Primeira edição do SP Open reúne gerações do tênis feminino no Parque Villa-Lobos; veja destaques
Bia Haddad lidera evento internacional que promete agitar o calendário esportivo da capital, reunindo atletas de todo o mundo e atrações para fãs do esporte

Diferentes gerações do tênis feminino brasileiro e fãs do esporte se encontrarão no Parque Villa-Lobos, no Alto de Pinheiros, a partir deste sábado (6), para a primeira edição de um torneio mundial que promete agitar o calendário paulistano nos próximos anos: o SP Open.
Recém-criada, a competição da categoria WTA 250 — que substitui os chamados Torneios Internacionais — é o primeiro degrau do circuito profissional, mas permite a jogadoras de menor ranking competir contra tenistas de alto nível. E já mostra sua força: os ingressos da quadra principal se esgotaram em duas horas.
Os nove dias de evento serão preenchidos por jogos eliminatórios e ativações temáticas, que buscam oferecer uma experiência completa aos fãs. A vencedora somará 250 pontos à sua classificação e embolsará mais de 1,5 milhão de reais.

O torneio marca o retorno da WTA a São Paulo após 25 anos e faz parte de um projeto que busca recolocar a capital no circuito oficial do tênis no Brasil — hoje liderado pelo Rio de Janeiro, que sedia o torneio masculino Rio Open. A competição chegou a ter edições femininas entre 2014 e 2016, mas foram “descontinuadas por questões estratégicas”, segundo Marcia Casz, diretora-geral do aberto carioca e agora também à frente do SP Open. “Sempre foi nosso desejo voltar a fazer esse torneio, e achamos que agora era o momento ideal”, conta Casz.

A escolha por São Paulo, segundo ela, foi natural: a cidade concentra o maior número de fãs da modalidade e é o berço de grandes nomes nacionais, como Bia Haddad Maia e as medalhistas olímpicas Luisa Stefani e Laura Pigossi.
A novidade surfa ainda na onda de uma popularidade inédita do tênis no país. Em 2021, 2 600 000 brasileiros praticavam o esporte. Em 2024, o número cresceu para impressionantes 4 100 000, de acordo com o relatório global produzido pela Federação Internacional de Tênis (ITF, na sigla em inglês). Desses jogadores, 45,1% são mulheres.
Por trás do fenômeno está o sucesso da paulistana Bia Haddad, que deixou os brasileiros vidrados na televisão com sua participação nas semifinais de Roland Garros, o campeonato francês, em 2023, e sua escalada ao número 10 do ranking mundial. Foi a segunda brasileira na história a galgar tão alto patamar — a primeira foi sua conterrânea, Maria Esther Bueno (1939-2018), considerada uma das maiores tenistas do século XX.
Encontro de gerações do tênis feminino
A atual número 1 do Brasil estará presente no SP Open com altas chances de chegar ao pódio — ela é a participante mais bem colocada no ranking mundial, ocupando o 22º lugar. “Uma das coisas que mais têm me motivado ultimamente é jogar esse torneio em casa, perto da minha família e dos amigos. Fico feliz de estar próxima das jogadoras mais novas, para seguirmos lutando para que o tênis brasileiro tenha cada vez mais meninas competindo”, conta Bia.
Inspiradas por ela, jovens tenistas têm brilhado internacionalmente e também estarão no elenco do torneio paulistano. É o caso de Nauhany Silva e de Victoria Barros, ambas com 15 anos, que ingressaram no torneio como wildcards, convites feitos pela organização do evento.

“Jogar o SP Open será uma experiência única na minha carreira até aqui. Quero aproveitar ao máximo essa semana, aprender com as jogadoras que já são profissionais, observar a rotina delas e colocar em prática tudo o que venho treinando”, conta Nauhany, conhecida como Naná. A jovem paulistana, que disputa um WTA 250 pela primeira vez, está especialmente empolgada para o evento porque treina no Parque Villa-Lobos desde pequena. “Considero minha casa”, revela.
Além de Bia e das duas jovens atletas, a lista de representantes brasileiras inclui Luisa Stefani e Laura Pigossi, dupla medalhista de bronze na Olimpíada de Tóquio 2020, além de Ingrid Martins, Carolina Meligeni Alves, Ana Candiotto, Luiza Fullana e Pietra Rivoli. Entre as apostas internacionais estão nomes como a jovem filipina Alexandra Eala, a mexicana Renata Zarazúa e a argentina Solana Sierra.
Confira os destaques da edição
Alexandra Eala

A filipina de 20 anos foi aluna de Rafael Nadal e chamou a atenção do mundo no WTA 1000 de Miami deste ano, quando fez uma impressionante campanha até as semifinais do torneio. A tenista, que foi a campeã do US Open juvenil em 2022, hoje ocupa a posição 75 no ranking.
Bia Haddad Maia

Grande promessa brasileira, a paulistana de 29 anos ocupa a posição 22 no ranking mundial de tênis feminino. Em 2023, quando foi semifinalista em Roland Garros, atingiu o 10º lugar. Vai lutar pelo quinto título WTA de sua carreira.
Renata Zarazúa

A mexicana mais bem ranqueada no WTA tem 27 anos e ocupa a posição 84. Em agosto deste ano, ganhou destaque após derrotar Madison Keys, número 6 do mundo, na primeira rodada do US Open, após duelo de mais de três horas.
Solana Sierra

Atual 74 do ranking mundial, a argentina de 21 anos fez história em 2025 ao chegar às oitavas de Wimbledon após ingressar como lucky loser — atleta que se qualifica somente devido à desistência de outro participante.
Para todos os públicos
Um dos pilares da organização do evento é a democratização do acesso ao esporte. Os dois primeiros dias, sábado (6) e domingo (7), dedicados à fase qualificatória, terão ingressos gratuitos. Já nas demais rodadas, o torneio lançou entradas a preços populares — o ground pass, que dá acesso à estrutura do parque e às transmissões em telão, por valores entre 30 e 50 reais. “Queremos ver a cena do tênis cada vez mais forte e o esporte também cada vez mais acessível”, aponta Casz.
“Nosso objetivo é que o torneio vá além do tênis. O esporte é a espinha dorsal, mas queremos transformá-lo também em um festival de entretenimento”, complementa a diretora. Além dos jogos, o torneio contará com ativações de marcas parceiras e estandes de gastronomia de estabelecimentos como LosDos Cantina, Da Mooca Pizza Shop e Cenouradas, além de bares e loja de produtos oficiais.
“A América do Sul merece ter esse torneio, e o Brasil, principalmente”, declara Bia Haddad. “Ele veio para ficar”, garante Casz, que firmou um contrato de três anos com o parque. O jogo está só começando.
Publicado em VEJA São Paulo de 5 de setembro de 2025, edição nº2960.