Exposição de fotografias revela a São Paulo do passado
Obras de Militão Augusto de Azevedo exibem a cidade no período pré-industrialização
Se durante todo o século XX São Paulo serviu de inspiraçãopara várias gerações de fotógrafos talentosos, a exemplo deThomaz Farkas, German Lorca, Cristiano Mascaro, JuanEsteves e Tuca Vieira, o principal responsável foi Militão Augusto de Azevedo (1837-1905). Esse grande pioneiro tem aretrospectiva A Cidade Desaparecida exibida na Casa daImagem, espaço vizinho ao Pátio do Colégio e reinaugurado há um ano depois de passar por uma restauração — em paralelo, a Cosac Naify acaba de lançar um livro sobre o artista (216 páginas, R$ 66,00).
Organizada por Henrique Siqueira e Monica Caldiron, a montagem amealha oitenta imagensclicadas de 1862 (ou seja, 150 anos atrás, daí a efeméride) a1887. Trata-se de um adorável passeio pela história, em direçãoa um lugar então ocupado por somente 30.000 habitantes, quase todos morando em casas feitas de taipa de pilão distribuídas por cerca de cinquenta vias.
Nascido no Rio de Janeiro, Militão veio à capital paulista como ator e cantor lírico da Companhia Dramática Nacional. Para sustentar a mulher e o filho pequeno, abriu um estúdio fotográfico, no qual se dedicou sobretudo aos retratos. Estima-se que tenha registrado mais de 12.000 deles, embora não haja nenhum na mostra. Esta se concentra nas paisagens.
Cenários do centro antigo surgem vazios, em um silêncio impressionante, principalmente se pensarmos no contraste gritante com a megalópole de nossos dias.Entre eles aparecem as ruas do Carmo e Direita, além dos largos São Francisco e da Sé. Aos poucos, o progresso começa a tomar conta da província. Ganham força os estabelecimentos comerciais, e as pessoas começam a passar mais tempo no espaço público,trajando chapéus e ternos elegantes.
AVALIAÇÃO ✪✪✪