Não é sempre que se vê um Beatle de perto. Por isso mesmo, a plateia do Credicard Hall gritava e assoviava diante de qualquer movimentação no palco na noite da última terça (29). E foi assim até Ringo Starr & His All-Starr Band ocuparem suas posições sob os holofotes e darem início, às 21h45, com quinze minutos de atraso, é fato, a uma festa nostálgica de cerca de duas horas.
+ Confira o clipe Queenie Eye, de Paul McCartney
Recepcionado por câmeras e celulares em riste, o baterista britânico cantou Matchbox (Carl Perkins), It Don’t Come Easy e Wings antes de correr para sua bateria lá atrás, montada em uma plataforma elevada, ao centro do cenário. Passada a euforia, o público de 4 000 pessoas pôs-se, então, a dançar.
A relação de Ringo com a banda é de se admirar. Ao longo do show, os seletos músicos se revezavam nos vocais e em solos instrumentais. Formada em 1989, a All-Starr Band reúne gente experiente, que já fez sucesso em bandas de rock clássico muito tocadas nas rádios mundiais nas últimas décadas. A formação atual tem, por exemplo, o baixista Richard Page, que tocou na banda Mr. Mister (no show, ele cantou o hit Broken Wings), o tecladista Greg Rollie, parceiro de Santana, e o guitarrista Steve Lukather, do Toto, lembrada ali pelas faixas Rosanna e Africa.
Apesar de envolvidos pela energia e entrosamento dos músicos, ninguém escondia a excitação de ver Ringo deixar a bateria e tomar o microfone para cantar algumas poucas e boas de sua carreira solo (Anthem e Photograph, por exemplo), nem mesmo a ansiedade por ouvir canções dos Beatles.
E elas vieram, pouco a pouco. Teve Don’t Pass Me By (a primeira canção que escrevi, anunciou Ringo), Yellow Submarine (com direito a chuva de papel picado e balões amarelos e azuis), I Wanna Be Your Man, Act Naturally (um cover de Buck Owens feito pelos Beatles) e, por fim, With a Little Help from My Friends. A esta última, emendou-se o refrão de Give Peace a Chance (“dê uma chance a paz”). Tudo a ver com o cenário hippie e com o símbolo de paz e amor estampado na camiseta de Ringo.
Modestas, as apresentações de Ringo não se comparam aos mega shows de Paul McCartney, que lota estádios mundo afora, mas em nada perdem nos quesitos carisma e emoção. Em plena forma, o músico de 73 anos cantou e tocou como na juventude. Cheio de vigor, dançou e pulou, colocou em uma das mãos um anel que ganhou de uma fã, leu em voz alta os cartazes com declarações de amor, agradecia a todo momento a presença de todos.
Em sua segunda visita ao Brasil (a primeira foi em 2011, com seis apresentações), Ringo Starr passa ainda por Curitiba, nesta quinta (31).