., 18h. R$ 50,00 a R$ 200,00. sympla.com.br.

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>> Espetáculos e atividades

1. Ballroom Festival

Inspirado nas batalhas de dança moderna criadas pela comunidade LGBTQIA+ de Nova York, o evento terá o folclore brasileiro como tema e Pambeli Cazul como DJ da noite. 16 anos.

Centro Cultural São Paulo — Sala Adoniran Barbosa. Rua Vergueiro, 1000, Liberdade, ☎ 3397-4002. Dom. (21), 16h. Grátis (retirar ingressos com uma hora de antecedência).

2. Kodon

A partir de pesquisas da Cia. Fankama Obi, o espetáculo faz uma releitura dos Balés de Guiné e aborda temas como ancestralidade e diáspora negra. Livre.

Sesc Santo Amaro. Praça Coberta. Rua Amador Bueno, 505, Santo Amaro, ☎ 5541-4000. 27/8, 17h. Grátis (sem retirada de ingressos).

3. Vivência de Dança Afro com Solange Ferreira

Dinâmica conduzida pela coreógrafa e bailarina com ritmos oriundos da capoeira, do maracatu e do samba de roda. 14 anos.

Centro Cultural São Paulo — Sala de Ensaio 1. Rua Vergueiro, 1000, Liberdade, ☎ 3397-4002. Sáb., 14h/17h. Até 24/9. Grátis. Inscrições pelo site: centrocultural.sp.gov.br.

4. O Quebra-Nozes

Remontagem de Márcia Haydée feita para a São Paulo Companhia de Dança. Livre.

Teatro Sérgio Cardoso. Rua Rui Barbosa, 153, Bela Vista, ☎ 3882-8080. 1º a 4/12 e 8 a 11/12. Qui. e sex., 20h. Sáb., 16h e 20h. Dom., 17h. R$ 45,00 a R$ 70,00. teatrosergiocardoso.org.br.

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Publicado em VEJA São Paulo de 24 de agosto de 2022, edição nº 2803

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